segunda-feira, 7 de maio de 2012

6, Domingo de eleições


François Hollande ”won a clear victory” sobre Nicolas Sarkozy. Há uma réstia de esperança para o sonho europeu, que passa por enfrentar Angela Merkel e o pesadelo da debitocracia. De entre as "60 engagements pour la France", quais poderá efetivamente cumprir e quais cairão por terra ante a pressão da Alemanha? Questões como a taxação das grandes fortunas, o incremento da solidariedade europeia, a defesa de uma maior integração europeia, a concretização das eurobonds impõem-se! Não chega um Vive la France! Liberté, egalité, fraternité ou simplesmente austerité?
«Les Français se révoltent. Les Grecs aussi. Et il était temps», afirmou o prémio Nobel da Economia Paul Krugman numa das suas análises do New York Times sobre o domingo de eleições europeu, concluindo por um sinal claro de uma estratégia que quer o fim da austeridade e do marasmo económico. A discussão sobre a saída do euro está em cima da mesa, com os defensores a apontarem-no como “O” meio de restaurar a competitividade e de relançar as exportações. A pergunta é se há outra hipótese.
A contestação da austeridade sufocante e assassina imposta pela Alemanha aos povos da Europa do Sul foi “A” causa dos resultados das eleições gregas com a Syriza a dar uma lição ao Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), até domingo a principal força de esquerda do país. De uma força minoritária (entre 3% e 5% dos votos) passa a uma votação de 16,76% e torna-se o segundo maior grupo do Parlamento. Vitória em muito devida às duras críticas à política económica do governo socialista do ex-primeiro-ministro Giorgos Papandreou e de Lucas Papademos e à rejeição dos dois planos de resgate da economia grega que conduziram à aplicação de draconianas medidas de austeridade. O Parlamento em Atenas fica com 7 partidos. As formações políticas contra o Memorando têm 44% dos lugares e o Citigroup prevê uma margem para a saída da zona euro entre 50 e 75%. A Esquerda Democrática (ED, a Nova Democracia (ND) e o PASOK formam uma maioria parlamentar e estão empurradas para um governo de salvação nacional. Todos estes três partidos defendem a revisão do Memorando de Entendimento. Adivinha-se a "ingovernabilidade" da Grécia e fala-se já na convocação de eleições antecipadas em junho.
“Nós não somos contra o euro mas opomo-nos às políticas que estão a ser seguidas em nome do euro”, disse Alexis Tsipras (líder do Syriza), e lembra que: “Durante dois anos eles tomaram decisões sem nos perguntar nada. O povo grego não lhes deu o mandato para tomar aquelas decisões. No país onde nasceu a democracia não há democracia nenhuma. Chegou o tempo de regressar à democracia.” O segundo vencedor, o partido da extrema-direita do Aurora Dourada, saíu para a rua aclamando “A hora do medo soou para os traidores à pátria” (disse o líder, Nikos Mihaloliakos). O que une os dois homens? A Grécia!
A toque de caixa, na Alemanha, a coligação CDU-FDP (os pés de barro do governo federal da chanceler Merkel) obteve apenas 38,9% dos votos. Parece certo que os outros resultados eleitorais europeus contagiaram a Alemanha (a agência de informação Eurointelligence classificou-os como uma "insurreição" (pelo voto)).
A caminho da destruição do sonho europeu, Michalis Spourdalakis (professor de ciência política na Universidade de Atenas e presidente da associação grega de ciência política) defende a importância das eleições gregas para a definição de políticas económicas na União Europeia.
Daí que o novo hino nascido no domingo tem como mote “A Grécia é o começo”! O Sonho Americano agonizou. Está vivo o sonho europeu!