Semana fértil em preocupações e disparates, ainda na ressaca do dia das mentiras e já a deixar-nos preocupados sobre o (ainda) significado de abril.A 17 de Janeiro, pondo fim a uma autêntica maratona (em que tentamos acreditar que “realmente” se negociava alguma coisa de relevo para os trabalhadores), a UGT assinou o acordo de Concertação Social, aquele a que o Álvaro (Santos Pereira) apelidou de acordo "para a competitividade, crescimento e emprego". João Proença veio dar conta da sua indignação por o Governo não estar a cumprir o acordo tripartido (e nós convencidos que ele sabia de antemão que este não era para cumprir!), manifestando a sua indignação pelo desrespeito pela promessa de publicar as portarias de extensão - de acordos coletivos de trabalho – as tais que alargariam as condições de trabalho acordadas entre as estruturas sindicais e patronais aos trabalhadores não sindicalizados ou associados em sindicatos não subscritores e o desrespeito ao acordo por negociar medidas no âmbito do Memorando da 'Troika' que vão contra o acordo de concertação social", a par de nada fazer quanto às prometidas medidas promotoras do crescimento económico e emprego. O João veio para as televisões, em grande algraviada sobre coisas do género: rompo o tratado se não ….., como se o Governo se preocupasse com as suas súbitas indignações e perplexidades, o que Passos Coelho fez questão de deixar claro quando chamou a tal verborreia “uma birra momentânea”. Pior não podia ter sido. Lembra a frase “Todo homem tem seu preço, diz a frase. Não é verdade. Mas para cada homem existe uma isca que ele não consegue deixar de morder." Compreendido? Futuro da Europa e de Portugal a jogar-se em França, nas eleições francesas e em Madrid, na derrocada espanhola e em Washington, no relatório "político" do FMI. Só resta à Europa (tal como a vimos e queremos!) refundar-se ou afundar-se. Numa ou outra hipótese vamos por arrasto. Lamentavelmente, o Governo português não parece ter qualquer ideia sobre ou da política europeia, e seria interessante (ao menos como compensação para os que nele votaram!) dizer-nos o que pensa sobre as repercussões adivinháveis com a pressão de uma Espanha apavorada pelas taxas de juro ascendentes, com a disposição do FMI (aparentemente, de manter uma Europa unida) e de uma França indisponível para entregar o poder à Alemanha. Mas, enfim, limitamo-nos a ser espectadores e intérpretes desta opereta por conta e risco próprios. Rezando, percussores da mesma fé com que Assunção Cristas esperou que chovesse, para que vingue o projeto de paz. Discutida esta semana a indicação de nomes apontados pelos partidos para o Tribunal Constitucional (e talvez fosse interessante aproveitar para recordar que o, também, o Presidente do Tribunal de Contas é nomeado pelo Presidente da República sob proposta do Governo para um mandato de 4 anos (ideologias partidárias à parte, ou talvez não!)), remetendo-nos para a discussão sobre a perigosa partidarização de uma instância que é a réstia de esperança de um povo que se vê trucidado por uma amálgama de leis de mais que duvidosa constitucionalidade, como o são as normas do Orçamento do Estado para 2012 relativas a cortes de subsídio e férias dos funcionários públicos. Mais que relevante manter a independência de julgamento numa época em que o vale tudo tomou conta de uma parte significativa do aparelho administrativo/legislativo. Controversa com as afirmações de Passos Coelho ao Financial Times, em que este sublinhou que "não há garantias" de que, em setembro de 2013, o País possa já recorrer aos mercados como qualquer outro país. Claro que teríamos preferido que o Primeiro tivesse sido claro cá dentro mas postos perante a “verdade” dita em terras estrangeiras para nos dar tempo para interiorizar a triste realidade, está conseguida a sua intenção. Já nos consciencializámos. A Moody's é que não lhe liga nenhuma! Porque será? "O País chegou de facto à bancarrota", disse Paula Teixeira da Cruz. Isto é que é a rapidez do eco! Como diz o povo, “aquele” é sempre o último a saber! Disparate perfeito para o novo regulamento do Hospital de Braga 'Fardamento e regras de conduta dos colaboradores do Hospital de Braga' que dá dicas (admita-se que algumas seriam dispensáveis apenas pala aplicação de elementares regras de bom gosto) sobre maquilhagem, cores de cabelo, tamanho de saltos de sapato, cores de sapatos (clássicos), cintos e meias, tamanho e cor de verniz de unhas, gancho de cabelos e outras preciosidades, convidando os funcionários, colaboradores e prestadores a uma hegemonia de aparato, tipo farda, desprezando a liberdade de cada um em se mostrar ao mundo como lhe aprouve. Num momento em que tudo se joga no País e em que todos os serviços públicos se debatem com a precariedade da força de trabalho e a escassez de recursos haja ainda quem tenha paciência para, entre polémicas sobre o acordo de Concertação Social (que “só” pode paralisar “tudo”) e entre a dependência do futuro da Europa e de Portugal dos resultados da política europeia (ocasos das eleições francesas, soluções da Espanha e “caprichos” dos alemães), pensar no que “fica bem” e no que “cai mal”! Somos ou não gente de pão e circo?!