quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lisboa simbólica



Egas Moniz, Antero de Quental, Carlos Mardel, Camilo Castelo Branco, José Correia da Serra, António José de Almeida, Francisco Manuel do Nascimento, Avelar Brotero, Bernardino Luís Machado Guimarães, Sebastião José de Carvalho e Mello, Sebastião de Magalhães Lima, tomados de saudade por Lisboa, reerguem-se das cinzas, em retiro saem do Oriente Eterno e vão deambular feitos gente pelas ruas de hoje desta cidade. Entreolham-se em fraterna cumplicidade e comentam a sua Lisboa – a perpetuamente sagrada - como Roma.
- Sabeis, irmãos, que são sagradas as cidades erguidas em sete colinas, próximas a um rio com cinco letras? Vejam Lisboa e o Tagus, Roma e o Tibre. - Sabias tu que o Terreiro se mede pelo Convento? Sim, que dentro dele encaixa o Terreiro, 22 arcos e Arcanos Superiores do Tarot, o Cavaleiro ao Centro, igual ao Altar, sentado no cavalo branco de pata direita levantada e pisando serpentes... este do lado do ocidente, o elefante do outro, ao oriente. Rei-Sol, sim, o Cavaleiro Akdorge. Vê, ali está o cavaleiro vestido de Romano, a olhar para sudoeste, em direcção ao Brasil. Naquelas duas colunas do cais entrará um dia na Capital do V Império, O Desejado, que foi e não volta do Oriente. - Planeei eu o Terreiro e os três braços que nele desaguam em ruas: A do Ouro (solar), a da Prata (Lunar) e no centro,a Augusta, semelhantes ao Caduceu de Hermes, o Três-Vezes-Grande. As serpentes (Ruas do Ouro e da Prata) enrolam-se no ceptro central (Rua Augusta, ou Imperial). Ehehehe. - Quantos irmãos descansam neste Cemitério – dito dos Prazeres. Embelezam suas moradas eternas com o Delta - o Triângulo Sagrado, a Divindade e a Natureza - a Tri-Unidade; o Delta Luminoso, o Poder Supremo e a Omnisciência; o G, a Letra sagrada inscrita no centro do esquadro, primeira letra de God, início da Geometria e da arte da Arquitectura; o olho do delta - o Sol, a luz e a vida, o Verbo, o princípio criador, a presença omnisciente Dele, a omnisciência da razão superior, do dever e da consciência; a chave, a fidelidade e a discrição, o Tesoureiro; a colmeia – o trabalho; a Estrela pentagonal – a pentalfa (natureza e homem nela encerrados), cinco pontas iguais (cabeça e membros do Ser) - vértice para cima (a Vida em evolução), vértice para baixo (a Vida em revolução); as colunas (solidez em edifícios vários); a Árvore da Vida - limites que enquadram portas; fazem-se braços do Templo, duas de bronze por Hiram, a da direita J e a da esquerda B; coroam-nas romãs (fecundidade e união); o esquadro, união da vertical com a horizontal (perfeição, rectidão e acção do Homem sobre a matéria e sobre si mesmo); o compasso (Terceira das Grandes Luzes), espírito e pensamento e raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto); a águia bicéfala; o fio de prumo (profundidade e rectidão do conhecimento), com o nível e o esquadro, se construí com perfeição um edifício; por fim, as penas cruzadas, morada do Oriente Eterno de um Irmão Secretário.
E Lisboa não pára de os encantar. - Vai bem aquela rama de oliveira ali no símbolo da Ordem dos que Demandam, junto com o Livro-Aberto, a lamparina e o mocho. - Vêm Folhas daquelas a enfeitar o Brasão deste país. - E o Compasso mora no logotipo da Ordem dos que projectam, planeiam e constroem. - Vissem eles mais longe, e veriam o que fica desperto na noite, porque tudo conhece, o Mocho no logotipo da Universidade de Coimbra. E o Livro-Aberto e a Águia a olhar para a esquerda no logotipo da Universidade de Aveiro.
Mas ainda em Lisboa, já cá em baixo, procuram a Praça. - Sabem que Lisboa foi traçada Templo gigante e que a porta de entrada é junto ao rio. Ali ficam as colunas. Ao centro da Praça, o altar – o 1º José. Miram a imponência do cavaleiro que pisa o chão repleto de serpentes. - Lembrai-vos, irmãos, o chão é Portugal, a “frente das serpentes” e Lisboa, a Grande Serpente, e sete são as colinas, os anéis daquela. Conhece Lisboa a serpente e esta a fez sua herdeira. Mais abaixo, vêem o elefante a Oriente e o cavalo a Ocidente, toca a Fama a trombeta. No fundo, o Mundo. De um lado as terras do sol nascente, do outro onde ele se põe. No centro sempre Portugal.
Na retaguarda, descobrem-lhe as chaves, o compasso e o esquadro, e mais abaixo, a arca aberta com o tesouro, a jóia do conhecimento. Ao centro, um Menino coroado, baptizado de Quinto Império, ostentando uma coroa de louros, pela vitória merecida, e uma estrela de cinco pontas, que ilumina e dá sabedoria.
Do cimo do Arco da rua Augusta, a enorme praça apresenta-se cheia de vida. E passam pelo Arco do Templo, a entrada do caminho místico. Já na posse das chaves, entram nas ruas do Templo e vão até às outras Portas – as de Santo Antão. Caminham pela nova cidade em linha recta, como antes o faziam no Templo.
Observam então as laterais, nelas adormecidos ficam os dois rios, Tejo e Douro, como outrora abraçavam o território da Antiga Lusitana (reino de luz e do conhecimento). O Douro tem no colo o cacho de uvas. Entre ambas estão Viriato, o que fundou e defendeu, Vasco da Gama, o navegador que uniu Oriente e Ocidente, o Marquês, o que a reconstruíu, e por fim, Nuno Álvares Pereira, o que lutou pela independência e se fez herói.
Depois, vão até à Glória que coroa o Génio e o Valor. No painel da estátua equestre, também ela lá se encontra a coroar o Imperador. Está a Rainha, coroando a pátria e São Miguel, o anjo que o país defende. Visto do cimo do Arco vêem a Magna Mater e a seu lado uma mesa sobre que caem duas coroas de louro à espera dos que hão-de vir. Do outro lado, o anjo acolhe na asa esquerda o Imperador do Quinto Império e protege-o. - Reparem, Irmãos, no triângulo que atravessa as três figuras, em equilátero. - E, debaixo, boto-te o meu latim: “Virtvtibvs Maiorvm Vt Sit Omnibus Documento. PPD (Pecunia) P(ublica) D(icatum)”, para Vós Meus Irmãos que de latim nada sabeis sempre vos digo o que é: “Às virtudes dos maiores (mais velhos), para ensinamento de todos. Dedicado a expensas públicas”. - Vejam ali mesmo, ao centro do arco, estão as armas de Portugal, envoltas em grinaldas. – Sim, como já antes as punham os antigos à porta dos templos e ainda hoje se enfeitam túmulos de heróis. – Reparem acolá, junto a estas, ramos de videiras, a vida eterna, e a palma, a vitória sobre a morte e o pecado. E, no reverso, um relógio que marca o Tempo. - Não era aqui mesmo o Convento (o da Trindade)? – Sim, mas para deleite de todos, no antigo refeitório, se instalou cervejaria. – Perdeu-se o seu revestimento azulejar? – Não, outros irmãos o souberam aproveitar e sob ele mandou-se ainda pintar magnífica profusão de nossos ornatos e símbolos e outros painéis alegóricos com as estações do ano. – Bem pensado, para que acolham os homens todo o ano em prazeres profanos onde antes apenas havia manjar para o espírito. - Logo aqui ao pé do Teatro da Trindade é digno de se ver um outro prédio com elementos nossos e da Mãe-Natureza. - E que bem está a fachada do Gremio Literário, e vivem ainda nele os mesmos símbolos.
Percorrendo numa languidão prazenteira a cidade, vão pelo Chiado e depois pelo Bairro Alto e as fachadas de azulejo marcam o ritmo do seu passeio. Contam os azulejos pequenas histórias, como os da Igreja de São Roque, e demoram-se nos pormenores, descobrindo os símbolos na casa do Ferreira das Tabuletas – sim , o que trabalhava na Viúva, - Vede, que mistura fantástica de jacobinos, elementos neoclássicos, traços barrocos, alguma chinoiserie e elementos naturalistas - os 4 elementos, terra, água, ar e fogo. - Conheces, Irmão, aquela quase igual que fica naqueloutro prédio do Campo de Santana? - Estava agora perdido. Pensava na emoção desse Outubro, onze anos passados de 1900, em que chegava a Lisboa a Deusa da Democracia e da Liberdade - musa da Revolução Francesa.. Anunciara-a Hermes, mensageiro dos deuses gregos, empunhava a tocha. Percebia-se a coroa enramada e a coluna encimada pelo globo. A latere, notava-se o compasso cruzado com esquadro de pedreiro, ainda a deusa, ainda o globo e o mocho. - Sim, olha o painel de Maria Keill que deixou a História em forma de gesto pintado, olha o busto abaixo do triângulo, lá dentro “o delta com o olho-que-tudo-vê”. Além, a Estrela de Israel, dos judeus e de David, cruzando o triângulo amarelo e o triângulo invertido de contorno preto. A coroa de ramas da oliveira e de boloteira que a águia segurava na garra direita lembrava a pomba de Noé e igualmente bordara a capa da Constituição, o Selo Oficial e o Brasão. - Acabemos o nosso passeio, Irmãos, vamos até à nossa casa de Viseu. - A casa mais bonita da cidade. - Aqui mesmo, no centro da cidade, a um passinho do Rossio. - Conheço-a bem Irmão, é uma casa cor-de-rosa, com a fachada repleta de símbolos que tão bem conhecemos.... - Recomendêmo-la a outros Irmãos. - Que a vindes ver. - Nesta Lisboa que é Templo esta casa é a que tem as janelas mais bonitas que eu já vi: em forma de estrela.