tag:blogger.com,1999:blog-72932171190409380472024-03-05T02:30:28.204-08:00a perscrutadora:(compass)adamente a (esquadr)inhar!a perscrutadora: (compass)adamente a (esquadr)inhar!
"Com que fria esquadria e vão compasso Que invisível Geómetra regrou As marés deste mar de mau sargaço — O mundo fluido, com seu tempo e espaço, Que ele mesmo não sabe quem criou?" - Fernando Pessoa
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comBlogger994125tag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-61891719276259437602015-01-21T01:41:00.002-08:002015-01-21T01:41:34.462-08:00Gralhas impensáveis - ou de como a incompetência é contagiosa!<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O Decreto-Lei 9/2015, de 15 de Janeiro é um tratado de incompetência ilustrativo dos "bons" critérios de apadrinhamento de malta sem capacidade técnica e, como sempre aconteceu na velha escola, às quais se abriu as portas de um qualquer gabinete por distracção [muitas vezes são os(as) próprios(as) a(s) distracção(ões)] ou vulgo "cunha". No diploma, confere-se aos passageiros dos transportes rodoviários uma série de regalias que só levam à risada depois do primeiro café da manhã. Por exemplo, viajar sem título de transporte. Mais, durante as viagens em transportes rodoviários deve (não é pode, é deve!) deitar objectos pela janela fora, pedir esmola (será que a intenção é a de que o montante reverta a favor do Estado?), sair ou entrar do veículo em andamento ( comecem já a treinar, porque não é fácil...) e colocar os pés em cima dos estofos do vizinho da frente. Se não cumprir estes e outros "deveres" fica sujeito a uma coima. A isto junte-se a desmaterialização de crianças até aos 4 anos (artº 10º) que "as crianças de idade até quatro anos viajam gratuitamente, desde que não ocupem lugar". (!?)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Este pessoal dos gabinetes está cada vez mais impreparado para as tarefas técnicas que supostamente lhe cabe. É a incompetência de quem está acima reflectida em baixo. Malgrado, o critério para escolher esta malta continua a ser o cartão do partido ou outra das armas ao dispor, e escusam os socialistas de tentar passar ao lado da questão já que fazem rigorosamente o mesmo quando estão empoleirados. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Já virá a desculpa das gralhas, mas entretanto, como o diploma entrou em vigor no dia 16, - se alguém se lembrasse disto a ver no que dava ... como multar? como sancionar? como julgar? é a lei que vigora desde o dia 16! - desde viajar à borla a fazer dos transportes um parque infantil ou um filme de terror se alguém se lembrar disso, vai ser uma curiosidade terceiro mundista tipica da selva urbana. Gralhas à parte, Passos Coelho, a ministra Marilú e o inefável Aníbal são os responsáveis pelo "gra(e)lhado". Os primeiros publicam qualquer coisa que lhes interesse para português ver em período pré-eleitoral. O segundo assina qualquer coisita, desde que não seja sobre o caso BPN. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A quem precisa de uma boa risada, aproveite a leitura deste miminho de incompetência flagrante. Imbecis como estes será dificil de imitar numa próxima governação. Única razão para uns quantos entenderem que o PS é uma alternativa. Mas que se precisava de uma alternativa séria, lá isso precisava-se. Até lá, diplomas como este vão fazendo o in(v)ferno do nosso descontentamento. AM</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-51547998753581657792015-01-05T07:18:00.000-08:002015-01-05T07:18:09.221-08:00Isabel Moreira pronuncia-se sobre o stalking [a perseguição de "incómodos" insistentes]<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCXsBWG7aKV-XdckPuQQ9vK9R6xuxgyGcGeojUIa1KaO5KCo_0WhTgXWW9TduBjTl-EJy2h1Ob9NbQ6qYgabuWBPvQAwgFnQv4kzcnYlihIO9SS5-2dx65G81gxk8dWHFjS8t3-p3IhNH/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCXsBWG7aKV-XdckPuQQ9vK9R6xuxgyGcGeojUIa1KaO5KCo_0WhTgXWW9TduBjTl-EJy2h1Ob9NbQ6qYgabuWBPvQAwgFnQv4kzcnYlihIO9SS5-2dx65G81gxk8dWHFjS8t3-p3IhNH/s1600/1.jpg" height="140" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Sou primeira signatária de um dos projetos de lei (pl nº 659/XII/4ª) em discussão na especialidade que criminaliza a “perseguição”, tradução consensualmente tida por mais correta para o termo que encontramos na Convenção de Istambul (Stalking).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não é verdade que Portugal tenha acordado para o drama da violência de género em 2014. O contributo da Convenção de Istambul (CI) para esse drama, obrigando os Estados a fazerem muito mais do que alterarem o Código Penal (infelizmente há quem se esqueça disto, mas não as organizações de defesa dos direitos das mulheres) e reforçando uma cultura interpretativa das normas amiga do combate à violência de género, não faz esquecer passos que foram dados e que estão sempre em aperfeiçoamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nos últimos anos, Portugal aprovou medidas importantíssimas no sentido de reforçar a proteção das mulheres face a diferentes tipos de discriminação e violência.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Os cinco planos nacionais de prevenção e combate à violência doméstica e de género aplicados desde 1999 no nosso país e as melhorias introduzidas pelas Leis n.º 59/2007, de 4 de setembro, e 112/2009, de 16 de setembro, no enquadramento do crime de violência doméstica e no regime jurídico aplicável à prevenção da violência doméstica, à proteção e assistência das suas vítimas, consagrando o estatuto da vítima, a natureza urgente dos processos de violência doméstica, a utilização de meios técnicos de controlo à distância dos agressores, a possibilidade de detenção do agressor fora do flagrante delito, o direito das vítimas serem indemnizadas e obterem apoio judicial, médico, social e laboral, são marcas indeléveis de uma vontade política que não esqueço e que está recordada no preâmbulo do projeto de lei.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De resto, quando se fala da CI, concretamente na «Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica», assinada em 11 de maio de 2011, é bom recordar que Portugal não se limitou a ratificar o texto, antes tendo participado ativamente nos trabalhos preparatórios da mesma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Esta convenção, que entrou em vigor no passado dia 01 de agosto, assume entre os seus vários objetivos, a finalidade cimeira de «proteger as mulheres contra todas formas de violência» exortando os Estados signatários à adoção e aplicação de medidas que permitam o reforço deste desiderato no âmbito da prevenção e do enquadramento jurídico-penal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No quadro do seu capítulo V, dedicado ao «Direito material», a convenção sugere às partes adotantes, entre várias medidas, a criminalização das situações de «perseguição» (artigo 34.º), vulgarmente identificadas pelo conceito de «stalking».</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vários estudos e dados estatísticos indicam que estamos perante uma realidade incontornável de violência contra as mulheres que, resultando de motivações distintas, merece ser travada e punida tal como já sucede com outras práticas especialmente previstas no direito penal português.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E o que é a perseguição que causa tantas vezes danos psicológicos irreparáveis?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É isto: está identificada com as situações em que alguém, de modo persistente e indesejado, persegue ou assedia outra pessoa, por qualquer meio, direta ou indiretamente, de forma adequada a perturbar ou constranger, ou a afetar a sua dignidade, provocando medo, inquietação ou prejudicando a sua liberdade de determinação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A questão da afetação da dignidade é fundamental e “bebida” da legislação laboral, porque estou em crer que há situações de assédio laboral que devem ter cobertura penal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Note-se que a natureza específica e socialmente complexa deste novo crime, assumido por isso como semipúblico, justifica não obstante, à semelhança do que sucede por exemplo no crime de violência doméstica (artigo 152.º do Código Penal), e a par da moldura penal principal, a previsão de penas assessórias que passam pela proibição de contacto com a vítima com possibilidade de fiscalização por meios de controlo, ou a obrigação de frequência de programas específicos de prevenção de condutas típicas de perseguição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Este projeto de lei está, claro, sujeito a aperfeiçoamentos, mas não podemos tolerar a resignação perante milhares e milhares de casos concretos em que para mulheres reais – tantas vezes numa antecâmara do que pode vir a ser mais uma morte em contexto de rutura conjugal – sair à rua, abrir um computador, ligar um telemóvel, falar com alguém, ter uma conta de facebook, numa palavra, existir, se transformou num pesadelo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A perseguição deve ser um crime e é um crime que funciona a montante de outros.» - Isabel Moreira, "Perseguidas", blogue Maria Capaz</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-26429560277533647152015-01-05T04:24:00.001-08:002015-01-05T04:24:55.552-08:00 Maçonaria e registo de interesses, por Francisco Teixeira, Público<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgntbDEQnaz02nWIlHJ6s__9pFaLaHKlyp17R3oSMGU_w31S9gAU5o1NmrR5NgaTpSiCfEU7_9CLBPRUNl-wdOYNTZkVJy2JsEqsTMMnRD8kuOqkoynUm19Cb51VEe4nzbnhvQyUcNO0aoC/s1600/Aritm%C3%A9tica+e+Geometria+Pitag%C3%B3rica+na+Tradi%C3%A7%C3%A3o+Ma%C3%A7%C3%B4nica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgntbDEQnaz02nWIlHJ6s__9pFaLaHKlyp17R3oSMGU_w31S9gAU5o1NmrR5NgaTpSiCfEU7_9CLBPRUNl-wdOYNTZkVJy2JsEqsTMMnRD8kuOqkoynUm19Cb51VEe4nzbnhvQyUcNO0aoC/s1600/Aritm%C3%A9tica+e+Geometria+Pitag%C3%B3rica+na+Tradi%C3%A7%C3%A3o+Ma%C3%A7%C3%B4nica.jpg" height="254" width="320" /></a></div>
<br /><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«O antimaçonismo da deputada do PSD Teresa Leal Coelho é, como todos os fundamentalismos antiliberais e antidemocráticos, disforme e ignorante e faz parte de uma longa tradição antimaçónica.</span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“A positividade da exposição da nudez sem véus é pornográfica”; “O projeto heroico da transparência – de rasgar todos os véus, de tudo expor à luz, de expulsar toda a obscuridade – conduz à violência”. Byung-Chul Han, A Sociedade da Transparência</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A Maçonaria é uma ordem iniciática que visa o aperfeiçoamento da humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo. Na medida em que é iniciática a maçonaria propõe-se, através do rito (articulação de gestos, movimentos, símbolos e invocações), a transformação existencial do indivíduo, transubstanciando-o. Algumas vezes consegue-o. Demasiadas vezes não. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas a “transubstanciação” existencial não é o único fito maçónico. A maçonaria também visa aperfeiçoar a Humanidade, porque o homem não é uma ilha e porque de pouco valeria salvar-se um só se não se pudessem salvar todos os seres humanos. Neste sentido, a maçonaria vive num duplo ethos ou espaço de ação e inspiração: por um lado visa a transformação individual (e não simplesmente psicológica), por outro visa a transformação social, porque o corpo e alma não são coisas diferentes mas duas modulações, ou variações, da mesma substância do humano. Mas, quer num caso quer noutro, o que se visa é uma ambição soteriológica, i.e., salvífica, do eu individual, da experiência do que é ser humano e da humanidade no seu conjunto. Mas a maçonaria não é uma Igreja ou um partido. Não é uma Igreja porque não tem uma doutrina dogmática, sacramentos ou um líder espiritual, e não é um partido porque não quer governar nem tem um programa político, embora tenha e tematize princípios meta-políticos de justiça e ética universais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por sua vez, a maçonaria usa o rito como método de acção. Mas a ação ritual maçónica é secreta. No entanto, este secretismo, “o segredo maçónico”, não constitui um instrumento de controlo sociológico ou organizacional, externo ou interno, muito menos um segredo material concreto. O segredo maçónico tem a ver com a natureza da própria experiência ritual, que exige pudor face ao olhar do não iniciado e concentração em si mesmo e na sua experiência ritual concreta, evitando, entre outras coisas, o desejo pornográfico e totalitário de absoluta transparência. Para a maçonaria o que é secreto é o que não pode ser reduzido a outra dimensão ou dimensões que não a sua dimensão originária, no caso a dimensão ritual simbólica. Ser secreto quer dizer, na experiência ritual maçónica, ser irredutível a outra coisa, ser esotérico, i.e., ser interior, ter origem e fazer caminho pelo lado de dentro da experiência humana. Por isso se diz que o segredo maçónico é inviolável ou intransmissível: porque dizendo respeito à experiencia particular de cada maçon não pode ser reduzido à linguagem usada pela vulgar comunicação humana (ou a outras categorizações totalizadoras e potencialmente totalitárias), não podendo, por natureza, ser violado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nada de especial, portanto. O segredo maçónico é, pois, da mesma natureza que o amor ou amizade humanas (dois irredutíveis fundamentais da experiência humana) e só constitui uma ameaça para aqueles que acham que toda a realidade deve ser controlada, reduzida, visibilizada e vigiada, incluindo a realidade mais íntima da experiência religiosa transformativa. O segredo maçónico é, então, condição essencial de liberdade, própria e alheia, já que se pressupõe que é num reduto último de inviolabilidade pessoal que reside o sanctum sanctorum da liberdade em geral. É por causa desta inviolabilidade que, desde sempre, as tiranias perseguiram a maçonaria e os maçons e a experiência religiosa e popular exotéricas (i.e., procedendo de uma origem ou audição externas) sempre tiveram desconfiança da maçonaria e dos seus processos de recolhimento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A maçonaria existe, pois, num ethos eminentemente religioso, porque transformativo e soteriológico. Mas também existe e se firma num ethospolítico. Esta sua dupla dimensão constitutiva tem a ver, por um lado, com a sua origem histórica, mas, também, com a sua natureza ontológica, que recusa os dualismos cosmológico e antropológico. A maçonaria vive, por isso, num mundo de fronteira entre este e o outro mundo, entre o mundo celeste e o mundo terrestre, e é essa condição de fronteira que, por um lado, faz dela uma coisa algo estranha e, ao mesmo tempo, antiga, em que se valoriza a ideia e a prática do “estranhamento” cosmológico, a mais lídima forma, ou experiência, da liberdade e da recusa de todo o reducionismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tudo isto a propósito de recentes polémicas animadas, em particular, pela deputada do PSD Teresa Leal Coelho, propondo que os deputados e os agentes políticos eleitos “sejam obrigados a declarar publicamente se têm ou não filiações secretas”, mas tendo em vista, declaradamente, as filiações maçónicas e do Opus Dei. Outras restrições aos direitos fundamentais deste mesmo tipo já tinham sido introduzidas na Lei Orgânica n.º 4/2014, de 13 de agosto - Lei-quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa, pela qual os funcionários dos serviços de informações da República são obrigados a revelar todas as suas filiações societárias, em particular a “Filiação, participação ou desempenho de quaisquer funções em quaisquer entidades de natureza associativa”. Também aqui, e mais uma vez, o que se visa são os maçons e a maçonaria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No entanto, a Constituição da República Portuguesa é clara (no seu artigo 41º, nº 3, “Liberdade de consciência, religião e culto”) a referir que “Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder”. Temos, então, que este artigo, e aqueles intentos similares referidos acima, são claramente contrários à CRP, porquanto o registo obrigatório de pertença à maçonaria, ou ao Opus Dei, constitui uma pergunta e obrigações constringentes quanto a convicções ou práticas religiosas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Que esta discussão esteja a ter lugar no parlamento da República Portuguesa, potenciada por uma deputada do PSD, é absolutamente surpreendente e perigoso. Surpreendente e perigoso por revelar profunda ignorância sobre a natureza da maçonaria e outras organizações iniciáticas ou religiosas e, sobretudo, por revelar tentações totalitárias à conta de uma ideia desviante de transparência, passando por cima de um princípio basilar das democracias constitucionais: o princípio da absoluta liberdade de consciência e de religião, sem constrangimentos diretos ou indiretos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O antimaçonismo da deputada do PSD Teresa Leal Coelho é, como todos os fundamentalismos antiliberais e antidemocráticos, disforme e ignorante e faz parte de uma longa tradição antimaçónica (tão longa quanto a própria maçonaria). Quanto a isso, nada de novo. Já o silêncio de outras pessoas e instituições, mais cultas e mais responsáveis, auguram o pior para a liberdade dos portugueses. Pelo seu lado, a maçonaria continuará o seu caminho como via iniciática e espiritual não dogmática, visando a liberdade e a igualdade acima de todas as coisas, com os olhos postos na utopia antiga de uma fraternidade universal de homens livres e de bons costumes.» - Francisco Teixeira, Professor do ensino secundário, Doutorado em Filosofia, Maçon</span></div>
</div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-90684512444509503792015-01-03T02:31:00.003-08:002015-01-03T02:31:44.571-08:00O estado da Justiça, o Correio da Manhã e Sócrates - pela pena de quem "sabe"!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizbLQrn5kV1cNtuMHOD43NOENyq3HqrcjOzMlOxsTOVaFtx7an4mObpgQm6Y_ltKPo1tdic6aOkKg3GCNJ6wrDJABt1Zaka724tROmG4rDNc-RtnXRd9Z1_qDrnBZKz3ED0cojIMCFcDkJ/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizbLQrn5kV1cNtuMHOD43NOENyq3HqrcjOzMlOxsTOVaFtx7an4mObpgQm6Y_ltKPo1tdic6aOkKg3GCNJ6wrDJABt1Zaka724tROmG4rDNc-RtnXRd9Z1_qDrnBZKz3ED0cojIMCFcDkJ/s1600/1.jpg" height="195" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Sócrates pronto a ATACAR Belém" - Correio da Manhã . (Carta aberta ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho Superior da Magistratura.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">02.01.15</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho Superior da Magistratura. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Hoje, dia 2 de Janeiro de 2015, o diário Correio da Manhã publicou uma notícia que faz culminar, penso que irreversivelmente se não forem tomadas drásticas medidas de esclarecimento, um propósito aparentemente concertado de descredibilização e de assédio à dignidade das instituições judiciais em Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Passo a transcrever:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">‘’Ex-primeiro-ministro pretendia candidatar-se à Presidência. Objetivo era uma entrada em força no congresso e dar início a uma vaga de fundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">José Sócrates preparava-se para atacar o Palácio de Belém. A sua candidatura a Presidente da República, para substituir Cavaco Silva, estava a ser estudada, e o ex-primeiro-ministro tinha previsto estar no congresso do PS no fim de semana imediatamente a seguir a ter sido preso pelo Ministério Público em novembro último. Seria a última cartada, o regresso em grande à política, depois da derrota nas legislativas e após o afastamento para Paris. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A estratégia tinha sido definida ao pormenor. Dias antes, Ferro Rodrigues, ex-ministro socialista, tinha dado o mote. O PS não era um partido estalinista, a história não se apagava, o legado socrático estava bem vivo. Disse-o na Assembleia da República, a propósito da troika, e agitou tudo e todos. "Um pedido de ajuda contra o qual muitos se bateram até aos limites de forças e possibilidades. E aqui há que salientar uma pessoa, um nome: José Sócrates", especificou Ferro Rodrigues</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Todas estas movimentações estão registadas nas milhares de horas de escutas telefónicas que foram feitas ao ex-governante. As escutas não foram destruídas – encontram-se em envelope lacrado, precisamente devido a uma alteração penal feita pelos próprios socialistas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na sequência do processo Casa Pia, e para evitar que conversas relevantes para a defesa fossem apagadas, o legislador previu que as mesmas devam manter-se até final. Apenas as conversas com o advogado, com os médicos e relativas à intimidade foram destruídas. O CM sabe que toda a luta política está retratada nessas mesmas escutas. José Sócrates sabia que Guterres não estava disponível para a candidatura a Belém, o que lhe deixava espaço para avançar. Há mais de um ano que o previra. Regressara aos palcos mediáticos com a crónica dominical na RTP, lançara um livro que, muito devido à intervenção do amigo Carlos Santos Silva, liderara os tops das livrarias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No domingo, 30 de novembro, José Sócrates previra estar no congresso de consagração de António Costa. Seria lançada a semente para a vaga de fundo que o levaria a Belém.’’ </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E destaco.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">‘’Todas estas movimentações estão registadas nas milhares de horas de escutas telefónicas que foram feitas ao ex-governante. As escutas não foram destruídas – encontram-se em envelope lacrado, precisamente devido a uma alteração penal feita pelos próprios socialistas.’’</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na verdade, para um leitor desatento esta notícia em pouco se distingue do aparato de intervenções jornalísticas que se têm sucedido desde a detenção do ex primeiro ministro José Sócrates, em que a comunicação social, alegando acesso privilegiado a dados da investigação, tem transmitido a ideia de que tudo, no âmbito deste inquérito e processo, decorre do propósito pressuposto de acusar, com um sentido político. Tal ideia é obviamente consolidada pelo silêncio inexplicável das instituições judiciais, nomeadamente das magistraturas envolvidas, que até ao momento não se demarcaram nem esclareceram publicamente estes tópicos. Há silêncios que são entendidos como conveniências tácitas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Concordará Vossa Excelência, para lá de tudo mais, nomeadamente das irregularidades processuais que se podem deduzir de tudo o que tem vindo a público, em que podemos com toda a legitimidade inferir que um cidadão da República está preventivamente preso por se atrever a ter a intenção de se candidatar à Presidência da República. E isto sem que os magistrados envolvidos nem o Conselho a que preside tomem uma posição clara de esclarecimento, permanecendo num olímpico silêncio de cumplicidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Destaco ainda o asténico silêncio com que toda a magistratura e todo o sistema judicial tem assistido à obscenidade institucional que constitui a insistente promoção junto da opinião pública da figura orgânica de dois supermagistrados, tacitamente consentida. Convirá Vossa Excelência em que, para lá de que ficam sempre por esclarecer claramente as atribuições de uma super magistratura, o mero consentimento desclassifica irremediavelmente todas as restantes magistraturas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nada haveria de mais grave, Excelentíssimo Senhor, do que, num clima de descrédito mais do que visível de todas as instituições da República, o sistema judicial e as suas magistraturas mergulharem nesta tenebrosa ambiguidade de que não resta senão deduzir a falta de transparência, de independência e de idoneidade dos magistrados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pelo que solicito a Vossa Excelência que dê início a um inquérito drástico que apure as condições em que têm decorrido os processos de investigação que, mais ou menos obviamente, transmitem a ideia de envolvimento político do sistema judicial e das magistraturas em particular. De igual modo, solicito um drástico inquérito, sem ambiguidades nem hipócrita transferência de responsabilidades, sobre a objectiva atribuição de responsabilidades no que concerne á constante violação do alegado segredo de justiça.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Solicito ainda que os resultados da investigação sejam, com toda a brevidade possível, divulgados com idoneidade e transparência. A bem da República e da confiança que todos nós gostaríamos de depositar nas instituições judiciais, tão drástica e obscenamente comprometidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para ser breve, coloco a Vossa Excelência uma pertinente questão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como se sente Vossa Excelência e o Conselho a que preside face à existência, tacitamente consentida, de dois super magistrados? E como, face a tal obscenidade, o Conselho a que preside não teme continuar a usar a designação de Conselho Superior? Superior a quem?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com os meus cumprimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Coimbra, 2 de Janeiro de 2015.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Manuel Maria Guimarães de Castro Nunes</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">*Com conhecimento a Sua Excelência a Procuradora Geral da República.»</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-31625960423151305892015-01-03T02:04:00.000-08:002015-01-03T02:04:19.074-08:002015 - Repensar (sempre) a Liberdade!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6S7G86YIfvWNCz3REMo5Fuom1VTUewQmLQ3h45q2k_WN1l8N2Sq2RihMmtqKhQCl_Tpz3ynC-N7HdmDNLlp1L3KfY0Ho_0Dju8gbdivJPYiF9qPQonqhD1Qr_fdzRPECmV4fKypiaPqB1/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6S7G86YIfvWNCz3REMo5Fuom1VTUewQmLQ3h45q2k_WN1l8N2Sq2RihMmtqKhQCl_Tpz3ynC-N7HdmDNLlp1L3KfY0Ho_0Dju8gbdivJPYiF9qPQonqhD1Qr_fdzRPECmV4fKypiaPqB1/s1600/1.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Com que então libertos, hein? Falemos de política, discutamos de política, escrevamos de política, vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um, essa coisa de cada um que era tratada como propriedade do paizinho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tenhamos sempre presente que, em política, os paizinhos tendem sempre a durar quase cinquenta anos pelo menos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E aprendamos que, em política, a arte maior é a de exigir a lua não para tê-la ou ficar numa fúria por não tê-la, mas como ponto de partida para ganhar-se, do compromisso, uma boa lâmpada de sala, que ilumine a todos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com o país dividido quase meio século entre os donos da verdade e do poder, para um lado, os réprobos para o outro só porque não aceitavam que não houvesse liberdade, e o povo todo no meio abandonado à sua solidão silenciosa, sem poder falar nem poder ouvir mais que discursos de salamaleque, há que aprender, re-aprender a falar política e a ouvir política.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não apenas pelo prazer tão grande de poder falar livremente e poder ouvir em liberdade o que os outros nos dizem, mas para o trabalho mais duro e mais difícil de - parece incrível - refazer Portugal sem que se dissipe ou se perca uma parcela só da energia represa há tanto tempo. Porque é belo e é magnífico o entusiasmo e é sinal esplêndido de estar viva uma nação inteira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas a vida não é só correria e gritos de entusiasmo, é também o desafio terrível do ter-se de repente nas mãos os destinos de uma pátria e de um povo, suspensos sobre o abismo em que se afundam os povos e as nações que deixaram fugir a hora miraculosa que uma revolução lhes marcou. Há que caminhar com cuidado, como quem leva ao colo uma criança: uma pátria que renasce é como uma criança dormindo, para quem preparamos tudo, sonhamos tudo, fazemos tudo, até que ela possa em segurança ensaiar os primeiros passos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De todo o coração, gritemos o nosso júbilo, aclamemos gratos os que o fizeram possível. Mas, com toda a inteligência que se deve exigir do amadurecimento doloroso desta liberdade tão longamente esperada e desejada, trabalhemos cautelosamente, politicamente, para conduzir a porto de salvamento esta pátria por entre a floresta de armas e de interesses medonhos que, de todos os cantos do mundo, nos espreitam e a ela.» - Jorge de Sena</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-88163879400369845722014-12-26T06:17:00.004-08:002014-12-26T06:17:58.382-08:00É Preciso Resistir «como sempre fizemos« - artigo de Baptista Bastos, Jornal de Negócios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj99eKSovsPSGGKwNqfy09JXQQaaLqEn5KXA-Js_j_OZaimM34ggD5wCfZPFN11gV4-ZMe752gr63OYxmYlhbp-Ocq8OKD9mdv_rTRQLSwa2RI8w2Gx2wm1XEHN82rzWPv6tkeRqQAC4Jk6/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj99eKSovsPSGGKwNqfy09JXQQaaLqEn5KXA-Js_j_OZaimM34ggD5wCfZPFN11gV4-ZMe752gr63OYxmYlhbp-Ocq8OKD9mdv_rTRQLSwa2RI8w2Gx2wm1XEHN82rzWPv6tkeRqQAC4Jk6/s1600/1.jpg" height="208" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"></span></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 19.3199996948242px;">«Tudo correu pelo pior, no ano que vai embora. Estamos mais pequenos, mais pobres, mais desesperados e mais sem rumo. Endireitar o que estes senhores entortaram e amolgaram vai ser muito difícil.</span><span style="line-height: 19.3199996948242px;"> </span></span></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">O ano aproxima-se do fim e as coisas, para os portugueses, vão de mal a pior. A máquina de propaganda do Governo é o que há de mais enganador, e aquilo que chamava a "alma" popular foi sovada e tende a tombar na indiferença. Já não se pode ver o primeiro-ministro pela constância com que não larga as televisões, em especial a SIC, que parece ter tirado a assinatura do rosto acabrunhado e das banalidades que soletra. Aliás, as televisões pouco ou nada explicam, não cumprindo a vocação e a missão para que se criaram: ir mais ao fundo das questões, através de debates e de comentários realmente originais e estudados. O dr. Passos, há dias, disse que os banqueiros foram os mais sacrificados de todos nós. A pouca vergonha tornou-se instrumental e o ludíbrio intelectual e moral um caso de polícia de costumes.</span></div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">Tudo indica que vamos sofrer abalões, mas nenhum dos partidos de Esquerda desce ao fundo dos problemas. Helena Garrido, neste jornal, tem advertido, com a prudência que a caracteriza e a reserva que a distingue, as ameaças que pairam nos nossos mais próximos horizontes. Devo dizer que, com Nicolau Santos e Pedro Santos Guerreiro, é um dos três comentadores que ouço, leio e aprecio, porque não impinge gato por lebre, recusa as grandes tiradas gestuais, como as faz o triste Costa Pinto ou o impante Ricardo Costa, que parece ninguém conseguir calar. O comentário português é uma "mixurufada" de vaidade, de incompetência e de ignorância da história. À carência de verticalidade, excede a pesporrência e a fatuidade.</span></div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">Não digo uma anormalidade quando refiro a pobreza do jornalismo actual. Semelhante à pobreza como ideologia que Passos Coelho nos impôs devido à sua própria fragilidade política e intelectual. Um Presidente, um Governo e um Parlamento, a tese de Sá Carneiro, revelou-se um dos grandes pesadelos da nossa história, por constituir uma anomalia estrutural que conduz, inevitavelmente, ao autoritarismo e a uma mascarada da democracia. Está à vista.</span></div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">Tudo correu pelo pior, no ano que vai embora. Estamos mais pequenos, mais pobres, mais desesperados e mais sem rumo. Endireitar o que estes senhores entortaram e amolgaram vai ser muito difícil. E quando certos sectores da sociedade portuguesa começam a falar em coligações entre o PS e o PSD, alguma coisa de tenebroso está em marcha. Não podemos permitir que isso, ou algo de semelhante, aconteça. Mas é lamentável que agrupamentos da "extrema-esquerda", ou assim disfarçados, tenham manifestado intenções de aprovar tal decisão.</span></div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">Tudo parece diluir-se numa amálgama de interesses cavilosos, e o que era a dignidade e o carácter está a esboroar-se. A imprensa portuguesa deixou de o ser para se transformar numa massa apócrifa dominada por grupos económicos, inclusive estrangeiros, com "gestores" portugueses que mais não são do que factótuns invertebrados. Nos conselhos de administração, são colocados homens de mão, com larga experiência de saneamentos e de obediência ao dinheiro, e quem der mais é que é o patrão. A sociedade portuguesa está a ser dominada por esta gente, alguma da qual com relações familiares a altas figuras do Estado. A volta que as estruturas têm de levar é mesmo de alto a baixo. Minada e armadilhada como está a sociedade, as vozes livres são cada vez mais raras. O medo transformou-se num instrumento ideológico. Temos de resistir e de nos aguentar. Já passámos por pior. Ou não?»</span></div>
</span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-78002106899147652772014-12-26T06:10:00.000-08:002014-12-26T06:10:04.729-08:00Pragas de Natal - Um Presidente de angústias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5j1FNZGTa0nuFZpM3z4UtkNH7uql-wngbwJNvNh65aH8b1MlSXFdh5ppKFY1_lDFVwlHvDL9wE4DlBSvrH7x6_ms3qqroNriZTD1ZLCEeniCy5UihIjE50Tq98R38w7glT_-jSHbAG9qc/s1600/1.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5j1FNZGTa0nuFZpM3z4UtkNH7uql-wngbwJNvNh65aH8b1MlSXFdh5ppKFY1_lDFVwlHvDL9wE4DlBSvrH7x6_ms3qqroNriZTD1ZLCEeniCy5UihIjE50Tq98R38w7glT_-jSHbAG9qc/s1600/1.gif" height="239" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Chega o Natal e, com ele, chegam algumas das pragas anuais. Todos os anos, por esta altura, Cavaco vem, com cara de Páscoa, desejar um feliz Natal aos portugueses.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Chega o Natal e, com ele, chegam algumas das pragas anuais. Todos os anos, por esta altura, Cavaco vem, com cara de Páscoa, desejar um feliz Natal aos portugueses.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Desta vez, Aníbal Cavaco apelou aos portugueses para que "tenham confiança no país". Ui! Foi assim com o BES e depois foi o que se viu. Portanto, é um: fujam para as montanhas. O que nos vale é que só falta uma mensagem de Natal de Cavaco, na pior das hipóteses.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz o PR: "desejamos a todos os Portugueses um Feliz Natal e um Ano de 2015 com saúde e mais prosperidade", - só mais um bocadinho, sem exageros, que não queremos que o mexilhão estranhe. Cavaco quer só mais um bocadinho de prosperidade, porque ele já está bem. "Queremos que a paz esteja com os homens não só agora. Queremos que o esforço de concórdia entre os Povos seja permanente. Queremos que a solidariedade e a partilha sejam mais fortes nesta época do ano, mas que permaneçam activas ao longo do tempo." São desejos de Miss na boca do marido de Maria Cavaco. Não faz sentido.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Este ano, Maria Cavaco Silva juntou-se ao PR no discurso, o que me faz comichão porque eu nunca votei Dona Maria. Mas também nunca votei Aníbal, por isso coço-me a dobrar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A outra praga que, felizmente, este ano não apareceu com a habitual pujança é a colecção de presépios de Maria Cavaco Silva. A sua vasta colecção de presépios de diversas proveniências, como o Chile, Colômbia ou Tailândia. Diz que, quando, no ano passado, o Bispo de Bragança foi visitar a exposição terá dito: "impressionante, já não via tantos meninos nus deitados em palha desde que descobrimos a colecção de fotos do ex-vice-reitor do Seminário do Fundão".</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não há nada mais deprimente do que fazer colecção de presépios. Quer dizer, há. Ainda é mais deprimente fazer colecção de presépios e estar casada com o Aníbal. Aliás, provavelmente, a Maria só se meteu nisto, da colecção de presépios como desculpa para não ter tempo para o Aníbal - Maria, vê lá este discurso que eu escrevi sobre o estatuto dos Açores. - Agora não posso que tenho que ir ver se o musgo já cresceu.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Havia tanta coisa mais gira e útil para coleccionar. A Imelda Marcos tinha três mil pares de sapatos, era um exagero, mas ao menos tinham utilidade. A Maria tem para cima de mil e quinhentos pastores em cerâmica, barro e azulejo, que não dão para calçar. Há mais pastores nos presépios da Maria que na Península Ibérica. E a trabalheira que deve dar quando o Aníbal quer ir brincar com as vacas? Tem que espalhar aquilo tudo pelos jardins de Belém: parece a Suíça vista de cima.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por outro lado, o Aníbal deve sofrer muito com esta panca da Maria. Já imaginaram o que é ter de embrulhar o equivalente à população da Madeira - ovelhas incluídas - com aqueles papéis brancos de celofane, para não se estragarem?! Tenho a certeza que já passou pela cabeça do Presidente tentar fazer a permuta daqueles 600 estábulos por mais uma casita na Coelha.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Bom Natal.»</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-91307862063596161332014-10-22T13:07:00.002-07:002014-10-22T13:07:38.237-07:00Enjoados do português, por Fernando Dacosta, Jornal I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbNAlGaUy9AJ1YfKLQ07T4BMHFnXqDoiwHcIU2dqIWiJK8SazSx3XCIruDbzP6pNDCalbwJhbXvrEZRJmDqAv08mED1Ifm_yLSWc_2WvuOQnLbljxwce1rKMbg2koNdd0eKLlEE4GSRdee/s1600/A+minha+P%C3%A1tria+%C3%A9+a+L%C3%ADngua+Portuguesa.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbNAlGaUy9AJ1YfKLQ07T4BMHFnXqDoiwHcIU2dqIWiJK8SazSx3XCIruDbzP6pNDCalbwJhbXvrEZRJmDqAv08mED1Ifm_yLSWc_2WvuOQnLbljxwce1rKMbg2koNdd0eKLlEE4GSRdee/s1600/A+minha+P%C3%A1tria+%C3%A9+a+L%C3%ADngua+Portuguesa.jpeg" height="227" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXQCShUBOjXU2rjPwoxKrJEBUwle9QDk6a7CelEYn5xqUQp-k382hGEy2WPZXi8xOcqsLLeMCrF6hfwM8eeFK1nO0TiWx_4p9eIIWUq3LTdUcTib6m3FIdvHAjjtEikYjslLbHsYp9z9ga/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXQCShUBOjXU2rjPwoxKrJEBUwle9QDk6a7CelEYn5xqUQp-k382hGEy2WPZXi8xOcqsLLeMCrF6hfwM8eeFK1nO0TiWx_4p9eIIWUq3LTdUcTib6m3FIdvHAjjtEikYjslLbHsYp9z9ga/s1600/1.jpg" /></a></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">«Enquanto a língua portuguesa se expande pelo mundo (já é a quinta mais falada), em Portugal encolhe. Pior: desvaloriza-se. Pior ainda: são os próprios portugueses a menosprezá-la. Enjoados dos seus elementos identitários, cada vez maior número deles debita línguas alheias – avassaladoramente o inglês. As avalanches de tecnocratas, economistas, políticos, intelectuais, gestores, comunicadores que nos submergem são os que, </span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">na snobeira de se dizerem “cidadãos do mundo”, mais o exibem.<br />Responsáveis a falar inglês em actos oficiais (internos) virou, com efeito, pretensiosíssimo e desrespeitosíssimo; não traduzir títulos de filmes, de peças de teatro, de livros, de programas televisivos, nem folhetos de instruções de electrodomésticos, de computadores é ultrajante – como ultrajante se revela a SATA ao emitir bilhetes electrónicos em inglês; a RTP ao transmitir, a seco, programas estrangeiros, caso da noite dos Óscares; como cantores ao ignoraram a sua língua, caso de várias bandas. Amália construiu a sua carreira em português; Pessoa fez o mesmo.<br />Escrever e falar bem era no passado exigência de estatuto cultural; hoje não passa de excrescência. O património mais valioso que possuímos está a ser grosseiramente vandalizado, como fazemos, aliás, com tudo o que podia dignificar-nos, engrandecer-nos. “O novo acordo ortográfico”, alerta a professora Maria do Carmo Vieira, “impede as pessoas de pensar.” Razão tinha José Craveirinha, que, em debate lusófono sobre a ameaça do inglês no seu país, ironizou: “Ora, quem está a ser colonizado por ele não somos nós, são os portugueses. Vejam as ementas dos restaurantes, as tabuletas públicas, os livros técnicos, as canções, etc., quase tudo em inglês. Tenhamos é orgulho na nossa língua!»</span></span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-68048527090796288892014-10-17T06:30:00.001-07:002014-10-17T06:30:37.669-07:0017 de Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - Ai Portugal, Portugal!<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpWBoN6zlzbXg0tyR8aZFjJtzMTCYbgC5IXTB6w98hqORo-JNLmU0pPVjxuPhMtof-mZV0Qbwiha3jfbHcRgDCiEaNa6HSElN6Sh7Pwvf1Z9AgDoeDjyHdwYvW27QFxRz9Jeh4abFzb9Oj/s1600/fome-crian%C3%A7a-fome.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpWBoN6zlzbXg0tyR8aZFjJtzMTCYbgC5IXTB6w98hqORo-JNLmU0pPVjxuPhMtof-mZV0Qbwiha3jfbHcRgDCiEaNa6HSElN6Sh7Pwvf1Z9AgDoeDjyHdwYvW27QFxRz9Jeh4abFzb9Oj/s1600/fome-crian%C3%A7a-fome.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«A erradicação da pobreza deve ser a prioridade absoluta de qualquer política de desenvolvimento. A extrema pobreza é um impedimento ao pleno exercício dos direitos humanos, um obstáculo ao desenvolvimento e uma ameaça à paz. Milhões de pessoas ainda são vítimas da fome – 842 milhões de pessoas continuaram a sofrer de fome crónica entre 2011 e 2013. Como podemos pensar em construir paz duradoura e desenvolvimento sustentável nessas condições? Isso é um insulto à sociedade e à noção de dignidade humana e requer a nossa atenção integral. Um salto à frente é possível, soluções existem – começando com a educação, que abre as portas para a inclusão social, a capacitação e o emprego.» 17 de Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, Directora Geral da UNESCO, Irina Bokova.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Hoje? Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal - O 6.º da País da União Europeia com maiores desigualdades de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal - 29,3% da população infantil encontra-se em privação material desde o ano passado [privação material: quando um agregado familiar não tem acesso a 3 bens de uma lista de 9 bens essenciais].</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal - Os números indicam que o risco de pobreza das famílias com crianças dependentes se agravou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal - Agravou-se a taxa de intensidade de pobreza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal - Agravou-se a diferença entre Portugal e a média da União Europeia, relativamente ao risco de pobreza [que se mantém estável a Europa mas que, em Portugal, vai aumentando].</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Ai, Portugal, Portugal De que é que tu estás à espera? Tens um pé numa galera e outro no fundo do mar Ai, Portugal, Portugal Enquanto ficares à espera Ninguém te pode ajudar ...</span>»</div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-29962901206450247702014-10-12T08:43:00.000-07:002014-10-12T08:43:04.765-07:00Malala Yousafzai de novo e sempre!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1S1GFQ-5jgh0WBayFVGx9U9PxPiv4N5nQZ3dCvFgYoxXJXiXrgNeKp5rII2F8QkvAirSBQEOE0jyHWF6oekhEWYzPxqxHKYqNMsJOzgAIzDCZXw7zpVCoJ8vLUFEG4VpjKXQpuWiVifz/s1600/Malala+Yousafzai2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1S1GFQ-5jgh0WBayFVGx9U9PxPiv4N5nQZ3dCvFgYoxXJXiXrgNeKp5rII2F8QkvAirSBQEOE0jyHWF6oekhEWYzPxqxHKYqNMsJOzgAIzDCZXw7zpVCoJ8vLUFEG4VpjKXQpuWiVifz/s1600/Malala+Yousafzai2.jpg" height="147" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRO1mO9vPx-kHMRdrnZBQv7QGzLvCk8p_bMZozW-LDBTRCysGOKQpeytzoBVAkA4VqXZ4LtCjrRkPGi3fsVNqKVSAEnEibXtzqx8069Rajfy2P2yx2CsZNXv6daHAryux7gGlN9kDPboA5/s1600/Malala+Yousafzai5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRO1mO9vPx-kHMRdrnZBQv7QGzLvCk8p_bMZozW-LDBTRCysGOKQpeytzoBVAkA4VqXZ4LtCjrRkPGi3fsVNqKVSAEnEibXtzqx8069Rajfy2P2yx2CsZNXv6daHAryux7gGlN9kDPboA5/s1600/Malala+Yousafzai5.jpg" height="171" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHeQeJFaL37OBwhNKLiLXeONOryJywPAFgPOvCRFAWwxeNAttJoe7DNgiNvpCxB7QRU51Ipu6wXVVIl0Lb7AC2qzC6S14CxXXvRO3csXfHvEZLQI1tGYj6ou1N0Uryoe38BQO0-TS0E7v9/s1600/Malala+Yousafzai6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHeQeJFaL37OBwhNKLiLXeONOryJywPAFgPOvCRFAWwxeNAttJoe7DNgiNvpCxB7QRU51Ipu6wXVVIl0Lb7AC2qzC6S14CxXXvRO3csXfHvEZLQI1tGYj6ou1N0Uryoe38BQO0-TS0E7v9/s1600/Malala+Yousafzai6.jpg" height="184" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Em 11 de Outubro de 2013, publiquei no PINN este texto dedicado a Malala, que, por estar pleno de actualidade, faz todo o sentido reeditar. Ao contrário do que então previa, apesar de lhe terem atribuído o prémio Sakharov, não lhe deram o Nobel da Paz. Mais vale tarde que nunca e deste ano não passou, felizmente. Como consta no texto, acredito que este prémio, pelo impacto que tem no mundo, mexa com as consciências dos islâmicos, particularmente dos mais radicais, e sirva de pedra de toque para se começar a inverter este espírito de radicalismo que tem vindo a crescer de há uns anos a esta parte. Quero acreditar que o nome de Malala ficará gravado na História, não por ser a laureada mais jovem a receber o Nobel da Paz, mas por ter contribuído para esse passo fundamental que leva ao apaziguar das relações do Islão com o resto do mundo, a bem do mundo. A morte leva à morte e com ela o ódio enraíza e alastra, semeando mais violência e morte. É absolutamente necessário fazer parar este ciclo vicioso de ódio que está instalado. Um Nobel muito bem entregue. Deixo-vos com o texto:</div>
<div style="text-align: justify;">
«Malala é a jovem paquistanesa que foi baleada por um talibã, apenas porque ela defendia, sem peias, que a educação é essencial. Entretanto foi socorrida, recuperou, exilou-se com a família em Londres e é hoje uma das mais importantes vozes, se não a mais importante, contra o fundamentalismo islâmico.</div>
<div style="text-align: justify;">
Conhecendo o seu passado, a sua lucidez naquela jovialidade chega a comover, como sucedeu quando discursou, no dia em que celebrou os seus dezasseis anos, em plena Assembleia Geral da ONU. «A educação primeiro» foi a sua frase que virou slogan e, por ela, ou pelo seu significado, ia morrendo quando mal começara a viver.</div>
<div style="text-align: justify;">
Malala surge num tempo em que o fosso se vai alargando entre os fundamentalistas islâmicos e o Ocidente. Sabe-se que a rapariga, pela visibilidade que tem, é hoje uma referência no seu país e, por arrastamento, não deixará de o ser entre os moderados do mundo islâmico. Foi agora galardoada com o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu a quem se revele na luta pelos direitos humanos. O seu prestígio aumentará, sem dúvida. Não ignoramos que é muito jovem, mas, ainda assim, se o Prémio Nobel da Paz lhe fosse entregue, como acreditamos que será, o seu nome e as suas palavras ecoariam por muito tempo, particularmente no mundo islâmico, fazendo com que a sua mensagem passasse com mais facilidade e, por força dela, os seguidores de Maomé vissem com outros olhos a violência que os seus mais extremistas têm semeado nos últimos anos, passando a condenar esses actos terroristas, reduzindo, progressivamente, a base de recrutamento da rede do mal, que não tem sido difícil alimentar.</div>
<div style="text-align: justify;">
A ser assim, talvez Malala protagonize o princípio de algo que no Ocidente ficou conhecido por movimento iluminista, que se foi cimentando entre finais do Séc. XVII e todo o século seguinte, culminando na Revolução Francesa, pondo fim aos excessos de uma Igreja Católica todo-poderosa, onde a violência contra o indivíduo também era imposta por «lei divina». A paz depende muito da capacidade de neutralização dos radicais islâmicos que podem agir em qualquer recanto do planeta, como já deram provas em demasia. Já sabemos que a reacção violenta que tem sido a resposta, só gera ódio e aumenta o caudal de fundamentalistas. Malala oferece-nos um óptimo trunfo. Que o mundo o saiba usar. Ela, por certo, regozijará.» - Carlos Ademar</div>
</span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-78558667691611934732014-10-12T04:23:00.000-07:002014-10-12T04:23:10.310-07:00"VAIDADE E ARROGÂNCIA - PROFANOS DE AVENTAL!!"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE9TTM6cDErLIyHSfD_HbAtvhxwHSgxOA3sWrayU2vI0C0AI-7dIptlsYqvRAWPV7Fna5zNA3WKZcR18mscIpAJm4molcoBajyW-n5GvuLXLmya2y1kreVqG0VQ9a2aKNw2vnqDO_PFZuM/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE9TTM6cDErLIyHSfD_HbAtvhxwHSgxOA3sWrayU2vI0C0AI-7dIptlsYqvRAWPV7Fna5zNA3WKZcR18mscIpAJm4molcoBajyW-n5GvuLXLmya2y1kreVqG0VQ9a2aKNw2vnqDO_PFZuM/s1600/1.jpg" height="186" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">"VAIDADE E ARROGÂNCIA - PROFANOS DE AVENTAL!!</span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14px; line-height: 20px;">Nenhum ditador provocou ou vêm provocando tanto dano à Maçonaria quanto o maçom vaidoso, este sapador inveterado, este Cavalo de Tróia que a destrói por dentro, sem o emprego de armas, grilhões,</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 20px;"> ferros, calabouços e leis de exceção. Ele é indiscutivelmente o maior inimigo da Maçonaria, o mais nefasto dos impostores, o principal destruidor de lojas. Ele é pior do que todos os falsos maçons reunidos porque se iguala a eles em tudo o que não presta e raramente em alguma virtude.</span></div>
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 20px;"><div style="text-align: justify;">
Uma característica marcante que se nota neste tipo de maçom, logo ao primeiro contato, é a sua pose de justiceiro e a insistência com que apregoa virtudes e qualidades morais que não possui. Isso salta logo à vista de qualquer um que comece a comparar seus atos com as palavras que saem da sua boca. O que se vê amiúde é ele demonstrar na prática a negação completa daquilo que fala, sobretudo daquilo que difunde como qualidades exemplares do maçom aos Aprendizes e Companheiros, os quais não demora muito a decepcionar. Vaidoso ao extremo, para ele a Maçonaria não passa de uma vitrine que usa para se exibir, de um carro de luxo o qual sonha um dia pilotar. E, quando tem de fato este afã em mente, não se furta em utilizar os meios mais insidiosos para tentar alcançá-lo, a exemplo do que fazem nossos políticos corruptos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Narcisismo em um dos extremos, e baixa auto-estima no outro, eis as duas principais características dos maçons vaidosos e arrogantes. No crisol da soberba em que vivem imersos, podemos separá-los em dois grupos distintos, porém idênticos na maioria dos pontos: os toscos ignorantes e os letrados pretensiosos.</div>
<div style="text-align: justify;">
A trajetória dos primeiros é assaz conhecida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por serem desprovidos do talento e dos atributos intelectuais necessários para conquistarem posição de destaque na sociedade, eles ingressam na Maçonaria em busca de títulos e galardões venais, de fácil obtenção, pensando com isso obter algum prestígio. Na vida profana, não conseguem ser nada além de meros serviçais, de mulas obedientes que cedem a todos os tipos de chantagem. Por isso, fazer parte de uma instituição de elite (isso mesmo, de elite!) como a Maçonaria produz neles a ilusão de serem importantes; ajuda a mitigar um pouco a dor crônica que os espinhos da incompetência e da mediocridade produzem em suas personalidades enfermas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O segundo em quase tudo se equipara ao primeiro, porém com algumas notáveis exceções.</div>
<div style="text-align: justify;">
Capacitado e instruído, em geral ele é uma pessoa bem sucedida na vida. Sofre, porém, desse grave desvio de caráter conhecido pelo nome de “Narcisismo”, que o torna ainda pior do que o seu êmulo sem instrução. Ávido colecionador de medalhas, títulos altissonantes e metais reluzentes, este maçom é uma criatura pedante e intragável, que todos querem ver distante. No fundo ele também é um ser que se sente rejeitado; sua alma é um armário de caveiras e a sua mente um antro habitado por fantasmas imaginários. Julgando-se o centro do Universo, na Maçonaria ele obra para que todas as atenções fiquem voltadas para si, exigindo ser tratado com mais respeito do que os irmãos que atuam em áreas profissionais diferentes da dele. Pobre do irmão mais jovem e mais capacitado que cruzar o seu caminho, que ousar apontar-lhe uma falta, que se atrever a lançar-lhe no rosto uma imperfeição sua ou criticar o seu habitual pedantismo! O seu rancor se acenderá automaticamente e o que estiver ao seu alcance para reprimi-lo e intimidá-lo ele o fará, inclusive lançando mão da famosa frase, própria do selvagem chefe de bando: “Sabe com quem está falando!!!” Desse modo ele acaba externando outra vil qualidade, que caracteriza a personalidade de todo homem arrogante: a covardia.</div>
<div style="text-align: justify;">
O número de irmãos que detesta ou despreza este tipo de maçom é condizente com a quantidade de medalhas que ele acumula na gaveta ou usa no peito. Na vida profana seus amigos não são verdadeiros; são cúmplices, comparsas, associados e gente que dele se acerca na esperança de obter alguma vantagem. E nisso se insere a mulher com a qual vive fraudulentamente. Todos os que o rodeiam, inclusive ela, estão prontos a meter-lhe um merecido chute no traseiro tão logo os laços de interesse que os unem sejam desfeitos. O seu casamento é um teatro de falsidades e o seu lar um armazém de conflitos. Raramente familiares seus são vistos em nossas festas de confraternização. Quando aparecem, em geral contrariados, não conseguem esconder as marcas indeléveis de infelicidade que ele produz em seus rostos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em sua marcha incessante em busca de distinções sociais que supram a sua insaciável necessidade de auto-afirmação, é comum vermos este garimpeiro de metais de falso brilho farejando outras organizações de renome, tais como os clubes Lyons e Rotary, e gastando nessas corridas tempo e dinheiro que às vezes fazem falta em seu lar. A Maçonaria, que tem a função de melhorar o homem, a sociedade, o país, e a família, acaba assim se convertendo em uma fonte de problemas para os seus familiares; e ele, em uma fonte de problemas para a Maçonaria.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um volume inteiro seria insuficiente para catalogar os males que este inimigo da paz e da harmonia pratica, este bacilo em forma humana que destrói nossa instituição por dentro, qual um cancro a roer-lhe as células, de modo que limitar-nos- emos a expor os mais comuns.</div>
<div style="text-align: justify;">
Incapaz de polir a Pedra Bruta que carrega chumbada no pescoço desde o dia em que nasceu, de aprimorar-se moral e intelectualmente, de lutar para subtrair-se das trevas da ignorância e dos vícios que corrompem o caráter; de assimilar conhecimentos maçônicos úteis, sadios e enobrecedores, para na qualidade de Mestre poder transmiti-los aos Aprendizes e Companheiros, o que faz o nosso personagem? Simplesmente coloca barreiras em seus caminhos, de modo a retardar-lhes o progresso! Ao invés de estudar a Maçonaria, para poder contribuir na formação dos Aprendizes e Companheiros, de que modo ele procede? Veda a discussão sobre assuntos com os quais deveria estar familiarizado, fomentando apenas comentários sobre as vulgaridades supérfluas do seu cotidiano! Ao invés de encorajar o talento dos mesmos, de ressaltar suas virtudes e estimular o seu desenvolvimento, o que faz ele? Procura conservá-los na ignorância de modo a escamotear a própria! Ao invés de defender e ressaltar a importância da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões para a evolução da humanidade, como ele age? Censura arbitrariamente aqueles cujas idéias não estejam em harmonia ou sejam contrárias às suas! Ao invés de fomentar debates sobre temas de importância singular para o bem da loja em particular e da Maçonaria em geral, como age ele? Tenta impedir a sua realização por carecer de atributos intelectuais que o capacitem a participar deles! E, nos que raramente promove, como se comporta? Considera somente as opiniões daqueles que dizem “sim” e “sim senhor” aos seus raramente edificantes projetos!</div>
<div style="text-align: justify;">
Tal como o maçom supersticioso, este infeliz em cujo peito bate um coração cheio de inveja e rancor nutre ódio virulento e indissimulado pela liberdade de expressão, que constitui um dos mais sagrados esteios sobre os quais repousam as instituições democráticas do mundo civilizado, uma das bandeiras que a Maçonaria hasteou no passado sobre os cadáveres da intolerância, da escravidão e da arbitrariedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dos atos indecentes mais comumente praticados por este falsário, o que mais repugna é vê-lo pregando “humildade” aos irmãos em loja, em particular aos Aprendizes e Companheiros, coberto da cabeça aos pés de fitões, jóias e penduricalhos inúteis, qual uma árvore de natal. Outro é vê-lo arrotando, em alto e bom som, ter “duzentos e tantos anos de Maçonaria” e exibindo o correspondente em estupidez e mediocridade. O terceiro é vê-lo trajando aventais, capas, insígnias, chapéus e colares, decorados com emblemas que lembram tudo, exceto os compromissos que ele assumiu quando ingressou em nossa sublime e veneranda instituição.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cego, ignorante e vaidoso, nosso personagem não percebe o asco que provoca nas pessoas decentes que o rodeiam.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como já foi dito, a Maçonaria serve apenas de vitrine para ele. Como não é possível permanecer sozinho dentro dela sem a incômoda presença de outros impostores –os quais não têm poder suficiente para enxotar–, ele luta ferozmente para afastar todo e qualquer novo intruso, imitando alguns animais inferiores aos humanos na escala zoológica, que fixam os limites de seus territórios com os odores de suas secreções e não toleram a presença de estranhos. Qualquer irmão que comece a brilhar ao lado desta criatura rasteira é considerado por ela inimigo. A luz e o progresso do seu semelhante o incomoda, fere o seu ego vaidoso. Por este motivo tenta obstaculizar o trabalho dos que querem atuar para o bem da loja; por isso recusa-se a transmitir conhecimentos maçônicos (quando os possui) aos Aprendizes e Companheiros, sobretudo aos de nível intelectual elevado, ou os ministra em doses pífias, para que futuramente não sejam tomados como exemplos e ofusquem ainda mais a sua mediocridade. Um maçom exemplar, íntegro, que cumpre rigorosamente os compromissos que assumiu quando ingressou em nossa Instituição, não raro converte-se em alvo de suas setas, pois seus olhos míopes não conseguem ver honestidade em ninguém; sua mente estragada o interpreta como potencial “concorrente”, que nutre interesses recônditos semelhantes aos seus.</div>
<div style="text-align: justify;">
O maçom arrogante mal conhece o significado de nossas belas e simples alegorias. Se as conhece, as despreza. Sua mente acha-se preocupada unicamente com o sucesso de suas empreitadas, em encontrar maneiras de estar permanentemente ao lado das pessoas cujos postos ambiciona. Fama e poder." - Maçonaria Feminina, Áurea Campopiano.'. [Eco e Narciso, de John William Waterhouse, 1903]</div>
</span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-67899650000038282802014-10-12T04:19:00.001-07:002014-10-12T04:19:26.842-07:00Do “conhece-te a ti mesmo” ao “torna-te o que tu és”: Nietzsche contra Sócrates em Ecce Homo. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSZwNPo2Lb_Sk5zx4h-YK6ZaiwgIloacvCmrVEaWk8DfN0s-AHCdvwzuDL8RyW0w3XuEt2W-o1UN-uIQUTgWTygdf_kzOnikuSoF8JAf3Nts5n8w6e0ImaImL3pdqbRzXG3letGoovkJT3/s1600/Torna-te+aquilo+que+%C3%A9s.+Friedrich+Nietzsche.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSZwNPo2Lb_Sk5zx4h-YK6ZaiwgIloacvCmrVEaWk8DfN0s-AHCdvwzuDL8RyW0w3XuEt2W-o1UN-uIQUTgWTygdf_kzOnikuSoF8JAf3Nts5n8w6e0ImaImL3pdqbRzXG3letGoovkJT3/s1600/Torna-te+aquilo+que+%C3%A9s.+Friedrich+Nietzsche.jpg" height="145" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 20px;">A partir de uma passagem interessante da autobiografia do filósofo (Nietzsche), trabalharemos dois imperativos gregos, o “Conhece-te a ti mesmo”,</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 20px;"> do oráculo de Delfos, e o “Torna-te o que tu és”, do poeta Píndaro. Ambos, quando trabalhados a partir da língua grega, se revelam ipsis verbis, e abordam um aspecto muito caro do pensamento de Nietzsche, porque tratam do movimento, do vir a ser. Essa abordagem é tratada na perspectiva da rivalidade de Nietzsche com Sócrates.</span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; display: inline; font-size: 14px; line-height: 20px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;">
Como compreender a máxima de Píndaro, o «Torna-te o que tu és.»? A frase, além de aparecer no subtítulo da obra em questão, aparece, no trecho mencionado, contraposta à outra máxima grega: a máxima de Delfos, atribuída ao oráculo da cidade de Delfos, mas também atribuída a Sócrates. Esta consciência da ignorância está expressa na frase de Sócrates “Só sei que nada sei” é o que permite aproximarmos a máxima do oráculo - o “conhece-te a ti mesmo”, à figura de Sócrates. Em vez de ignorar a própria ignorância, compraz-se em reconhecê-la. Daí a sua sabedoria.</div>
<div style="text-align: justify;">
A palavra grega para conhecimento é Gignosko. A máxima de Delfos assim diz: «Gnosi seautón». A primeira palavra é um verbo. O radical da palavra em questão é gen (ao formar a palavra gignosko, está também ligado a outra palavra: gignomai, vir a ser, tornar-se). Trata-se de uma extensa raiz de palavras, todas ligadas a geração, nascimento, origem, linhagem e família. </div>
<div style="text-align: justify;">
A palavra grega gignosko está ligada ao vir a ser pelo radical gen. O sentido socrático para o conhecimento desliga-se desse vir-a-ser, gignomai. Se entendermos que o gen se refere a tudo que nasce e perece e devém no tempo, a postura socrática está alçada pela possibilidade que negue o tempo e, com isso, negue o vir-a-ser. O conhecimento para Sócrates é o conhecimento da imortalidade da alma: aquilo que é, ou seja, que não nasce nem perece. </div>
<div style="text-align: justify;">
A palavra “tornar” está ligada, através do radical gen, a outro verbo, “conhecer”. </div>
<div style="text-align: justify;">
O radical gen, por sua vez, diz-se de tudo aquilo que nasce e perece. A máxima “torna-te o que tu és” é atribuída a Píndaro (o poeta que cantou as Odes Píticas). O imperativo da sua sentença “torna-te aquilo que és” foi cantado em função das façanhas de um desportista vencedor. </div>
<div style="text-align: justify;">
Então o que é que, além de uma palavra com semântica valiosa para os nossos pensamentos, a máxima de Píndaro nos pretende dizer? </div>
<div style="text-align: justify;">
Terá tudo a ver com o acto heroico. Quem é o herói e como se constitui o acto heroico? </div>
<div style="text-align: justify;">
A sentença: «Genói oíos essí matón», torna-te (faça-se) o que (qual) tu és, – eis aqui o radical gen que tanto nos diz. </div>
<div style="text-align: justify;">
Fica agora mais clara a aproximação entre a sentença de Delfos e a de Píndaro. O verso de Píndaro é quase uma paráfrase do Oráculo. Se relacionarmos a segunda parte de ambas as frases, percebemos que há semelhanças entre o “quem tu és” e o “a ti mesmo”. O subtítulo de Ecce Homo diz o seguinte: «wie man wird was man ist», ou seja, “como alguém se torna o que [se] é”. </div>
<div style="text-align: justify;">
A frase “torna-te o que tu és” não relega a noção de vir-a-ser com algo que nunca é, mas antes, de maneira paradoxal une o ser e o vir-a-ser. O conceito de amor fati é a tradução para essa relação do homem com o destino. Amar o destino nesse sentido não é meramente aceitar o destino, mas jogar com ele. Amar o destino não é querer ser amado, querer para si poder, domínio, força, mas jogar, agir, com o futuro, com o movimento deveniente. É “amar os desacertos da vida, os momentâneos desvios, e vias secundárias”. O devir é, por isso, identificado ao ser, e não separado dele. Essa compreensão aproxima-nos da figura de Heráclito, ao jogo da criança apresentado no fragmento DK 52: “Tempo é criança brincando, jogando; de criança o reinado”. </div>
<div style="text-align: justify;">
Pensar o tempo foi a última e a mais difícil tarefa de Nietzsche. O homem joga com o tempo na medida em que se compreende nele. Jogar é tomar parte do tempo, é querer o tempo. Nas palavras de Ecce Homo, é a citação de Píndaro que sugere a aproximação entre o vir a ser do tornar-se e o que é. Tornar-se o que se é, é a fórmula de Nietzsche para uma filosofia que pensa o futuro no presente. A filosofia de Nietzsche move-se por isso numa compreensão cósmica, em que compete ao homem jogar. A obra especificamente genial sob esse aspecto é Zaratustra que faz referência para o que está por vir, num constante elogio ao movimento “para a frente”. “Não pode a vontade querer para trás; não pode partir o tempo e o desejo do tempo – é esta a mais solitária angústia da vontade” (ZA/ZA, II, “Da Redenção”). Há, contudo, que entender que esse “para a frente” do tempo não é pensado separadamente com a eternidade. Se "Assim falou Zaratustra" e as outras obras de Nietzsche são marcadas pela referência e elogio ao tempo que passa, não esqueçamos que Nietzsche é também um entusiasta do eterno. O eterno e o passageiro, o ser e o devir, o tornar-se e o que é, mostram que Nietzsche não vê o mundo como uma dicotomia irreconciliável, mas como uma produção incessante no tempo. Tempo esse que não depende do homem, mas cuja grandeza deste depende de se identificar àquele A ordem dos acontecimentos não é medida pelo mero possível, distinto do efetivo, nem pela conjectura. Todo o pensamento que joga com conjecturas interpreta o já acontecido como possível de ter sido evitado, logo ele pensa o futuro na mesma medida. </div>
<div style="text-align: justify;">
A ponderação e a conjectura não são conteúdos do pensamento de Nietzsche, pois ele acredita que toda a existência humana ou não humana está situada numa irreversibilidade incalculável e inviolável, que, por vezes, ele denomina de "acaso". A palavra "acaso" denomina o que não tem causa, o que é sem causa. O problema é que Nietzsche apresenta uma compreensão da vida e da existência muito além de um mero acaso, sem cair nas garras da finalidade. Ele eleva a compreensão humana do todo ao patamar do necessário sem determinar o conteúdo ou a causa dessas finalidades, ou seja, sem o destituir da liberdade: “Quando vocês souberem que não há propósitos, saberão também que não há acaso: pois apenas em relação a um mundo de propósitos tem sentido a palavra ‘acaso’”. </div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez como nota conclusiva seja correta a afirmação de que filosoficamente, Nietzsche, assim como Sócrates, conduziu à aporia todos os saberes humanos. Vale também como afirmação certeira a de que o que se mantém na disposição cósmica da obra de Nietzsche permanece aquela mítica grega, em que as linhas do destino são traçadas e decididas para além da vontade dos homens ou dos próprios deuses. O que equivale a conferir aporia à compreensão humana.</div>
<div style="text-align: justify;">
[Do “conhece-te a ti mesmo” ao “torna-te o que tu és”: Nietzsche contra Sócrates em Ecce Homo, Revista Trágica: estudos sobre Nietzsche – 2º semestre de 2012 – Vol. 5 – nº 2]</div>
</span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-56433886987712281252014-10-02T01:22:00.002-07:002014-10-02T01:22:43.515-07:00Ainda, a importância de dizer NÃO!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZZ4GdPcI4Ja6OTDYhKahl7BGLxkChHw5GsPwvdSPJjD01eJMFq6F89WyRp0WzmpdBh9852uKqm2K0mA9o8ffIENEOkS0tiVyIHkCcZOglvyRYf0gm8gXKf-7d44OpX9fzFtTZrpHsiyQY/s1600/n%C3%A3o.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZZ4GdPcI4Ja6OTDYhKahl7BGLxkChHw5GsPwvdSPJjD01eJMFq6F89WyRp0WzmpdBh9852uKqm2K0mA9o8ffIENEOkS0tiVyIHkCcZOglvyRYf0gm8gXKf-7d44OpX9fzFtTZrpHsiyQY/s1600/n%C3%A3o.gif" height="184" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Dizer Não</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenarmo-nos em gado sob o comando de um pastor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade.» ~ Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1</span>'</div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-10878350233023222582014-09-23T01:37:00.001-07:002014-09-23T01:37:57.469-07:00«A Alemanha o País da prisão perpétua...» - A visão de José António Barreiros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY5-8onH48WG9HaTJJIrOVQ2EVW95MKQ_R9q34E5yyxFxubjrjw9NOX8yn4R9x6TiHZF0jDg1V2dBektemB-Y0zjhNHWD7R0st_Gj3b0PzWqG0nnSb5i2LCi_SL83azb7xLXCcXajWfqK7/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY5-8onH48WG9HaTJJIrOVQ2EVW95MKQ_R9q34E5yyxFxubjrjw9NOX8yn4R9x6TiHZF0jDg1V2dBektemB-Y0zjhNHWD7R0st_Gj3b0PzWqG0nnSb5i2LCi_SL83azb7xLXCcXajWfqK7/s1600/1.jpg" height="146" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mais um artigo do José António Barreiros, no seu blog "Patologia Social" a merecer registo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«A Alemanha o País da prisão perpétua...</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em causa a Convenção Relativa à Transferência de Pessoas Condenadas (Resolução da Assembleia da República nº 8/93 de 20/04, publicada no DR n.º 92, Série I, de 20 Abril 1993), numa dupla vertente: a da conversão de uma pena prevista no ordenamento estrangeiro que o nosso não preveja; a prevalência do nosso sistema legal sobre o estrangeiro onde ocorreu a condenação no que se refere à execução da pena, nomeadamente no que se refere à liberdade condicional. Decidiu-o o Acórdão da Relação de Lisboa de 11.09.2014 [proferido no processo 364/13.6YRLSB-A.L1 -9, texto integral aqui]</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Primeiro problema: «O arguido LT foi condenado, por decisão transitada em julgado, por tribunal estrangeiro em pena perpétua, pela prática de um crime de homicídio qualificado, por decisão proferida pelas autoridades alemãs, que só admitem a libertação do arguido, após 15 anos de cumprimento de pena». </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Isto é, estamos ante um Estado, o alemão, integrante da União Europeia, que admite a prisão dita perpétua, a qual pode dar azo à libertação quinze anos, porém, após o seu início, verificadas que sejam certas condições e que, se bem que na prática não gere a prisão por mais de vinte e dois anos, mantém aquela regra da perpetuidade tida como legítima.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mais um Estado que prevê que o homicídio voluntário seja punido com prisão até cinco anos e em «casos especiais graves» [que não se definem quais sejam] com prisão perpétua, isto é uma variação de penas que mais não é do que o arbítrio concedido à discricionariedade punitiva. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para os que têm o germanofilismo jurídico como farol interpretativo do nosso próprio Direito e como critério face ao que é justo porque legal, é caso para pensar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Assim se transcreve [ver aqui] o § 212 do Código Penal Alemão:</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«1) Wer einen Menschen tötet, ohne Mörder zu sein, wird als Totschläger mit Freiheitsstrafe nicht unter fünf Jahren bestraft.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«(2) In besonders schweren Fällen ist auf lebenslange Freiheitsstrafe zu erkennen.»</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Segundo problema: prevendo o nosso sistema jurídico condições de execução de pena, nomeadamente no que à liberdade condicional respeita, mais favoráveis do que as que estão previstas no ordenamento do País da condenação, qual deve prevalecer? O Acórdão em referência decidiu que será o português, antes de decorrido o tempo mínimo que a lei alemã previa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E assim ficou consignado que, fazendo triunfar os nossos princípios jurídicos: </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«I - Tendo-se procedido a revisão de sentença penal estrangeira, no âmbito da qual o Tribunal da Relação converteu para a pena máxima permitida pelo ordenamento jurídico criminal português (25 anos de prisão) a pena de prisão perpétua que havia sido aplicada na Alemanha a cidadão português que aí havia cometido homicídio, e tendo, seguidamente, o condenado, que ali cumpria a pena, sido transferido para Portugal, a seu pedido, para aqui cumprir o remanescente desta, passa a ser a lei portuguesa que, para futuro, regerá todas as questões atinentes à execução da pena. II - Na liquidação de pena dever-se-á fixar a data em que o condenado atingirá o meio da pena, para efeitos de apreciação e eventual concessão da liberdade condicional nesse momento (artigo 61.º, n.º 2, do Código Penal), o que no caso concreto ocorrerá decorridos 12 anos e 6 meses, ainda que atento o disposto no do § 57º do Código Penal alemão a libertação condicional de recluso em prisão perpétua pressuponha terem sido imprescindivelmente cumpridos 15 anos de prisão efetiva de encarceramento penitenciário.</span></span>»</div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-89345183908296718102014-09-20T11:18:00.000-07:002014-09-20T11:18:10.250-07:00Uma espécie de Justiça de "pão e circo"!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38HP1Y3ASIHsad8_hp1e9jrWvdjp6u0UD-LcjVSp5iZBzdkV1Bu_5Kc3_3oP0apq1SI5_wl5ylWHxnpdBFycUialsN8OClgH3j-CT2lxmbHv319Kpn1pPOc3GkbdKN69zFTcGZm2Ls1e7/s1600/beca-juiz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38HP1Y3ASIHsad8_hp1e9jrWvdjp6u0UD-LcjVSp5iZBzdkV1Bu_5Kc3_3oP0apq1SI5_wl5ylWHxnpdBFycUialsN8OClgH3j-CT2lxmbHv319Kpn1pPOc3GkbdKN69zFTcGZm2Ls1e7/s1600/beca-juiz.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS64Qc9HUHv9OBmIgCKuRyGpMsegJCNSmmQTjesg8RKA1X6U7-ZGXi2llT1OzrOMEwfoZOzADvXndmg59j_NaWnFTtST-CNvQfiF4ZULNNy2XU0kwr1xCx2sEb8aVmeqSNQCSlE1ghY8ie/s1600/toga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS64Qc9HUHv9OBmIgCKuRyGpMsegJCNSmmQTjesg8RKA1X6U7-ZGXi2llT1OzrOMEwfoZOzADvXndmg59j_NaWnFTtST-CNvQfiF4ZULNNy2XU0kwr1xCx2sEb8aVmeqSNQCSlE1ghY8ie/s1600/toga.jpg" height="320" width="212" /></a></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Uma semana absolutamente surrealista para a Justiça, ou que (pouco ou nada) sobra dela!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Primeiro, o sucateiro Godinho leva um golpe de rins que sugerem que a sua visão possa ter a forma de quadradinhos por mais de uma década. Vara, à custa de robalos e alheiras, fica-se por um par de anos, mas em pena suspensa, com certeza, que as alas VIP dos estabelecimentos prisionais ainda não servem tais iguarias. Maria de Lurdes Rodrigues é apanhada por causa de uma coisita de nada, um ajuste directo com adjudicação para um trabalho que uns dizem que não chegou a ser feito e outros dizem que nem foi pago. Vara e Maria de Lurdes Rodrigues até podem nem ser farinha do mesmo saco, mas com agravantes para um e atenuantes para outro, a semana foi uma dor de cabeça. Contudo, parece-me que com Maria de Lurdes Rodrigues há aqui qualquer coisa que soa a caça às bruxas e é bom deixar aqui as palavras de Francisco Proença de Carvalho: «... Condenando ou absolvendo, é fundamental que o sistema de Justiça mantenha um percurso sereno e alheio aos circos mediáticos e ao contexto de crise que assola a sociedade portuguesa. A Justiça deve sempre tomar apenas e só em conta o caso concreto, os factos, as provas e o Direito. E deve evitar cair na tentação de entrar no campo da moral, da opinião e das sentenças "exemplares".» </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Saiu o novo livro do jornalista Gustavo Sampaio, “Os Facilitadores” – o mesmo que escreveu “Os Privilegiados” em que este dá conta de como se fazem os negócios mais poderosos do país nas sociedades de advogados? Parcerias Público-Privadas(PPP), contratos ‘swap', ajustes directos e sem concurso no Estado, privatizações de grandes empresas públicas, grandes concessões. Passa tudo pela mãozinha e pela cabecinha das grandes sociedades de advogados, representantes dos interesses dos maiores grupos económicos e financeiros. Todos os grandes negócios passam por estes influentes ex-políticos e políticos no activo em regime de acumulação, provando que os advogados das grandes sociedades são uma espécie de "vasos comunicantes, fornecedores de contactos, intermediários de relações, facilitadores de negócios, produtores de blindagem jurídica, depositários de informação sigilosa, gestores de influências, criadores de soluções" numa espécie híbrida de "lobbycracia". </span></span></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Segue-se uma fantochada em que o tribunal absolveu Oliveira e Costa e Dias Loureiro. Aleluia! A juíza - que deve ser pessoa atinada e de bom senso! - considerou o tribunal comum incompetente para apreciar a acção do BPN contra Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros ex-responsáveis do grupo, anuindo à argumentação da defesa de que a acção seria da competência dos tribunais do comércio (tese que já fora apresentada pela defesa dos réus, e absolveu na primeira instância Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros antigos responsáveis do Grupo BPN/SLN). O despacho da juíza da 11ª Vara Cível de Lisboa, é categórico: "julgo procedente a excepção da incompetência das varas cíveis em razão da matéria quanto aos pedidos de condenação dos RR [réus] a pagar à A [BPN] indemnização e, consequentemente, absolvo da instância os RR [réus].", "a acção da responsabilidade de membros da administração para com a sociedade é da competência dos tribunais do comércio." Estão em causa, segundo o despacho que separou os processos cíveis do criminal, um pedido de indemnização do BPN de 42 M€. A decisão diz respeito a 6 ex-responsáveis do Grupo BPN/SLN: Oliveira e Costa, ex--líder do BPN, Dias Loureiro, Luís Caprichoso e Francisco Sanches, ex-administradores da SLN e do BPN, SGPS, Jorge Jordão, ex-administrador da SLN, e António Franco, ex--administrador do BPN. O BPN já apresentou um recurso no Supremo Tribunal de Justiça. Entretanto, a juíza também recusou o pedido do BPN para que fosse declarada "a nulidade, por simulação, da separação de bens e de partilha" entre Oliveira e Costa e a mulher. salvando-o de pagar a indemnização pedida pelo BPN. Uma juiza com muito "juízo" pariu uma sentença (des)ajuizada! Que extraordinário espectáculo teatral! Uma trágico-comédia digna da falência do sistema judicial a que se assiste, do balcão às galerias! </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Segue-se, quer se queira quer não, o primeiro passo para a legalização do lobbying, com a conclusão do despacho de arquivamento do Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra relativamente ao caso Tecnoforma que envolve Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e Paulo Pereira Coelho. No despacho, o procurador do DIAP de Coimbra refere que, feita a investigação, "não pode afastar-se" que os responsáveis da Tecnoforma "não tenham tido um acesso facilitado (ou próximo dos decisores políticos) a toda a informação para assegurar o sucesso da iniciativa" e que "através de processos ou termos não completamente esclarecidos, poderão ter influenciado" o estabelecimento das condições de um Protocolo celebrado entre as secretarias de Estado da Administração Local e a secretaria de Estado dos Transportes. Não obstante, o MP entende que a terem existido tais contatos prévios entre responsáveis da Tecnoforma e governantes, "essa atividade não tem que ter um enquadramento necessariamente ilícito do ponto de vista penal (que não é ético ou moral), sendo susceptível de ser tratada no quadro de uma atividade legítima de participação dos administrados nas decisões da administração". Ou seja, "lobbying". Já nos tinha fugido o chão debaixo dos pés agora voou o telhado. Faça-se tudo a céu aberto na paz dos anjos. </span></span></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Só para descansar os meus amigos laranjas, clementinas, tangerinas, toranjas e outros afins informo que os crimes de que o primeiro-ministro é acusado já prescreveram. Os tais "alegados" 150 mil euros que Coelho recebeu da Tecnoforma quando era deputado, em regime de exclusividade, que fariam dele um suspeito do crime de fraude e falsificação de documentos, crimes que as más línguas denunciaram, são um inconseguimento jurídico, porque ocorreram entre 1997 e 1999. Ora, como graças aos santinhos luciferianos, tudo está devidamente prescrito, a investigação nem o chega a ser e Passos nem tem de se incomodar a levantar o dito cujo da cadeira para prestar declarações, nem terá sequer que pagar o imposto em falta porque essa obrigação caduca ao fim de quatro anos. Bem que eu ontem dizia que isto nem lhe tiraria uma horita de sono no fim de semana. Coelho está felicíssimo por ser o Primeiro nesta terra de Alices. </span></span></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E nós, estupefactos ou talvez já nem por isso, a ver o circo passar, atirando pão a quem assiste à morte da Justiça numa arena romana em qualquer viela deste nosso Portugal!</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-24825191348551081852014-09-20T06:56:00.001-07:002014-09-20T06:56:47.644-07:00"As crianças como armas" de arremesso - Uma reflexão a partir da opinião do Paulo Pereira de Alemida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtIwOq2YDjmoJCE0_sqg-m8bY0EjMGNE_KcKHDZongRgku90q_EYK8LCFFBDrEPBPOdfWS4-aKzIlp5825SyqH917bzvnXq5WWeOkevt4airX3IhKTSgMRHgmn9aLwVIp7-6VxSx9HoY6C/s1600/1c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtIwOq2YDjmoJCE0_sqg-m8bY0EjMGNE_KcKHDZongRgku90q_EYK8LCFFBDrEPBPOdfWS4-aKzIlp5825SyqH917bzvnXq5WWeOkevt4airX3IhKTSgMRHgmn9aLwVIp7-6VxSx9HoY6C/s1600/1c.jpg" height="233" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin_T2GJAOfmdqJQPFQBWm-YuptDgIwUPLI8Wk-5AL_IdQd8Qgrei7tIombUXREH-hoGaVIGURo5uJRE_9gpKvOYdtdRhXSHHBa6pexNVGJSZVr1dEhes5xmzW-9i7yvun50Aq_bEpc4DEw/s1600/1d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin_T2GJAOfmdqJQPFQBWm-YuptDgIwUPLI8Wk-5AL_IdQd8Qgrei7tIombUXREH-hoGaVIGURo5uJRE_9gpKvOYdtdRhXSHHBa6pexNVGJSZVr1dEhes5xmzW-9i7yvun50Aq_bEpc4DEw/s1600/1d.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZXvMKlyvFrwm6qODZO_h7ACTXa5gPL6ovWigdS3R36tRMk6BzQRP8RJ6ZivZ_3i_SjzySwKsak6ycsEUhQbGAKbxwi0YTkOURVrriKEq2vzAOsKzvZJmTUcBYzBxo5R5v835-3AIedyE4/s1600/1a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZXvMKlyvFrwm6qODZO_h7ACTXa5gPL6ovWigdS3R36tRMk6BzQRP8RJ6ZivZ_3i_SjzySwKsak6ycsEUhQbGAKbxwi0YTkOURVrriKEq2vzAOsKzvZJmTUcBYzBxo5R5v835-3AIedyE4/s1600/1a.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«... Como seres humanos em desenvolvimento e em crescimento, as crianças são - naturalmente - vulneráveis e manipuláveis, estão dependentes da vontade e das ideias de quem por elas é responsável. Cabe - portanto - a quem tem essa responsabilidade saber exercê-la de um modo adulto, saudável, legal, e - de preferência - moralmente aceitável.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A realidade não é - todavia - esta. Os casos em que crianças inocentes são utilizadas como armas varia e é - até um certo ponto - mais ou menos aceite e tolerada pela hipocrisia social ou pela indiferença que orienta muitos dos comportamentos em sociedades onde as solidariedades orgânicas de outrora já pouco ou nada funcionam. Assim sendo, temos situações extremas de recrutamento de crianças para as fileiras de movimentos de guerra e de guerrilha, para movimentos terroristas e fundamentalistas religiosos, sendo estas crianças privadas de qualquer esperança num futuro enquadrado e numa vida de paz e de desenvolvimento harmonioso. Temos - depois - as crianças que são empregues como escudos humanos em situações de conflito aberto e que são submetidas a riscos de vida diários e constantes, sendo estas privadas de uma visão equilibrada e pacífica do mundo, o qual passam a ver como um local de permanente conflito e de guerra, um local atreito a ódios e a guerras motivados pela origem racial e pelo conflito étnico. Temos - ainda - as crianças abusadas sexualmente e obrigadas a iniciar uma vida sexual demasiado cedo ou como relação de dependência de um/a abusador/a, sendo estas amputadas muito cedo do direito e da possibilidade de viverem mais tarde uma vida sexual plena, de acordo com as escolhas que a sua natureza e o seu desenvolvimento físico, emocional, e psicológico lhes deveria possibilitar. Temos - em quarto lugar - as crianças que são vítimas de situações de divórcios e que são utilizadas por um dos progenitores, ou por ambos, para a obtenção de vantagens pecuniárias, para chantagens de circunstância ou para arremesso de frustrações de adultos incapazes, sendo estas igualmente privadas de um desenvolvimento saudável e de uma visão de família e de laços e de relações sociais escorreitas e saudáveis. E temos - finalmente - as crianças que são manipuladas e manipuláveis pelos pais, seja para estarem à chuva e ao frio num protesto - seguramente legítimo - pelo fecho de uma escola, seja para estarem no treino de um qualquer clube de futebol, ou numa qualquer audição para um anúncio de TV do momento, ou para uma telenovela da moda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em qualquer um destes casos, uma coisa é certa: as crianças são as vítimas e os adultos os cobardes. Dizer o contrário, tentar fazer acreditar que qualquer uma destas situações é tolerável deve ser - a todos os títulos - social e moralmente condenável.» Paulo Pereira de Almeida, DN</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-80991439838425787132014-09-11T00:45:00.000-07:002014-09-11T00:45:00.710-07:0011 de Setembro - E de como o Mundo mudou!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLgT2bCChKNgjDd8fdDvH6k0MbazQv18lyPMCzXuCBStcSoh510ZA-IzxF9pyODzq7iJImr4VX-E5lk4jjMuiw4wQcx7StuictY7Cdrhdf0okeB37GHVg2ZYF_2FLsrikUrgp0rZeOBwUK/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLgT2bCChKNgjDd8fdDvH6k0MbazQv18lyPMCzXuCBStcSoh510ZA-IzxF9pyODzq7iJImr4VX-E5lk4jjMuiw4wQcx7StuictY7Cdrhdf0okeB37GHVg2ZYF_2FLsrikUrgp0rZeOBwUK/s1600/1.jpg" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiBkCLxfzRaD6Fku101qlvi7B4BLhCDB48CFby3gTY4Klm19oDBtcXhgE2efzEaP-15YBmpE1tzKu_4SZwnVYmTvNJIZq5Hb-1tHl3B-OPvFWye2ByiHomh43fIArxXYmwIqPW4BEupnqk/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiBkCLxfzRaD6Fku101qlvi7B4BLhCDB48CFby3gTY4Klm19oDBtcXhgE2efzEaP-15YBmpE1tzKu_4SZwnVYmTvNJIZq5Hb-1tHl3B-OPvFWye2ByiHomh43fIArxXYmwIqPW4BEupnqk/s1600/2.jpg" height="320" width="286" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMpn5_mVFP3DeWLqqaEDbc5gk7bwbep2CYYLfovQGySroCDPKceia1XYDBAbLzlh98u12FXM3HMaaE9u2W6eQ1-YZS9ghcr4jFA75EqNUINzPB-0tXPSUObzOMAZHvkEMh91CSuXb6p653/s1600/3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMpn5_mVFP3DeWLqqaEDbc5gk7bwbep2CYYLfovQGySroCDPKceia1XYDBAbLzlh98u12FXM3HMaaE9u2W6eQ1-YZS9ghcr4jFA75EqNUINzPB-0tXPSUObzOMAZHvkEMh91CSuXb6p653/s1600/3.jpg" height="320" width="242" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O artigo é extenso mas de qualidade. Autoria do meu querido amigo Jorge Silva Carvalho, perito reconhecido nesta área. Fala do 11 de Setembro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«11 de Setembro</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A Mudança induzida pelos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há poucos acontecimentos que, por si, mudam a forma como vivemos, pensamos ou apreendemos a realidade. Assinalou-se este ano o décimo 'terceiro' aniversário de um desses acontecimentos, o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque. Foi um acontecimento decisivo, um ‘game changer’, não somente pela ignomínia dos crimes cometidos naquele dia mas porque, depois dele, o mundo mudou e não apenas no estrito domínio da segurança nacional e internacional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mudou radicalmente a prioridade na luta contra o terrorismo, tendo o problema do terrorismo sido elevado a ameaça principal, ocupando o vazio parcial deixado pelo conflito ideológico da guerra-fria. Desde esse momento passou a ser uma directriz indiscutível para as políticas externas dos diferentes países, em particular os do mundo ocidental. Em parte, por força desse dia foram iniciados conflitos, que ainda hoje continuam bem vivos e com efeitos globais, tais como o Iraque, o Afeganistão, etc..</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mudaram as políticas de segurança nacional, em particular na sua vertente de segurança interna, tendo os próprios conceitos sido testados ao limite. Restringiram-se liberdades fundamentais, na medida em que muitos países introduziram legislação que mudou o conceito de direito de opinião e mudou o conceito de liberdade religiosa. Mudou o léxico sobre terrorismo e islamismo, tendo aumentado os estudos sobre religião em geral e sobre o islamismo em particular. Abriram-se novos debates e outros mudaram radicalmente, nomeadamente sobre o multiculturalismo e imigração. Mudaram, por adaptação e especialização, as forças militares e de segurança para este novo combate. Mudaram os ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais, as regras da cooperação judiciária, as regras de cooperação policial e de informações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em Portugal, em particular, país costumeiramente avesso à cooperação institucional, o princípio do combate terrorismo mudou radicalmente o espírito e a praxis de cooperação entre forças armadas, forças e serviços de segurança.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas sobretudo mudaram os comportamentos. As regras de segurança protectiva, em geral, mudaram tão profundamente que alteraram totalmente o modo de circulação internacional de pessoas e bens. Mudou o controlo de passageiros, mudou o comércio internacional de bens. Mudou a atenção sobre infra-estruturas críticas afectando quer as que eram propriedade dos Estados, quer as de propriedade privada. Os Estados foram forçados a investir fortemente nestes sectores tal como as empresas privadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O 11 de Setembro, apesar da sua aparente reduzida dimensão, quando comparado com outros conflitos ou actos criminosos e violentos, teve um impacto que mudou globalmente o mundo numa geração e constituiu, assim, um caso paradigmático da necessidade de dar a maior atenção a duas temáticas que são, actualmente, imprescindíveis na gestão da actividade pública, dos Estados, e na gestão da actividade privada, das empresas, a Gestão da Mudança e o Conhecimento, em particular o Conhecimento numa perspectiva exógena, de inteligência estratégica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vivemos numa era de globalização quase absoluta da actividade económica e financeira. As noções de mercado local, regional ou nacional perderam muita da sua importância pela tripla via da internacionalização generalizada das empresas, dos processos políticos e legislativos de integração de mercados económicos e financeiros e do desenvolvimento da sociedade da informação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Desta complexidade da envolvente resulta um elevado risco. Num ambiente macroeconómico tudo menos optimista, eventos com o impacto do 11 de Setembro podem, para além da mudança já referida, induzir mais restrições num factor já muito afectado pela crise económica e financeira, a confiança dos mercados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por estes motivos, os processos de mudança, como os que foram induzidos pelo 11 de Setembro têm de ser geridos em colaboração e em interacção permanente entre Estados mas, também, no seio dos diferentes Estados, entre os actores públicos e privados, numa perspectiva securitária mas, também, numa perspectiva de protecção dos interesses nacionais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Essa colaboração é obviamente pautada pelo interesse nacional e, em particular pelo interesse público que, infelizmente, no momento actual e nas áreas mais insuspeitas, muitos confundem com interesse ‘do público’, pela forma pública como actos reservados do funcionamento do Estado têm de ser forçosamente expostos nos ‘media’. Assim, por exemplo na questão tão debatida - sempre muito mal debatida, diga-se -, da cooperação, da colaboração ou do apoio dos serviços de informações a empresas públicas ou privadas, é de referir que existe um princípio, à luz do qual essa questão deve ser equacionada, o do interesse estratégico da empresa para o Estado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A questão que se deve colocar é qual o critério para a definição de interesse estratégico. Uma empresa pode ser detentora de uma infra-estrutura crítica, pode ter um papel fundamental em sectores vitais para o Estado, sectores esses que podem variar consoante o momento, por exemplo, em plena crise financeira, a Banca é claramente um sector estratégico, enquanto que numa crise sanitária ou de saúde, a indústria farmacêutica e uma empresa farmacêutica pode passar a sê-lo. Mas essa relação pode, também, ser mais unilateral e uma empresa ser estratégica para o Estado para a prossecução dos interesses deste em matérias de política externa, de segurança nacional ou na simples facilitação da acção instrumental de determinados órgãos do Estado, como por exemplo os serviços de informações, sem que a própria empresa tenha disso conhecimento ou, tendo, nada ganhe com isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Neste caminho, pós-11 de Setembro, cometeram-se muitos erros, aqui e além talvez demasiados. Há sempre aproveitamentos, para concentrar poderes, para enriquecer de forma ilícita, mas, em geral, hoje estamos incomparavelmente melhores em todos os aspectos já referidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É de lamentar que Portugal tivesse, em termos de estrutura organizacional e em matéria de competências das estruturas de combate ao terrorismo, ficado aquém do ideal e, até, do necessário tendo, em alguns casos, os interesses corporativos prevalecido sobre o interesse nacional!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No entanto, hoje, os países em geral, os ocidentais em particular e sobretudo Portugal, estão mais competentes e sofisticados em termos da sua estrutura de segurança e informações e do respectivo funcionamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Esta evolução positiva tem sido algo comprometida pelo conjunto de medidas restritivas em termos orçamentais no sector público, avulsas e inconsequentes porque não pensadas estrategicamente, verificadas, pelo menos, nos últimos quatro anos e, em particular, nos últimos dois anos. Se a crise financeira aconselhava, e criava uma janela de oportunidade para a reforma neste sector do Estado optou-se antes por evitar e adiar decisões, preferindo-se uma lógica de cortes orçamentais sucessivos, insignificantes quando isoladamente considerados, mas que, cumulativamente prejudicam de forma inexorável a capacidade de funcionamento de um conjunto de serviços necessários e essenciais do Estado, mantendo-se ficcionadamente uma estrutura que, não só o país não pode, no contexto actual, suportar, como mantém muitos dos vícios de sempre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Acresce que, esta situação foi exacerbada por algum excesso de conservadorismo na separação ente sector público e privado, em alguns casos ideologicamente justificado noutros apenas motivados por puro oportunismo político, e até, por algum enquistamento conceptual e falta de cultura cívica, que perpassa por vários sectores da sociedade, da política às magistraturas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Enfim, pessoalmente, tive a oportunidade de participar, nacional e internacionalmente, de forma directa ou indirecta, em quase todas as alterações referidas. O período de 2001 a 2010, foram anos duros e muito trabalhosos, mas profundamente recompensadores, dos quais guardarei muitas e boas recordações!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Todos os anos, neste dia, recordo-me disto tudo e todos os anos, neste dia, penso nas pessoas que morreram naquele fatídico dia 11 de Setembro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Faço por recordar para, em última análise, me recordar porque é que temos de ter um serviço público eficaz, em particular serviços de informações e forças de segurança eficazes e não apenas instituições 'faz-de-conta'. É que o Estado emana da sociedade, sociedade essa que é constituída por pessoas individuais e colectivas que merecem ser protegidas com eficácia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Assim, é necessário ter a perfeita noção de que estas mudanças são inevitáveis. Acontecimentos como o 11 de Setembro são inevitáveis, mesmo quando queremos acreditar ou quando nos querem fazer acreditar que não. A preparação é fundamental para antecipar a Mudança ou para a liderar o melhor possível.» Artigo escrito em Setembro de 2013 e publicado pela revista Plano.</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-37153777916522795382014-08-31T06:59:00.001-07:002014-08-31T06:59:30.884-07:00E como dizia Pessoa: «Há três espécies de Portugal....»<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6YRGe0uFLE90gofxUBEw4WOCkC4fnf-wY5YFYEuK4tflgg3lm2eAKYvd4zC5rDdcAuiI9N34-ynHh9umVflzxLJH-QldLgPQIH4kglto6dJ0bzxVR_jOLGkWWc0it0i8DKBSjZxf3zVF5/s1600/descobrimentos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6YRGe0uFLE90gofxUBEw4WOCkC4fnf-wY5YFYEuK4tflgg3lm2eAKYvd4zC5rDdcAuiI9N34-ynHh9umVflzxLJH-QldLgPQIH4kglto6dJ0bzxVR_jOLGkWWc0it0i8DKBSjZxf3zVF5/s1600/descobrimentos.jpg" height="209" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeRcfXw4apAc1UCc4YMi2JascJjXZCKUv69mDNewPMdlodoc4RYCGxJcxtz9WytbRFbfiQXaxg5LGOGjFVM_N2kaohuRqNT5JN5mIH7IOL8X1A3KPAfgolnPRUqM9ptgbe8dkP8qYddI2t/s1600/descobrimentos1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeRcfXw4apAc1UCc4YMi2JascJjXZCKUv69mDNewPMdlodoc4RYCGxJcxtz9WytbRFbfiQXaxg5LGOGjFVM_N2kaohuRqNT5JN5mIH7IOL8X1A3KPAfgolnPRUqM9ptgbe8dkP8qYddI2t/s1600/descobrimentos1.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk99QtpEfUakLLK3bAahm19G8CcRfp3RNI9Aem5wuUc7ZnC6w6C3P8DNL0YR3Ai95SoiV_LqE8z5bxWGiRXRE_Wfmml00_-s33QkD2_6zooZYvmhGgTar3NdKShGg93nUbCl9oQ8XyxkDH/s1600/descobrimentos-esfera+manuelina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk99QtpEfUakLLK3bAahm19G8CcRfp3RNI9Aem5wuUc7ZnC6w6C3P8DNL0YR3Ai95SoiV_LqE8z5bxWGiRXRE_Wfmml00_-s33QkD2_6zooZYvmhGgTar3NdKShGg93nUbCl9oQ8XyxkDH/s1600/descobrimentos-esfera+manuelina.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMiOsYe-jr3qLK5HZMigismwtoFnzLW-2tnYDbSfAl8C1hSqsO_CAR1NyUAq9AyXqWwTOwDFvOc_773wa4omIZElxHM6h5BtD5UuKfgoVm75WGHtztkOJPdCX5AE4j1ZDYUAcW1idSuEJ/s1600/descobrimentos-espada+bussola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMiOsYe-jr3qLK5HZMigismwtoFnzLW-2tnYDbSfAl8C1hSqsO_CAR1NyUAq9AyXqWwTOwDFvOc_773wa4omIZElxHM6h5BtD5UuKfgoVm75WGHtztkOJPdCX5AE4j1ZDYUAcW1idSuEJ/s1600/descobrimentos-espada+bussola.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Há três espécies de Portugal, dentro do mesmo Portugal; ou, se se preferir, há três espécies de português.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Um começou com a nacionalidade: é o português típico, que forma o fundo da nação e o da sua expansão numérica, trabalhando obscura emodestamente em Portugal e por toda a parte de todas as partes do Mundo. Este português encontra-se, desde 1578, divorciado de todos os governos e abandonado por todos. Existe porque existe, e é por isso que a nação existe também.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Outro é o português que o não é. Começou com a invasão mental estrangeira, que data, com verdade possível, do tempo do Marquês de Pombal. Esta invasão agravou-se com o Constitucionalismo, e tornou-se completa com a República. Este português (que é o que forma grande parte das classes médias superiores, certa parte do povo, e quase toda a gente das classes dirigentes) é o que governa o país. Está completamente divorciado do país que governa. É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há um terceiro português, que começou a existir quando Portugal, por alturas de El-Rei D. Dinis, começou, de Nação, a esboçar-se Império. Esse português fez as Descobertas, criou a civilização transoceânica moderna, e depois foi-se embora. Foi-se embora em Alcácer Quibir, mas deixou alguns parentes, que têm estado sempre, e continuam estando, à espera dele. Como o último verdadeiro Rei de Portugal foi aquele D. Sebastião que caiu em Alcácer Quibir, e presumivelmente ali morreu, é no símbolo do regresso de El-Rei D. Sebastião que os portugueses da saudade imperial projectam a sua fé de que a famí1ia se não extinguisse.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Estes três tipos do português têm uma mentalidade comum, pois são todos portugueses mas o uso que fazem dessa mentalidade diferencia-os entre si. O português, no seu fundo psíquico, define-se, com razoável aproximação, por três característicos: (1) o predomínio da imaginação sobre a inteligência; (2) o predomínio da emoção sobre a paixão; (3) a adaptabilidade instintiva. Pelo primeiro característico distingue-se, por contraste, do ego antigo, com quem se parece muito na rapidez da adaptação e na consequente inconstância e mobilidade. Pelo segundo característico distingue-se, por contraste, do espanhol médio, com quem se parece na intensidade e tipo do sentimento. Pelo terceiro distingue-se do alemão médio; parece-se com ele na adaptabilidade, mas a do alemão é racional e firme, a do português instintiva e instável.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A cada um destes tipos de português corresponde um tipo de literatura.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O português do primeiro tipo é exactamente isto, pois é ele o português normal e típico. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O português do tipo oficial é a mesma coisa com água; a imaginação continuará a predominar sobre a inteligência, mas não existe; a emoção continua a predominar sobre a paixão, mas não tem força para predominar sobre coisa nenhuma; a adaptabilidade mantém-se, mas é puramente superficial — de assimilador, o português, neste caso, torna-se simplesmente mimético.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O português do tipo imperial absorve a inteligência com a imaginação — a imaginação é tão forte que, por assim dizer, integra a inteligência em si, formando uma espécie de nova qualidade mental. Daí os Descobrimentos, que são um emprego intelectual, até prático, da imaginação. Daí a falta de grande literatura nesse tempo (pois Camões, conquanto grande, não está, nas letras, à altura em que estão nos feitos o Infante D. Henrique e o imperador Afonso de Albuquerque, criadores respectivamente do mundo moderno e do imperialismo moderno) (?). E esta nova espécie de mentalidade influi nas outras duas qualidades mentais do português: por influência dela a adaptabilidade torna-se activa, em vez de passiva, e o que era habilidade para fazer tudo torna-se habilidade para ser tudo.» - FERNANDO PESSOA, Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-503596547941768262014-08-31T06:54:00.002-07:002014-08-31T06:54:30.111-07:00"Banco bom, banco mau, ou parábola (politicamente incorrecta)" - Ana Luísa Amaral<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjttPAA39LL6HotjrYdUF46wHe9x8GIRvYkQCdodrNFILqm5bF_O9U_XejXJu_H7Wd4n_hSW4KJL7HetoMw5am6e_ipNuScLpHwEIUTwjAw5UxkcmQfUUhDn_CryIi1Gar8FIKRPXEatKNR/s1600/BES-Banco+Bom+Banco+Mau.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjttPAA39LL6HotjrYdUF46wHe9x8GIRvYkQCdodrNFILqm5bF_O9U_XejXJu_H7Wd4n_hSW4KJL7HetoMw5am6e_ipNuScLpHwEIUTwjAw5UxkcmQfUUhDn_CryIi1Gar8FIKRPXEatKNR/s1600/BES-Banco+Bom+Banco+Mau.jpg" height="226" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Banco bom, banco mau, ou parábola (politicamente incorrecta), artigo da Ana Luísa Amaral</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«“Espelho meu, espelho meu, haverá banco de espírito mais santo do que o meu?” Isto perguntava o rei, enquanto se mirava e remirava em frente do seu espelho luzidio, agora rasgado ao meio... </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“Espelho meu, espelho meu, haverá banco de espírito mais santo do que o meu?” Isto perguntava o rei, enquanto se mirava e remirava em frente do seu espelho luzidio, agora rasgado ao meio, uma brecha em ziguezague, muito bem concebida pelos seus ministros e depois executada pelos lacaios que ronronavam, felizes, passeando pelo palácio, de barriguinha cheia, porque eram autorizados a comer os restos do faisão e das perdizes assadas que sobravam da mesa real.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas o espelho, cindido que estava, respondia a duas vozes. Ora dizia, do seu lado mais aforístico, e até razoavelmente culto: “O teu banco tem o espírito mais santo de todos, o teu banco é rico, logo, tu também o és”, ora afirmava, em tom cortante e incisivo: “O teu banco é mau.”</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por estranho que pareça, nenhuma das respostas inquietava muito o rei. É claro que a primeira lhe era mais tranquilizadora, sobretudo por ser lisonjeira. Mas a segunda também não o fazia perder o sono, que geralmente lhe surgia suave e repousado: é que, depois da declaração aparentemente sobressaltante, o segundo lado do espelho esclarecia, murmurando ao ouvido do rei “... mas não te preocupes, porque a ti propriamente não acontece nada, nem a ti, nem aos teus, nem aos ministros que te aconselham e protegem, e tu continuarás de espírito santo e rico”. E mais dizia, ainda em murmúrio: “Há uns bancos que conheço, os saxões chamam-lhes um nome estranho, diz-se offshore, que quer dizer fora da costa, como um navio ao largo. Não serão, claro, de espírito tão santo como parecia ser o teu, mas para o caso servem muito bem.”</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Estes esclarecimentos, ditos em sussurro pelo espelho, só pelo rei eram ouvidos, embora ele depois os transmitisse aos seus ministros, que se regozijavam. Escondidos atrás das portas, os lacaios iam ouvindo também, e o regozijo era-lhes igualmente grande, porque significava mais restos de perdizes assadas e de faisão.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porém, para qualquer camponês (ou camponesa, bem entendido, mas a partir de agora tudo surgirá no masculino, até porque esta é uma história politicamente incorrecta), saber que havia um “banco mau” e um “banco bom” era motivo de desassossego – palavra que, de resto, um jogral mais tarde até haveria de pôr em livro, embora lhe desse outro sentido. Mas os camponeses eram pouco esclarecidos, gente rude e sem instrução, pobrezinhos que, por mais que plantassem, pouco colhiam, e o pouco que colhiam era-lhes retirado, precisamente porque eram camponeses e rudes, e portanto merecedores de desprezo. Um círculo vicioso, ou, em linguagem mais popular, uma pescadinha de rabo na boca. E havia até ministros do rei, que, quando os camponeses mais jovens se queixavam, os aconselhavam, magnanimamente, a ir para as Cruzadas, dizendo que essa havia sido uma vocação campesina muito antiga; quanto aos camponeses mais velhos, era gleba até ao fim da vida, para eles aprenderem a não serem rudes, e a não terem idade já um pouco avançada, e a não enfermarem de, ainda por cima, serem pobres.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O que mais desassossegava os camponeses era precisamente a resposta a duas vozes. Como podia um banco onde se reflectiam espíritos e santos partir-se ao meio, como o espelho do palácio real, e tornar-se “banco bom” e “banco “mau”? Isto se perguntavam, sem resposta. É que eles sabiam pouco de sacos de moedas trocados de mão em mão, debaixo de mesas e de tronos, ou de favores a convidar a mais favores, ou de como era possível fazer guerras para encher ainda mais os sacos de moedas. Bom e mau, na língua dos camponeses, que eram a esmagadora maioria das criaturas que viviam naquele reino, eram palavras muito simples, que queriam dizer exactamente isso: ou seja, bom queria dizer bondoso, ou quase perfeito, e mau queria dizer maldoso, ou condenável. Como os padres, que eram visitas constantes no palácio real, lhes tinham ensinado, ser bom significava ainda ser recompensado mais tarde (que a recompensa tardava, mas havia de chegar depois, lá no Céu); ser mau significava arder nas chamas eternas do Inferno. E, na curta vida que era a deles, ser mau tinha as suas consequências: ir para a prisão, ser chicoteado, ou até decapitado ou enforcado. Isso era o que dava ser mau.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ora, decapitações ou enforcamentos, no caso do banco partido ao meio, nem vê-los. E chicote, também não. Nem sequer prisão. Claro que se dizia (mas isto eram rumores) que havia um ministro do rei que havia sido preso, mas era a fingir, porque de facto tinha-lhe bastado uma bolsa de moedas de ouro para ficar refastelado, a descansar no palácio do rei. Dizia-se até (mais rumores, decerto) que a bolsa lhe fora dada pelos outros ministros e que até o próprio rei lá tinha posto meia dúzia de moedas. E que mais reis haviam ajudado. Isto se dizia, entre os camponeses, mas eles eram, como se sabia, gente rude e pouco instruída. E, ainda por cima, pobre. Portanto, para eles não havia respostas. Quanto ao rei, eram sempre as mesmas duas, uma a seguir à outra, por vezes alternadas: ora “banco bom” e “banco mau”, ora “banco mau” e “banco bom”, sendo que a diferença, em termos práticos, era nenhuma.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Esta história não tem muito fim, nem é politicamente correcta, para desassossego de quem a possa um dia ouvir. Porque, à semelhança da imagem que aparece a meio, a do círculo vicioso, que em linguagem popular se diz pescadinha de rabo na boca, o fim é quase sempre igual e repetido. O rei continuou a olhar-se ao espelho, mais ou menos cindido, e a perguntar do seu espírito e do seu banco. Noutros reinos, outros reis iriam perguntar-se o mesmo. E, depois de um pouco de inquietação, todos descansariam com as respostas ouvidas, que diriam os seus bancos santos e de espírito promissor, mesmo podendo ser maus. E nada disto seria incongruente para eles, nem para os ministros, que haviam de descansar também, como os lacaios, espreitando atrás de portas, esperando colher as migalhas das mesas reais.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nada mudaria. Só os camponeses – e a mudança neles era mais uma questão de intensidade. Ou seja, ficariam cada vez menos instruídos, mais rudes e mais pobres, uns já sem Cruzadas para onde partir, porque os reinos eram todos mais ou menos parecidos, e isto aconteceria de uma forma global, os outros presos para sempre à gleba, até ao fim das suas vidas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A não ser que, um belo dia, mas isso só acontece nas histórias de fim imoral, pegassem nas enxadas e nas foices e nos ancinhos, e em tudo aquilo que estivesse à mão, e despedaçassem de vez todos os espelhos. Isto, claro, se conseguissem entrar nos palácios, o que era muito, muito difícil, e quase inverosímil. Mas não impossível.» - Artigo de Ana Luísa Amaral, escritora, publicado no jornal “Público” em 28 de agosto de 201</span></span>4</div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-57226474626893980362014-08-30T07:38:00.002-07:002014-08-30T07:38:43.602-07:00"Estado-Bucha e Estado-Estica" - Luis Nazaré, Jornal de Negócios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfKDfVqf5GfcaPdRmbyLUliN5HigSacUD8NmLg0pKdkYypkEyOpNGGHtDZBNRK2tTMO37SE2x95AvYUoUX4rCliC7C8rLUGjiEP7F3cXl5HdgNYHenSb_EkhHipdIDqTSSWyVRbnMFIvdm/s1600/sair+do+esgoto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfKDfVqf5GfcaPdRmbyLUliN5HigSacUD8NmLg0pKdkYypkEyOpNGGHtDZBNRK2tTMO37SE2x95AvYUoUX4rCliC7C8rLUGjiEP7F3cXl5HdgNYHenSb_EkhHipdIDqTSSWyVRbnMFIvdm/s1600/sair+do+esgoto.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdcebZ_jbYQN96njJFzX2yGm5BlErvuKSshgrbNfxh_9gYs40X7UAyQFoyu0sf7QuvIFL1SPT3Kcg9JXQE5Yeg0Hj2a1x2U9Ue2hxkJJmYAtR0nyeP83UTfoR0-7_5ovJjxPRqizjWxSEg/s1600/Sala+de+Velorio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdcebZ_jbYQN96njJFzX2yGm5BlErvuKSshgrbNfxh_9gYs40X7UAyQFoyu0sf7QuvIFL1SPT3Kcg9JXQE5Yeg0Hj2a1x2U9Ue2hxkJJmYAtR0nyeP83UTfoR0-7_5ovJjxPRqizjWxSEg/s1600/Sala+de+Velorio.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Estado-Bucha e Estado-Estica, por Luis Nazaré, Jornal de Negócios</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«Quem abomina o Estado nunca será competente na gestão da sua máquina – no limite, tudo fará para a exterminar.» </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«1. A primeira condição para se ser um bom profissional, em qualquer ramo, é gostar-se do ofício. Quem não gosta de jogar à bola nunca dará um bom futebolista, quem não se delicia com os prazeres da mesa nunca fará vida de chef. Quem abomina o Estado nunca será competente na gestão da sua máquina – no limite, tudo fará para a exterminar. Os apelos ao actual Governo para que avance no domínio da reforma do Estado só obterão como resposta novos cortes nas prestações sociais e nos salários dos funcionários públicos. Não adianta exigir-se-lhe mais. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Três anos bastaram para que o funcionamento da Administração Pública regredisse pelo menos uma década. Aos condicionamentos do programa de austeridade aliaram-se as tenazes burocráticas da Praça do Comércio, numa festa revivalista de controleirismo financeiro. Se lhes juntarmos um regime de contratação pública kafkiano, uma política de rebaixamento dos serviços e uma total inépcia reformadora da governação, encontraremos as razões para o desespero dos cidadãos e dos agentes económicos. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para trás, fica um rol de promessas caídas sem combate. A racionalização de organismos estatais, a eliminação de tecidos adiposos, a alienação programada de imóveis supérfluos e as economias na contratação de serviços externos são os exemplos mais gritantes. Sem surpresa, porque pouco ou nada se esperava, a desburocratização e a modernização administrativa foram varridas das preocupações governamentais. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">2. A reforma do Estado é uma tarefa árdua e instante. Sem um desígnio político e um programa de acção de médio-prazo, perseguido com abnegação e competência, a burocracia instalada e a inércia levarão sempre a melhor. Não se consegue transformar a máquina estatal num aparelho ao serviço dos cidadãos e das empresas através de cortes cegos, congelamento de aquisições, asfixia dos serviços, por mais que as circunstâncias orçamentais sejam difíceis. À parte as reduções salariais, a actual situação é a praia dos burocratas. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Uma vez assumida a prioridade política e assentes as responsabilidades públicas, o desafio chama-se gestão. Primeiro, há que fazer o trabalho de casa – analisar com a profundidade certa as atribuições e as estruturas organizacionais, dissecar os processos administrativos e operacionais, definir objectivos e métricas. Segundo, reengenhar. Terceiro, partir para o combate, com uma estratégia selectivamente radical e progressiva. Pelo meio, agregar as competências e os recursos necessários para assegurar o processo de transformação. Entre estes, os humanos são o nó górdio. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Décadas de administrativismo imobilista e de insuficiente rejuvenescimento dos quadros de pessoal transformaram muitos funcionários públicos, designadamente os seus dirigentes superiores e médios, em resistentes à mudança. Por outro lado, as sucessivas machadadas nas condições de trabalho das suas áreas especializadas conduziram à saída dos melhores e ao natural empobrecimento do leque de competências nobres – em particular, as económicas e as jurídicas. No actual contexto, é ilusório pensar que os recursos próprios da Administração Pública são bastantes para assegurar a condução ou o acompanhamento das matérias mais complexas e impactantes. Em quantidade e em qualidade, o Estado está magro de recursos humanos qualificados. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">3. No plano local, o cenário não é mais radioso do que na Administração central. Vítimas dos mesmos constrangimentos administrativos, as autarquias penam para se libertarem de atavismos internos e externos, num quadro de escassez de meios humanos qualificados e motivados. Para muitos, o caminho encontrado foi a criação das famigeradas empresas municipais como forma de agilizar a gestão (para alguns, sabemo-lo, o propósito foi bem menos virtuoso). Por pouco tempo, que o preconceito e a mão visível da Praça do Comércio lhes cortaram as pernas. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É, assim, com curiosidade que vamos assistir (iremos?) à passagem da gestão dos transportes urbanos de Lisboa e Porto para mãos camarárias. Se uns consideram que o movimento, idêntico ao da maioria das cidades europeias, faz todo o sentido, outros (por vezes, os mesmos) enjeitam-no por considerarem as câmaras incapazes de uma gestão eficiente. Enquanto o pau vai e vem, sei de uns quantos privados que aguardam tranquilamente pelo seu dia.»</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-25658484368849893132014-08-25T04:19:00.001-07:002014-08-25T04:19:50.111-07:00"E que tal se penhorassem um rim?" ou "ao ponto a que ainda havemos de chegar"!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdqGbA34jIkMDbLKBoegHKmyFv5586jaQ64YK2RbQY-rR0v7tZfF7e4BSGsXe5wUkLiqQmOU_Tl6-0s_kBj3quQ_OvWQoNNuMNE7rWBjoQ3OXdTAZtbYFuGcxEVyISwf0Kt7zRtaUlaK4/s1600/morto.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdqGbA34jIkMDbLKBoegHKmyFv5586jaQ64YK2RbQY-rR0v7tZfF7e4BSGsXe5wUkLiqQmOU_Tl6-0s_kBj3quQ_OvWQoNNuMNE7rWBjoQ3OXdTAZtbYFuGcxEVyISwf0Kt7zRtaUlaK4/s1600/morto.png" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"E que tal se penhorassem um rim?" pergunta o João Luis Barreto Barreto Guimarães</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«....Para o Governo não há doentes pobres, apenas delinquentes, por isso há que os acossar! Não interessa se a taxa moderadora é mais um imposto encapotado. Não lhes passa pela cabeça que não seja por vigarice (mas por mera pobreza) que a maioria desses doentes não paga uma factura que começa perigosamente a parecer uma despesa de medicina privada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ora, é pertinente recordar que dos 5052 processos instaurados nos tribunais judiciais de primeira instância para recuperar créditos entre Janeiro e Março deste ano, 61,3% não conduziram à liquidação efectiva da dívida, ou seja, quase dois terços ficaram efectivamente sem pagamento! E que das insolvências decretadas pelos tribunais, 68,2% correspondiam a pessoas singulares, isto é, mais de dois terços dos visados não tinham comprovadamente nada - rien, niente, nothing - com que pagar. Porquê? Porque já tinham perdido tudo: casa, carro, rendas, salário e dignidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas será que no Ministério da Saúde não há quem atinja que há doentes a quem as políticas da troika levaram tudo? Doentes que não fugiram - nem fugirão - para lado nenhum, somente sobrevivem na vergonha de não ter como pagar serviços aos quais, desesperadamente, vão continuar a precisar de recorrer? Ou será que essas luminárias vêem os doentes à imagem e semelhança de certos banqueiros, felizes por terem enganado o Estado em 10 euros, como se de 10 mil milhões se tratasse?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O triste, neste país, é que este tipo de injúria sobre quem já vive injuriado é para continuar. Assim como assim, tolhidos pela dor e pelo sofrimento, não tendo mais nada com que pagar, enquanto cada doente tiver dois rins as finanças podem sempre vir sobre um dos dois para pagar dívidas em falta, porque alguns pacientes, em desespero, são bem capazes de o entregar. Mas o melhor mesmo é calar-me, não vá estar para aqui a dar ideias. Esta gentinha já mostrou que é mesmo capaz de tudo.»</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-50090258508740431192014-08-24T00:52:00.001-07:002014-08-24T00:52:19.063-07:00"O SUPORTE DO SUCESSO" - O que realmente importa e o quanto importa para nós? <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQJIKmPmzJEuh2BMZYTKh2ZZgI-THaRcD9rqZSW7A3tuSJDHl5JmJvJd_VfhalsF_uFIOBRFy1duWRC2p68EGJuWW40wIcT76eq6n2Ek3QEcpDtVuY6ZSDBVxtEr60i3S0hk86WKPJzW6s/s1600/a+maior+casa+do+mundo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQJIKmPmzJEuh2BMZYTKh2ZZgI-THaRcD9rqZSW7A3tuSJDHl5JmJvJd_VfhalsF_uFIOBRFy1duWRC2p68EGJuWW40wIcT76eq6n2Ek3QEcpDtVuY6ZSDBVxtEr60i3S0hk86WKPJzW6s/s1600/a+maior+casa+do+mundo.jpg" height="226" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrWyHyBRIiEAoxO2Qrg37IUSzCCUdVVfM4sc8B_dwoR3zTPL49T2RlBWlOMS0R2hGtCqE0OcTRqYnXnHPuSmmDT_H0bpTFIFD1wn1yzdQ-7WU7rANUpprUjULPKLD9LDEGFjVkbxy611mW/s1600/Alfa+Romeo+8C+Competizione.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrWyHyBRIiEAoxO2Qrg37IUSzCCUdVVfM4sc8B_dwoR3zTPL49T2RlBWlOMS0R2hGtCqE0OcTRqYnXnHPuSmmDT_H0bpTFIFD1wn1yzdQ-7WU7rANUpprUjULPKLD9LDEGFjVkbxy611mW/s1600/Alfa+Romeo+8C+Competizione.jpeg" height="156" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPiTRYtigqUN-sMUXVpWJRFr5Q7vLPv0fugxOoFHJfBQsWtqazcEMKhWPsXqVbG94_XzW6CGioV8V3Za1P8oY91JesK2Wo0IV5bRRIPEW2BL1mu9zAXY7OU8wZzOV1wwvcWlJDnIe_IXNY/s1600/vaidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPiTRYtigqUN-sMUXVpWJRFr5Q7vLPv0fugxOoFHJfBQsWtqazcEMKhWPsXqVbG94_XzW6CGioV8V3Za1P8oY91JesK2Wo0IV5bRRIPEW2BL1mu9zAXY7OU8wZzOV1wwvcWlJDnIe_IXNY/s1600/vaidade.jpg" height="211" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Reflictamos sobre isto. "O SUPORTE DO SUCESSO" - O que realmente importa e o quanto importa para nós? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">«No que decidimos, quanto pesa o que os outros pensam sobre nós? Quão escravo me posso eu tornar da opinião dos outros? Há quem nunca chegue a ser quem é porque se perde em jogos de aparências. Como se o valor de alguém se medisse pela forma como os outros o veem. Isso é o falso sucesso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Preocupados com o que os outros pensam, fazemos muito para conseguir um elogio. Mas a verdade é que os louvores e as críticas valem o que vale quem os faz. Que importa pois agradar a muitos se nenhum deles for competente? Não será melhor uma palavra de louvor de alguém que sabe, do que o aplauso de uma multidão de ignorantes?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em busca do falso sucesso, muita gente pequena julga que é por pisar os outros que se faz maior. Julgam ficar com mais luz por encobrir a dos demais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Procuremos ser o melhor que nos for possível. Na exata medida de toda a nossa determinação. Não seremos os melhores. Mas, até nisso, a humildade é o que potencia os maiores aperfeiçoamentos, uma vez que quem se julga muito bem não se dará ao trabalho de se superar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Os orgulhosos são quase sempre inúteis. Enchem o peito de vazio e acham que ninguém repara. Julgam-se grandes, mas estão apenas inchados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Persegue-se uma espécie de sucesso que não existe. Tudo tem um preço e quase nunca é em dinheiro. As vidas que, tantas vezes, invejamos carregam, por baixo do brilho do ouro, crimes pesados contra a paz e a felicidade. Não só porque o verdadeiro sucesso é difícil de alcançar, mas também pela quantidade de coisas negativas que arrasta consigo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A vaidade e o orgulho intoxicam, de forma quase fatal, qualquer virtude ou mérito que acompanham.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há quem se veja sempre maior do que é. Quem teima em não aceitar que somos todos humildes e que sem humildade não há virtude alguma. Até o orgulho mais apurado se disfarça de humildade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Talvez só aqueles que vivem de perto com os que lutam pelo verdadeiro sucesso fazem ideia do que tal significa. Quantas vezes são eles os que mais acabam por perder? E que sofrem só de ver sofrer…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O suporte do sucesso é o trabalho invisível a que obriga. O risco que implica, uma vez que por si só, o trabalho não o garante. Quanto maior o sucesso, maior o risco de se perder e de fazer perder quem julga merecê-lo. Aliás, o sucesso quase nunca dura muito. É fugaz. Não há lugares seguros em lado algum.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Poucos admiram quem é capaz de manter a excelência no tempo. Reinventando-se. Lutando sempre pelo que pretende alcançar. A contínua aparição de novidades parece ser mais importante que a superação constante de um mesmo protagonista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O verdadeiro sucesso acontece como consequência de uma luta permanente de aperfeiçoamento em vista de algo nobre. Longe das luzes e dos outros. Porque a genialidade por maior que seja, sem trabalho, perde-se. Por maior e melhor orientado que seja o esforço, o sucesso não é garantido. E é um risco…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A fama atrai muito mais maldade, suspeita e inveja do que se julga. Os orgulhosos e vaidosos não gostam nada de quem lhes faça frente com a verdade. Poucas são as pessoas que aceitam bem que alguém seja melhor do que elas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não se deve avaliar ninguém pelo que consegue, mas sim por aquilo que pretende.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O orgulho impede-nos de ver quem somos. A vaidade leva-nos a ser escravos da opinião alheia. Porque nos iludimos com a possibilidade de um verdadeiro sucesso sem um preço elevado. O sucesso exige uma dedicação que implica sacrifícios. Alguns, de coisas bem comuns.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Qualquer coroa tem espinhos escondidos.» - José Luís Nunes Martins, jornal i, 23 de agosto de 2014</span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-83683657486831722002014-08-21T13:02:00.001-07:002014-08-21T13:02:09.456-07:00O que significa ser um seguidor De Molay, hoje?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGXmNctZNL0C9NlNX17Ok0IPzy59jCZHoiMK8EcnCpt5IoHzzKog63U0HXoP0g3T1KkgxOBYBbgqtjCpTi5IcpHrdRqan2zNA3BtYIsMDnLhLNhQ6f80VffHfnhJE0-CH9pf2YLtHNiU3Y/s1600/ascensionconsulamentum.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGXmNctZNL0C9NlNX17Ok0IPzy59jCZHoiMK8EcnCpt5IoHzzKog63U0HXoP0g3T1KkgxOBYBbgqtjCpTi5IcpHrdRqan2zNA3BtYIsMDnLhLNhQ6f80VffHfnhJE0-CH9pf2YLtHNiU3Y/s1600/ascensionconsulamentum.jpg" height="286" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Que é ser um seguidor De Molay hoje?</span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Segundo Ramon Llull, no seu Livro da Ordem de Cavalaria, “É um homem de virtudes.” </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Virtude (virtus), de vir (virilidade, vigor, homem, masculinidade). </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Conceitualmente, significa força, poder, eficácia de uma coisa, algo merecedor de admiração, que tornaria quem a possui uma pessoa melhor, moral e intelectualmente. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Desde Platão a Aristóteles, o conceito foi entendido, para o primeiro (virtudes cardeais), como uma capacidade de realizar uma tarefa determinada; para o segundo (virtudes morais ou excelência moral), como um hábito racional, que tornaria o homem bom. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Estas quatro virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança) — pontos referenciais para a potência do homem —, eram utilizadas por todos os pensadores medievais. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Tomás de Aquino ainda defendeu o conceito de virtude aristotélica como uma consequência dos hábitos humanos, mas sobretudo como uma hipótese de perfeição da potência (a capacidade de ser alguma coisa) voltada para a vida e para a acção. E aproveitou este sistema referencial para demonstrar que só as virtudes morais poderiam ser chamadas de cardeais, pois exigiriam a disciplina dos desejos (rectitudo appetitus), contribuindo assim, como mais nenhumas, para a virtude perfeita. Esta é a base de todas as citações medievais posteriores sobre as virtudes cardeais, inclusive de Ramon Llull, que se vale principalmente da ideia de virtude como um hábito.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Por outro lado, as virtudes teologais. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Encontram-se em São Paulo, na sua Primeira Epístola aos Coríntios. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Ao comentar o uso e a hierarquia dos carismas — um dos problemas cruciais do cristianismo primitivo — São Paulo, trata da importância da caridade (“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine”). No final desta passagem, São Paulo fala das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade, sendo que a caridade — no sentido grego de ágape, um amor de dilecção e de doação, que quer o bem do próximo, sem fronteiras, que busca a paz no sentido mais puro, o amor que é a própria natureza de Deus — e por isso a caridade é a maior de todas elas (Bíblia de Jerusalém, 1Cor, 13, 13, 2.166). </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
O capítulo VI do Livro da Ordem de Cavalaria expõe as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), virtudes cardeais (justiça, prudência, fortaleza e temperança) e os vícios ou sete pecados capitais (gula, luxúria, avareza, preguiça, soberba, inveja e ira). </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
A fé é o alicerce do cavaleiro: dela decorrem a esperança e a caridade. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Quanto à Justiça, através dela o cavaleiro teria o conhecimento do mal e a possibilidade de evitar as injúrias., as calúnias e as infâmias. Serviria ao cavaleiro todos os dias da sua vida e não somente em combate. Já a prudência sim, seria uma virtude sobretudo necessária na guerra. Com ela, o cavaleiro conheceria os presságios, o bem e o mal, esquivar-se-ía aos golpes e venceria as batalhas. Com a temperança, o cavaleiro viveria na perfeição filosófica, sem excessos nem faltas. Mas seria com a fortaleza que o cavaleiro combateria todos os vícios, os sete pecados que poderiam levá-lo às “...carreiras pelas quais vai-se aos infernais tormentos que não têm fim”.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
De todas as virtudes, a fortaleza seria a mais necessária ao cavaleiro, pois com ela combateria a luxúria, a avareza, a preguiça, a soberba e a inveja, pecados mortais que assolariam a cavalaria da época. Na descrição dos vícios, Ramon dá exemplos de como os cavaleiros eram tentados. Por causa de sua riqueza, necessária ao seu ofício, a soberba tentava o cavaleiro, montado no seu potente cavalo (podendo ser tentado a esquecer que é o cavalo que dá o nome ao cavaleiro e não ao contrário), guarnecido com todas as suas armas. Ele só teria forças para combater a soberba através da fortaleza e humildade, que o lembrariam a razão pela qual se tinha feito e tinha sido cavaleiro.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
O mais importante e concluindo.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
A proposta utópica do Livro da Ordem de Cavalaria nunca pôde realizar-se. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
O século XIV, com o fortalecimento das monarquias europeias, a Guerra dos Cem Anos e a Grande Peste, marcou o fim dos projectos cavaleirescos e dos sonhos de harmonia do sistema feudal baseado no conhecimento das virtudes e dos vícios criados pelos clérigos — e de leigos como Ramon Llull. Terminava a Idade Média. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Este tratado, além de ser um projecto civilizador cristão, é um registo tardio de um ideal, o ideal cavaleiresco, um sonho aviltado pelos homens de então. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Mas é um sonho desafiador. E é um sonho intemporal e intergeracional. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
É esta A Hora! É este O Tempo! É este O Lugar!</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Aceitamos a árdua e inóspita, mas triunfante e lusitana tarefa de reerguer o sonho e o ideário.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
É o momento de os tornar Obra.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Portugal templário urge e surge. Impõe-se.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Cavaleiros e Damas, há um só cavalo para montar. Com ele, seja a trote seja a galope, expulsemos os vendilhões desta terra santa. O estandarte é o mesmo: o do empenho na esperança de um Mundo Melhor. </div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Ainda hoje como antanho.</div>
</span></span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-81659914012239840282014-08-21T12:59:00.001-07:002014-08-21T12:59:25.595-07:00REGRA PRIMITIVA DA ORDEM DO TEMPLO: "Não sejais acriminador nem murmurador do povo".<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV_ym5U_GZ84MQ9XWRWZzm8Vzmv94YDJNRPU0ZzfJFE2pH9Dr2Z43I5j3Mb4MEq0FPTyi-TDf7hGk487rIIngZ-kE2p47I4hyphenhyphenJ_pUg75lNWzwIXggVnKSmTW9RY57SMdv6QCCzPNACoun6/s1600/cavaleiro+aponta+o+dedo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV_ym5U_GZ84MQ9XWRWZzm8Vzmv94YDJNRPU0ZzfJFE2pH9Dr2Z43I5j3Mb4MEq0FPTyi-TDf7hGk487rIIngZ-kE2p47I4hyphenhyphenJ_pUg75lNWzwIXggVnKSmTW9RY57SMdv6QCCzPNACoun6/s1600/cavaleiro+aponta+o+dedo.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">Invoco aqui a necessidade sistemática de cada um lutar contra si mesmo e não ceder às humanas tentações menores que nos cercam. Assim, da REGRA PRIMITIVA DA ORDEM DO TEMPLO, Tradução, introdução e notas, de Manuel J. Gandra, destaco uma regra que me parece fundamental nesta questão que é de trabalhar, em cada um, de todos, com todos e para todos, a harmonia do Templo. “Ne eris criminator, nec sussurro in populo” (Levítico, XIX, 16): "Não sejais acriminador nem murmurador do p</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">ovo". Um Templário não julga os outros pela sua aparência nem por constatações vulgares. Entende um Irmão como tal, sem dedo nem olho julgador e incriminador. Os homens, e, no caso, os Cavaleiros, medem-se pelos seus actos. Dar a mão ao outro e criar a união na Égregora é fundamental nesse trabalho. Nesta pré-disposição de estar bem com o outro e de preservar a harmonia dentro do Templo, recordo estas palavras santas: "Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão." (Mateus 7:1-5). Ou, preferindo as palavras pessoanas: "Cada um é muita gente. Para mim sou quem me penso, Para outros - cada um sente O que julga, e é um erro imenso." - Fernando Pessoa. A individualidade tem de reforçar o grupo, carregando as imperfeições humanas, mas apaziguando-as com o amor fraternal. "Se compreendêssemos, nunca mais poderíamos julgar." disse André Malraux. Compreender é já um exercício desse apego fraternal. O Cavaleiro luta dentro de si e, muitas vezes, contra si. Também nele habitam dragões e seres menores. Tomada para si essa luta, ela é contínua. Mais limpo, mais compreensivo, o Cavaleiro é mais compreendido. E é essa união espiritual que é a sua esteira, o seu punho e o seu suporte. "Creio para compreender, e compreendo para crer melhor." afirmou, ensinando-nos, Santo Agostinho de Hipona. O sentido do meu indicador para ti, Meu Irmão, só pode ser de afeição. Que poupe para mim o meu próprio acto de acusação se assim não for. AM</span></span></div>
Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7293217119040938047.post-77840267248686296402014-08-21T12:56:00.001-07:002014-08-21T12:56:27.486-07:00Irmãos Templários: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça”.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfQhFWn6kkkXUWEwGDSgv__7qTQpT2hEeu1Va6VdSMY5evrxM_UwW5N_5lhAYbwyUO0GMv1BwIr32hvg6PTyKOcgAmxY6Gmu-Q32Ff3ViIArf4VmJcRJj6R3dlzJmzGXddCXmqPFGyphBN/s1600/armadura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfQhFWn6kkkXUWEwGDSgv__7qTQpT2hEeu1Va6VdSMY5evrxM_UwW5N_5lhAYbwyUO0GMv1BwIr32hvg6PTyKOcgAmxY6Gmu-Q32Ff3ViIArf4VmJcRJj6R3dlzJmzGXddCXmqPFGyphBN/s1600/armadura.jpg" height="152" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitLulVzam6nq8fF2KQAHTY0FQXZAmiUJM7cpWVrXCssiqmTu05EKKa07XXNqHCMKlz2BPApZI9R2u_Qndix7X8rs5J6wGWfZY27gEqRwmIwh20QGs07c7ueBKknNjz4KP5bI67WkHRDN2N/s1600/cavaleiros+capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitLulVzam6nq8fF2KQAHTY0FQXZAmiUJM7cpWVrXCssiqmTu05EKKa07XXNqHCMKlz2BPApZI9R2u_Qndix7X8rs5J6wGWfZY27gEqRwmIwh20QGs07c7ueBKknNjz4KP5bI67WkHRDN2N/s1600/cavaleiros+capa.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não traço aqui qualquer paralelismo - e podia traçá-lo - entre uma armadura e uma capa (ambos pertença de um Cavaleiro (Templário ou medieval) - por comparação e confrontação histórica, mas deixo aqui algumas analogias que nos remetem para uma certa reflexão. </span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Paulo disse em Efésios 6.14 – “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça”.</div>
</span><span style="font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
O cinto serve para prender firmemente a armadura contra o corpo, e dá sustento a espada<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">.</span></div>
</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><div style="text-align: justify;">
Porquê "cingidos" com a Verdade? Soldados de Cristo! Não esqueçamos "isto"! Em nome de quem? À Glória de quem? Soldados libertadores porque Jesus tem a verdade e só Ele é a verdade absoluta e libertadora. Assim nos diz João 14.6 – “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Estes Soldados seguiam ("navegavam") um Caminho, uma Verdade, uma Porta, um Salvador, que é Jesus. Esquecemos, por vezes, este aspecto. Soldados de uma Força Maior em nome de Alguém Maior. </div>
<div style="text-align: justify;">
O cinturão da verdade obriga o cavaleiro ao cinto da verdade, da sinceridade. E é de uma vida nessa verdade e nessa sinceridade que o Cavaleiro dá testemunho e exemplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
É como se a verdade (cinto muito apertado no corpo do gladiador/ soldado) moldasse os seus movimentos atinando-o para a Causa que o move: a luta pelos ideais cristãos e humanistas. Esta Verdade tem de ser a mesma que disciplina o relacionamento interpessoal entre os Cavaleiros. A Verdade está entre eles e delimita as suas condutas, não de maneira frouxa e liberal, mas com o propósito da correção e do reconhecimento da verdade, e é a complacência que serve de agente dominador nesta opção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já a couraça da armadura possuía duas partes: uma para cobrir o peito e a outra, nas costas, para proteger órgãos vitais do corpo até as pernas. A extensão deste item de segurança pessoal, realça o sentido de protecção e o tamanho (latitude/ longitude) da justiça de Cristo. A posição do revestimento frontal e na retaguarda destaca a maravilhosa garantia, de amparo e segurança, pelos méritos do Cordeiro. Portanto, a couraça, que, consoante se lhe dê uma figuração mais real ou mais simbólica, é vista como uma capa ou como uma armadura, importa, carrega nos ombros do Cavaleiro, essa responsabilidade imensa, por inteiro, porque a comparada à justiça de Cristo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Essa armadura/capa é usada, sem subterfúgios e sem omissões, pelo Cavaleiro, que a usa, com oportunidade e adequação, nas batalhas e situações adversas da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
A pergunta que fica só pode ser esta: se ainda não é Cavaleiro tem interesse em (re)vestir-se como tal, sem condições, sem modos e sem termos? Está mesmo disposto a provar da couraça de Cristo? Se já é Cavaleiro, toma consciência, todos os dias da sua vida, de que tem de dar provas de reconhecimento e de merecimento dessa couraça? A todos vos abraço, amigos e Irmãos. AM</div>
</span></span></span>Anabela Melãohttp://www.blogger.com/profile/09271376165770936569noreply@blogger.com