sábado, 3 de outubro de 2009

A emergência de grandes mulheres e o desaparecimento do resto!

Vem a propósito o papel crescentemente relevante que as mulheres vão assumindo por toda a parte e em vários níveis da vida e a forma solitária como algumas seguem o seu caminho.
A Revista Fortune elegeu Maria da Conceição Ramos como a 9ª mulher mais influente de todo o mundo empresarial. É a actual directora executiva do grupo bancário sul-africano ABSA.
As mulheres já podem engrossar as fileiras da Guarda Suíça - o exército, até agora exclusivamente masculino - que protege o Papa.
4 procuradoras marcam a vida judicial portuguesa: Cândida Almeida, a primeira mulher portuguesa a entrar para a magistratura e que, hoje, dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que coordenou a 'Operação Furacão' e o caso Freeport; Maria José Morgado, directora do DIAP de Lisboa; Hortênsia Calçada que deixou a liderança do DIAP do Porto e foi substituída por Maria do Céu Sousa, por fim, Francisca van Dunem, à frente da procuradoria-distrital de Lisboa. Todas igualmente fortes e invulgares!
Do resto do mundo, Indra Nooyi, CEO da Pepsi Co - até aqui tida como a mulher mais poderosa do mundo pela Forbes - foi ultrapassada por Ângela Merkel, chanceller da Alemanha, que ocupa agora o número 1, e até por Sheila Bair, chairman da Federal Deposit Insurance Corp. O 4º lugar é ocupada por Cynthia Carroll, CEO da Anglo American (Reino Unido), no 5º está Ho Ching, CEO da Temasek (Singapura), e no 6º está Irene Rosenfeld, CEO da Kraft Foods (Estados Unidos).
Está no ar a pergunta: o que torna estas mulheres importantes? Fica por apurar, mas uma coisa se constata, um traço que é comum a algumas - a solidão, resultante, não tanto da força e do empenho e até do tempo que dedicam aos seus caminhos pessoais, mas mais da dificuldade que os homens parecem demonstrar em coabitar com esta tribo de matriarcas sociais.
E em Portugal? Afasto Manuela Leite que já não concorre a lugar nenhum (quero acreditar nisso, tanto mais que "correr" ao que quer que fosse ser-lhe-ia muito dificil, pelos motivos óbvios! e refiro-me somente à idade). Mas lembro mulheres como a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, ou Elisa Ferreira, candidata à Câmara do Porto, ou Fátima Campos, presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão, ou Teresa Caeiro ou Edite Estrela, são já uma marca política; Maria Belo, na defesa do feminismo, foi-o também (minha madrinha do coração); no mundo empresarial, pense-se em Ana Maria Fernandes, CEO da EDP Renováveis, em Esmeralda Dourado, presidente da SAG ou em Vera Pires Coelho, presidente da Edifer, ou, a minha amiga do peito, Ana Bela Pereira da Silva, Presidente da Associação de Mulheres Empresárias.
Se os custos de uma carreira empenhada custam a solidão das guerreiras, parece que muitas estão dispostas a pagar esse preço! Mesmo que a realização profissional não chegue para aquecer as noites gélidas do Inverno e por vezes lhes reste o eco e o espelho como reflexo de outra alma humana em casa. É duro! Mas é um caminho! E, se ao longo da história houve sempre grandes mulheres dispostas a ficar "por detrás" de grandes homens, parece que a estes lhes falta a coragem para trocar de papel! E, caso sejamos tão idealistas que ainda acreditemos que homem e mulher devem caminhar lado a lado, comungando um mesmo projecto de vida, ou simplesmente, partilhando-a, somos levadas a desistir! A outra metade da laranja deve estar nos Antípodas! Somos vetadas à eterna busca do nosso Santo Graal, a força dentro de nós, sem olhar para trás, sob pena de continuarmos sozinhas, mas como a mulher de , feitas estátuas, a perder a hipótese de viver e de nos sentirmos gente!
E agora que se descobrem cada vez mais grandes mulheres, onde estão os pequenos grandes homens? Ou melhor, refaço a frase, ainda há espécimes desses por aí?