Confesso que não sou admiradora literária da Margarida Rebelo Pinto, mas admito que, de vez em quando, lhe passam laivos de uma lucidez devastadora e com os quais me ponho já em lógica de acordo. A propósito da minha tendência para ter amigos, no masculino, e poucos, no feminino, parece que afinal o mesmo ocorre com ela e que é tendencialmente mais comum. Vou conhecendo mais umas quantas que mantém "uma espécie de harém casto que é gerido com sabedoria e amizade." Mas isto só acontece com determinado tipo de mulheres. Geralmente independentes, pouco feitas à duplicidade das práticas conjugais e resistentes a impulsos e jugos masculinos. Têm uma vida profissional cheia e são pouco dadas à vocação doméstica. O harém inclui relações antigas que se foram convertendo em amizades, fraternidades e cumplicidades que nunca pisaram o risco interfronteiriço entre os sexos.
E porque será que vamos preferindo ter amigos homens? Primeiro, porque, ao contrário do que acontece com os homens," têm mais dificuldade em encontrar um grupo coeso, a irmandade da qual os homens tanto se orgulham."
Somos, ao contrário do que se diz e pensa, mais individualistas e mais competitivas em termos afectivos do que os homens, e, por isso, acabamos por sentir mais a solidão. Os homens operam pela lógica de grupo, estão mais habituados à convivência (a jogar/a ver futebol), movimentam-se em bandos e, mesmo depois constituirem família, escapam com frequência para se juntarem, de novo, à manada - o seu porto seguro. As mulheres-mães, quando os filhos chegam, arrogam o (estúpido) mito de que são melhores do que os pais, abdicam do passado, das velhas amigas e reduzem-se a esse papel. Mas é uma pena que desconheçam a importância de ter amigos-homens, tipos com quem se mantém "uma amizade límpida e reparadora. Alguém que nos conhece bem, a quem não precisamos de fazer charme, que já nos viu chorar algumas vezes, que partilha as nossas vitórias e nos oferece ombro e companhia nos momentos mais áridos das nossas vidas." E enquanto os homens procuram o conforto em conversas curtas, ali algures entre a quarta e a quinta imperial, as mulheres preferem muitas vezes uma companhia masculina que lhes explique como funciona o cérebro masculino e nos faz sentir interessantes e atraentes, sem nos porem a mão na perna. "Os bons amigos homens são tão importantes na vida de uma mulher como um bom advogado, um bom contabilista ou um bom cabeleireiro. Sem eles, a nossa vida seria infinitamente mais difícil. Mas para que essa amizade não se estrague, há que separar as águas e deixar o sexo de fora." Acredito em sólidas e perpetuáveis amizades - a preto e branco - e não caio em modas de "amizades coloridas." Confesso que acho que "o tempo tende a esbater as cores" e que "há misturas que acabam quase sempre por correr mal." "É tão arriscado como experimentar sardinhas com chantilly." Diz. Parece-me bem a analogia. Até porque bem pode ser uma questão de fel-mel, ou amargo-doce.
E porque será que vamos preferindo ter amigos homens? Primeiro, porque, ao contrário do que acontece com os homens," têm mais dificuldade em encontrar um grupo coeso, a irmandade da qual os homens tanto se orgulham."
Somos, ao contrário do que se diz e pensa, mais individualistas e mais competitivas em termos afectivos do que os homens, e, por isso, acabamos por sentir mais a solidão. Os homens operam pela lógica de grupo, estão mais habituados à convivência (a jogar/a ver futebol), movimentam-se em bandos e, mesmo depois constituirem família, escapam com frequência para se juntarem, de novo, à manada - o seu porto seguro. As mulheres-mães, quando os filhos chegam, arrogam o (estúpido) mito de que são melhores do que os pais, abdicam do passado, das velhas amigas e reduzem-se a esse papel. Mas é uma pena que desconheçam a importância de ter amigos-homens, tipos com quem se mantém "uma amizade límpida e reparadora. Alguém que nos conhece bem, a quem não precisamos de fazer charme, que já nos viu chorar algumas vezes, que partilha as nossas vitórias e nos oferece ombro e companhia nos momentos mais áridos das nossas vidas." E enquanto os homens procuram o conforto em conversas curtas, ali algures entre a quarta e a quinta imperial, as mulheres preferem muitas vezes uma companhia masculina que lhes explique como funciona o cérebro masculino e nos faz sentir interessantes e atraentes, sem nos porem a mão na perna. "Os bons amigos homens são tão importantes na vida de uma mulher como um bom advogado, um bom contabilista ou um bom cabeleireiro. Sem eles, a nossa vida seria infinitamente mais difícil. Mas para que essa amizade não se estrague, há que separar as águas e deixar o sexo de fora." Acredito em sólidas e perpetuáveis amizades - a preto e branco - e não caio em modas de "amizades coloridas." Confesso que acho que "o tempo tende a esbater as cores" e que "há misturas que acabam quase sempre por correr mal." "É tão arriscado como experimentar sardinhas com chantilly." Diz. Parece-me bem a analogia. Até porque bem pode ser uma questão de fel-mel, ou amargo-doce.