quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pelicanos e Romanceiras, ajudemos o Irmão que precisa!

O que está em questão é quem está disposto a lutar pela vitória da trilogia da Revolução Francesa, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”? A Fraternidade, de entre as três máximas, foi sempre a mais esquecida. Nas Igrejas Cristãs, todos são  - ou todos se arrogam -  filhos de Deus, mas raramente nos reconhecemos como irmãos. O mesmo se passa noutras Ordens. Muitos por lá andam e poucos a vivem. Qual é então a situação da população mundial? 1% da população mundial concentra 43% da riqueza, enquanto 50% fica apenas com 2%. 871 milhões de pessoas passam fome. Mais de 1.000 milhões, se encontram na indigência e cerca de 3.000 milhões na pobreza.  900 milhões não têm água potável. 1.000 milhões não têm acesso à luz eléctrica e 2.160 milhões não possuem instalações sanitárias.
O Papa Francisco começou, como um pecador em processo de conversão, a chamar os cardeais, os bispos, os padres e despertá-los para o serviço. Para os das demais Ordens, cristãos ou não, trate-se ou não de marketing religioso, há que lhe seguir o exemplo. Qualquer Ordem Iniciática "serve", não é para que os que dela fazem parte "se sirvam". Esta verdade dói e implica separar o escasso trigo do volumoso jóio. Mas o trabalho tem, igualmente, de começar. É a "sabonária", como disse, com a sua graça e acutilância costumeira, o meu amigo - e já agora, Irmão, José António Barreiros.
Mais do que o processo de depuração que visa "sanear" - espero que o termo seja suficientemente forte para agitar as águas - os que dizem benfeitores e que de fraternidade nada percebem, é Hora de arrebanhar o rebanho dos verdadeiros Irmãos, seja de Igreja seja de Ordens, e, sem falsos pudores, assumirmo-nos como aquilo que somos: irmãos (Mt 23, 8-9), juntos num trabalho em prol da comunidade.
Afinal, mesmo para quem não é cristão e mesmo para quem vê no Papa Francisco, um produto elaborado de marketing político, retire-se das suas palavras e de algumas das suas acções o melhor: a de que o Mundo carece de Filhos-Irmãos que, sem descurarem o seu alimento, quais pelicanos, o partilhem com outros. E falo de todos os tipos de alimentos, já que nem só de pão vive o Homem. 
Bergoglio caminha em contramão. Também assim o fazem algumas Ordens, que vivem na sombra de grandiosos feitos e de valorosos homens que engrossaram as suas fileiras, e que hoje morreriam mal vissem a corja que se entranhou no seu seio, qual tecido mole e amarelecido da romã, que corrompe os rubros gomos e lhes retira sabor. Pelicanos sem préstimo e romãs apodrecidas, assim, enjeitando essa nossa qualidade de Irmãos de todos os homens, viramos a cara ao outro e, quanto aos poucos que ainda têm consciência e ousadia para se verem ao espelho e se confrontarem com as suas acomodadas inacções ante tanta necessidade do Outro (a omissão também é um "pecado", consta, nalguns casos - e, a ser assim, este será o maior deles). Os fariseus ouviam Jesus dizer que não se pode servir a Deus e ao Dinheiro e zombavam dele (Lc 16, 13-15). O dinheiro faz falta para muita coisa, entre as quais, para provir às necessidades dos nossos Irmãos, que são, só, todos os Homens.
Temos pela frente um novo ano e o grande desafio será o de sermos Pelicanos e de diferenciarmos, entre nós, as partes-fel da romã que a corrompe e denigre. O Mundo precisa de Homens Bons e cabe a todos descobrir nos Outros o Irmão. E, como de boas intenções está o Inferno cheio, é-me indiferente quem faz o Bem, se a Igreja (ou as Igrejas) ou a Ordem (ou as Ordens), já ficaria satisfeita se nos levantássemos, fôssemos ao menos meia dúzia, arregaçássemos as mangas e fizéssemos Obra. Porque toda a Obra que se faz pelo nosso Irmão, é Obra, não do homem - partícula infíma - mas da Obra que o Maior Criou (cada um de nós). Façamos de 2014, um céu de pelicanos e que as romanceiras floresçam e deem frutos. Recebam, todos, independentemente de credos e ideologias, o meu imenso abraço fraternal. AM