Leio que o Estado (alguém adivinha a que "estado" me refiro?) vai pagar a padres de Fátima milhões perdidos em "especulação" no BPN. Fátima "especula"!? - espanto-me (ou talvez não!). Parece que, durante um ano, uma instituição religiosa de Fátima entregou 3,5 milhões de euros a um gestor do BPN que prometia juros superiores aos dos depósitos a prazo. Só que, afinal, o dinheiro foi desviado e perdido na Bolsa. E agora o Estado vai pagar tudo. A condenação do BPN foi decidida pelos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, numa acção cível. Estes consideram que o Instituto Missionário da Consolata tem direito a receber tudo aquilo que entregou ao gestor bancário Leonel Gordo, de 46 anos, entre 2004 e 2005, em cheques mas também em dinheiro vivo, para investimentos especulativos e de alto risco. Até aqui, faça-se Justiça. Mas "e os outros"!? Proponho que a Igreja Católica abra aqui o seu próprio banco (e não me refiro a delegações via Opus Dei) e que forme agentes especuladores a quem possamos tranquilamente entregar o pouco dinheiro que nos resta. Ao menos assim saberíamos que estava certo e seguro e que a Igreja (ciente da bondade desta decisão e desejosa de estender o seu alcance aos "outros", incluindo aqui fiéis e infiéis, se aprontaria a devolver as perdas dessa "especulação"!? Ou será que isto não funcionaria na inversa?! Valha-me Nossa Senhora de Fátima - e não me acusem de invocar o nome Dela em vão, porque qualquer santo partilhará destas perplexidades.