lembrei hoje São Bento De Mursia, o Patriarca dos Monges do Ocidente, a propósito, sobretudo, do seu “ora et labora” (”reza e trabalha”). O Papa Pio XII chamou-lhe, a justo título, Pai da Europa, pela sua magnífica obra civilizadora e evangelizadora. De acordo com os Diálogos de São Gregório, os 38 pequenos capítulos do Segundo Livro dos Diálogos, apresentam Bento como um devoto, um santo, que abdica do profano em busca do divino. Vida e oração. Gregório conta a visão que iluminou Bento quando se viu ante o Oriente Eterno: "De súbito, na calada da noite, olhou para cima e viu uma luz que se difundia do alto e dissipava as trevas da noite, brilhando com tal esplendor que, apesar de raiar nas trevas, superava o dia em claridade. Nesta visão, seguiu-se uma coisa admirável, pois, como depois ele mesmo contou, também o mundo inteiro lhe apareceu ante os olhos, como que concentrado num só raio de sol" (cap. 34). Como disse William Shakespeare, somos feitos da mesma matéria que os sonhos. E sendo esta passagem por este lado da vida, "ora et labora" é um dos caminhos dos Justos. Um dos sonhos dos Justos! Um dia, atravessado o rio para o outro lado da vida/morte, a ideia de que o mundo todo nos aparecerá "concentrado num só raio de sol", dá-nos a esperança de, finalmente, passadas as trevas, se antever a Luz. "Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te. Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.", disse Fernando Pessoa. Vida e oração. Ora et labora! Saudações fraternas.