Estimativas do Banco de Portugal apontam para uma recessão de 3% este ano e para a estagnação em 2013. O número de desempregados chegará
a um milhão. E, entretanto, debateu-se, no Parlamento, o Estado da Nação.
Um
ano volvido sobre a entrada da troika, a perda
de soberania que muitos anteviam como consequência revelou-se uma realidade.
Quando um Tribunal com a natureza e as competências do Constitucional, em
resposta à justificação de “emergência” com que o Governo pretendeu
legitimar a suspensão da lei – numa “suspensão da Constituição” na linha da suspensão da democracia defendida
por Ferreira Leite - a suspensão da democracia é o
próximo passo ou está já contido neste? – profere uma jurisprudência, no mínimo
original, que difere para 2013 a produção de efeitos da declaração de
inconstitucionalidade, a troco de questões economicistas, de facto, está mesmo
ameaçada a soberania.
Passos Coelho
vê-se agora a braços com um problema resultante da economicidade da decisão –
problemazinhos vai ele tendo que cheguem embora vá fazendo ouvidos de mercador e
passando em frente como se nós fôssemos os cães e o Governo a caravana - o de
encaixar no Orçamento de Estado 2013 a solução para cobrir a fatura dos dois mil milhões de euros,
dividindo-a, assim numa espécie atípica de injustiça distributiva entre os
funcionários públicos e os “outros”.
É certo que, com o mesmo rigor
com que o seu ministro dileto vai dizendo e fazendo umas atrás de outras, o
Primeiro-Ministro garantiu Pedro Passos Coelho, garantiu ainda que o governo "não está nesta
altura a preparar qualquer aumento de impostos". Pouca
diferença faz! Com a rapidez com que os seus vassalos se vão embrulhando em
trapalhadas, dizendo heresias e cometendo barbaridades, caso seja necessário,
amanhã, com a bica reforçada e as torradas saem uns aumentozitos aqui e acoli,
coisa pouca! Ou não fôssemos nós piegas e pacientes!
Não
sei se Seguro pretende abandonar a corte da abstenção violenta e do
falar manso quando diz “Desça à terra senhor primeiro-ministro”,
já que ele próprio também vai mostrando que nem sempre encontra terreno firme
quando tenta pisar o chão. Mas gostei de o ver manusear com preparação os números
do desemprego, das empresas falidas e das famílias em dificuldades para, por
fim, acusar o (des)governo de ter falhado “na receita” e informar que vai propor à 'troika' um programa de recapitalização das
empresas nacionais com um valor mínimo de três mil milhões de euros e
financiado com parte das verbas não utilizadas pela banca.
Saia-se bem se assim fosse e fizesse!
Jerónimo de Sousa, no estilo de sempre, afirmou que a revolta
"está a crescer" – e eu confirmo já que não conheço melhor
indicador de stress que os motoristas de táxi, e esses, com que falo todos os
dias, estão “nervosos”! Evidentemente que tem toda a razão em falar de mais
injustiças e de mais exploração, de mais desemprego, de mais pobreza, de mais
recessão económica, de menos soberania, de maior endividamento e de maior
dependência do exterior.
Louçã, mais
drástico, tem uma saída para o Governo: a sua própria recomendação - Que
emigre, pois naturalmente! E não se inibe de dizer que o
Governo está "paralisado por intrigas internas" e que levou o País a
um estado de "claustrofobia social", considerando que perante este
"falhanço estrondoso" era "altura de se ir embora". E fala
de mais buraco e de mais dívida.
E quem cá está “fora” vai-se indignando com verborreias nunca
antes vistas de histórias rocambolescas de palhaços-pierrots de fazer ruborizar
Maquiavel. Bem que disse o Baptista Bastos: “o que é a dignidade em política, quando a estratégia da
dissimulação se substituiu ao princípio da honra."?
“Estamos a navegar numa noite escura e sem bússola”, afirma Viriato
Soromenho Marques.
Portugal é inconstitucional!, diz o Daniel
Deusdado.
Tudo acertado. E
posto isto, venha amanhã que é sexta-feira, 13! Que mais pode acontecer neste
dia agoirento para os cavaleiros templários? Bom, mais uma coisinha: Tomar é
terra de Templários. O pai da minha filha tem costela de Tomar. A mãe tem
costela templária. E a rapariga casa amanhã. Há ou não gente com coragem?!