terça-feira, 3 de abril de 2012

Hospitaleiro, Tronco da Viúva e Páscoa

“A virtude chamada solidariedade é a união voluntária e a devoção recíproca dos homens.” (Leon Bourgeois) Diz o 22º mandamento: "Com o faminto, reparte o teu pão; aos pobre e forasteiros dá hospitalidade.“
Certo é que o Hospitaleiro - tivesse o Tronco da Viúva força e vigor - tem, nesta altura da Páscoa, um papel precioso. Ir em socorro. Ir em auxílio.
Seria bom que os Ir.'. lembrassem o ensinamento "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7:21).
A linguagem simbólica do pão e do vinho alude a esse cuidado concreto de alimento material de que o homem carece e de que muitos Ir.'. estão privados.
Cabe a cada um de nós fazer como Melquizedeque e levar pão e vinho à mesa dos mais carenciados. A começar "em casa"!
“Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: é o sacrifício da Páscoa ao Senhor (...).” (Êxodo: 12. 26-28).
Quando Deus disse a Moisés que celebrasse com pão e vinho e, também, ainda, quando, na última Ceia, Jesus comeu com os seus discípulos (Mc 14.12), estava presente aquela maravilhosa cena, na sinagoga de Cafarnaum, por época do banquete de Páscoa, que Jesus aproveitou para relevar a natureza da Sua Eucaristia:"Esforçai-vos, não pelo alimento que se estraga, e sim pelo alimento que permanece até à vida eterna. É este o alimento que o Filho do homem vos dará, porque Deus Pai o marcou com seu selo". (João 6,27). Quando o indagaram sobre a natureza deste alimento eterno, Ele respondeu:"Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim já não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede." (João 6,35), insistindo:"Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo". (João 6,51) e esclarecendo:"Em verdade, em verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele." (João 6,53-56). Cristo partilhava-se assim Todo!
A ideia que nos move quando celebramos a Páscoa é a mesma a que aludimos quando reunimos à volta da mesa e partilhamos o pão e o vinho: "Farás uma mesa de madeira de acácia, cujo comprimento será de dois côvados, a largura de um côvado e aaltura de um côvado e meio. ... Porás sobre essa mesa os pães da proposição, que ficarão constantemente diante de mim." (Êxodo, 25 - 23 e 30) A acácia apela a essa união, a essa fraternidade, a essa dimensão do Todo! A partilha só pode querer significar repartir essa acácia entre mãos. Transformá-la nesse magnífica egrégora (a Cadeia de União retoma aqui Força e Vigor) e converter o símbolo em fraternidade real e efetiva.
Se a mesa do meu Ir.'. não tem pão, não tem vinho, cabe ao Hospitaleiro diligenciar para o milagre dos pães se opere.
O pacto que o Cordeiro de Deus fez connosco ("Selarei com eles um Aliança Eterna..." (Jr 31,39)) foi o de repartir e o de partilhar da sua própria Vida e Morte, tornando-se Ele mesmo a Nossa Mesa.
O hospitaleiro (função em L.'. tão esquecida e menosprezada) assume aqui e agora uma dimensão especial, a de prover, com o Tronco da Viúva, esse pão e esse vinho. A de se tornar a pomba de Cristo, a de ser seu emissário, transportando no bico aquela acácia da solidariedade, que há-de ser o sustento da mesa dos nossos Ir.'..
Ser maçon não é, nesta matéria, uma atitude meramente paliativa, é uma atitude de preocupação, de prevenção e de cuidado.
Que o Hospitaleiro seja o Pão, o Vinho. Que faça do Tronco a mesa farta da Eucaristia. Que seja Amor!