Após a morte de jovem na esquadra da polícia, França foi novamente alvo de tumultos em Firminy, na cidade de Firminy, no sudeste de França, pela terceira noite consecutiva.
O problema não é de agora mas parece que as "Reflexões sobre a revolução na França", por Daniel Pipes, publicadas pelo New York Sun, em 2005, cairam em saco roto.
Os tumultos que jovens muçulmanos desencadearam em 27.Out.2005, aos gritos de "Allahu Akbar" anunciavam uma viragem na história da Europa. O que teve início em Clichy-sous-Bois, nos arredores de Paris, na décima primeira noite espalhou-se por trezentas cidades e vilas francesas, assim como pela Bélgica e Alemanha. A violência, a que dá nomes sugestivos — intifada, jihad, guerrilha, insurreição, rebelião e guerra civil —, gera várias reflexões.
1º) O final de uma era. O tempo da inocência cultural e da ingenuidade política, em que os franceses podiam cometer erros sem se preocuparem com as suas conseqüências, tinha chegado ao fim. Como acontecera igualmente noutros países europeus (sobretudo na Dinamarca e na Espanha), problemas relacionados com a presença muçulmana saltaram para o primeiro lugar na agenda política francesa, e parece que ali permanecerá pelas próximas décadas.
Esses problemas incluem o recuo da fé cristã e o resultante colapso demográfico; um assistencialismo estatal do tipo berço-ao-túmulo, que atrai imigrantes ao mesmo tempo que mina a viabilidade econômica a longo prazo; uma alienação dos costumes históricos em favor de novos estilos de vida e de um multiculturalismo pouco inventivo; uma incapacidade para controlar fronteiras ou assimilar imigrantes; um nível de criminalidade que torna as cidades européias muito mais violentas que as americanas, e o crescimento do Islamismo na sua forma mais radical.
2º) Precedentes. A insurreição francesa não foi de modo nenhum a primeira tentativa de insurgência muçulmana semi-organizada na Europa — foi precedida por tumultos em Birmingham, Inglaterra, e acompanhada por uma outra em Århus, Dinamarca. A própria França experimentou a violência muçulmana em 1979. O que diferencia o fenómeno atual dos anteriores é a sua duração, magnitude, planejamento e ferocidade.
3º) Omissão aos media. A imprensa francesa fala em "violência urbana" e descreve os rebelados como vítimas do sistema. A grande media nega que os distúrbios tenham ligação com o Islã e ignora a penetração da ideologia islamista, marcada por uma disposição brutalmente antifrancesa mais uma indisfarçável ambição de dominar o país e substituir-lhe a civilização pela islâmica.
4º) Uma outra forma de jihad. Muçulmanos do noroeste da França empregaram, logo em 004, três formas diferentes de jihad: no Reino Unido, a versão violenta, de matar ao acaso os usuários de transporte público em Londres; na Holanda, a de alvo predeterminado, que seleciona, ameaça e, em alguns casos, ataca personalidades do mundo político e cultural; e agora na França, a de violência mais difusa, menos mortal, mas nem por isso menos significativa do ponto de vista político. Se um desses ou algum outro método se comprovará mais eficaz não está claro ainda, porém a variante britânica é, sem dúvida, contraproducente, e as estratégias holandesa e francesa serão possivelmente retomadas.
5º) Sarkozy vs. Villepin. Dois líderes políticos e prováveis candidatos à presidência da França em 2007, Nicolas Sarkozy e Dominique de Villepin, cujas primeiras reacções foram determinantes, reagiram aos tumultos de maneiras distintas, o primeiro adotou uma linha dura (proclamou "tolerância zero" à violência urbana) e o segundo, uma linha conciliadora (prometeu um "plano de ação" para melhorar as condições de vida nas cidades).
6º) Contra o Estado. A insurreição começou oito dias depois de Sarkozy anunciar uma nova política de "guerra sem perdão" à violência urbana e dois dias após ele chamar os jovens agressores de "ralé". Muitos desordeiros se imaginam envolvidos em uma luta contra o Estado e por isso concentram os ataques no que o simboliza. Numa reportagem previsível, o filho de um imigrante marroquino, Mohamed, de vinte anos, afirma que "‘Sarko' declarou guerra (...), então, é guerra o que ele vai ter". Os representantes dos jovens exigiram que a polícia francesa saísse dos "territórios ocupados"; Sarkozy, por sua vez, atribuiu aos "fundamentalistas" parte da responsabilidade pelos distúrbios.
Os franceses podem reagir de três modos. Sentir-se culpados e tentar apaziguar os ânimos com prerrogativas e o "plano de investimentos maciços" que alguns reclamam. Suspirar de alívio ao final da confusão e, como fizeram depois de outras crises, voltar aos seus afazeres. Perceber os acontecimentos como a salva de abertura de uma revolução e tomar as medidas necessárias para reverter o desinteresse e a complacência das últimas décadas.
A esperança é de uma mistura das duas primeiras reações e que a posição conciliadora, inicialmente tomada por Villepin prevaleça, a ajudar com a descida de Sarkozy nas sondagens.
Os tumultos que jovens muçulmanos desencadearam em 27.Out.2005, aos gritos de "Allahu Akbar" anunciavam uma viragem na história da Europa. O que teve início em Clichy-sous-Bois, nos arredores de Paris, na décima primeira noite espalhou-se por trezentas cidades e vilas francesas, assim como pela Bélgica e Alemanha. A violência, a que dá nomes sugestivos — intifada, jihad, guerrilha, insurreição, rebelião e guerra civil —, gera várias reflexões.
1º) O final de uma era. O tempo da inocência cultural e da ingenuidade política, em que os franceses podiam cometer erros sem se preocuparem com as suas conseqüências, tinha chegado ao fim. Como acontecera igualmente noutros países europeus (sobretudo na Dinamarca e na Espanha), problemas relacionados com a presença muçulmana saltaram para o primeiro lugar na agenda política francesa, e parece que ali permanecerá pelas próximas décadas.
Esses problemas incluem o recuo da fé cristã e o resultante colapso demográfico; um assistencialismo estatal do tipo berço-ao-túmulo, que atrai imigrantes ao mesmo tempo que mina a viabilidade econômica a longo prazo; uma alienação dos costumes históricos em favor de novos estilos de vida e de um multiculturalismo pouco inventivo; uma incapacidade para controlar fronteiras ou assimilar imigrantes; um nível de criminalidade que torna as cidades européias muito mais violentas que as americanas, e o crescimento do Islamismo na sua forma mais radical.
2º) Precedentes. A insurreição francesa não foi de modo nenhum a primeira tentativa de insurgência muçulmana semi-organizada na Europa — foi precedida por tumultos em Birmingham, Inglaterra, e acompanhada por uma outra em Århus, Dinamarca. A própria França experimentou a violência muçulmana em 1979. O que diferencia o fenómeno atual dos anteriores é a sua duração, magnitude, planejamento e ferocidade.
3º) Omissão aos media. A imprensa francesa fala em "violência urbana" e descreve os rebelados como vítimas do sistema. A grande media nega que os distúrbios tenham ligação com o Islã e ignora a penetração da ideologia islamista, marcada por uma disposição brutalmente antifrancesa mais uma indisfarçável ambição de dominar o país e substituir-lhe a civilização pela islâmica.
4º) Uma outra forma de jihad. Muçulmanos do noroeste da França empregaram, logo em 004, três formas diferentes de jihad: no Reino Unido, a versão violenta, de matar ao acaso os usuários de transporte público em Londres; na Holanda, a de alvo predeterminado, que seleciona, ameaça e, em alguns casos, ataca personalidades do mundo político e cultural; e agora na França, a de violência mais difusa, menos mortal, mas nem por isso menos significativa do ponto de vista político. Se um desses ou algum outro método se comprovará mais eficaz não está claro ainda, porém a variante britânica é, sem dúvida, contraproducente, e as estratégias holandesa e francesa serão possivelmente retomadas.
5º) Sarkozy vs. Villepin. Dois líderes políticos e prováveis candidatos à presidência da França em 2007, Nicolas Sarkozy e Dominique de Villepin, cujas primeiras reacções foram determinantes, reagiram aos tumultos de maneiras distintas, o primeiro adotou uma linha dura (proclamou "tolerância zero" à violência urbana) e o segundo, uma linha conciliadora (prometeu um "plano de ação" para melhorar as condições de vida nas cidades).
6º) Contra o Estado. A insurreição começou oito dias depois de Sarkozy anunciar uma nova política de "guerra sem perdão" à violência urbana e dois dias após ele chamar os jovens agressores de "ralé". Muitos desordeiros se imaginam envolvidos em uma luta contra o Estado e por isso concentram os ataques no que o simboliza. Numa reportagem previsível, o filho de um imigrante marroquino, Mohamed, de vinte anos, afirma que "‘Sarko' declarou guerra (...), então, é guerra o que ele vai ter". Os representantes dos jovens exigiram que a polícia francesa saísse dos "territórios ocupados"; Sarkozy, por sua vez, atribuiu aos "fundamentalistas" parte da responsabilidade pelos distúrbios.
Os franceses podem reagir de três modos. Sentir-se culpados e tentar apaziguar os ânimos com prerrogativas e o "plano de investimentos maciços" que alguns reclamam. Suspirar de alívio ao final da confusão e, como fizeram depois de outras crises, voltar aos seus afazeres. Perceber os acontecimentos como a salva de abertura de uma revolução e tomar as medidas necessárias para reverter o desinteresse e a complacência das últimas décadas.
A esperança é de uma mistura das duas primeiras reações e que a posição conciliadora, inicialmente tomada por Villepin prevaleça, a ajudar com a descida de Sarkozy nas sondagens.
A França precisa, é um facto inarredável, que algo maior e mais terrível aconteça para despertar da sonolência. O prognóstico a longo prazo, contudo, é inescapável: na definição de Theodore Dalrymple, "o doce sonho da compatibilidade cultural universal deu lugar ao pesadelo do conflito permanente".