Crónicas de uma Desempregada: Criar um filho é diferente de fazer um filho. Não temos uma família tradicional - um artigo cuja leitura recomendo vivamente.
"Passei os últimos dias sem dormir com medo que alguém decida referendar a minha capacidade de ser mãe. Tenho dois filhos, de dois pais, e não vivo com nenhum deles. Os meus filhos vivem na casa da mãe, passam férias com a mãe, amigas e amigos, solteiros, juntos ou casados. Mas os meus filhos também passam todo o tempo que querem com os pais e, vejam a loucura, o pai de cada um deles fica com os dois sempre que é preciso.
Não somos uma família tradicional: há mãe, há pais, há tias que não são minhas irmãs, primos que não são meus sobrinhos de sangue, e há mais que dois avôs e duas avós para cada um.
Acredito que a capacidade de criar um filho deve ser, de facto avaliada para que sejam garantidas todas as condições que um bebé, uma criança ou um adolescente precisam.
Acredito que, não sendo o cenário ideal para crescer, as instituições fazem o seu trabalho da melhor forma possível e trocar esse ambiente por uma família adoptiva sem condições não é solução. Acredito na necessidade de agilizar os processos de adopção sem deixar de verificar os critérios necessários à escolha de uma família. Mas não posso entender que se reduza o conceito de família ao tradicional pai e mãe.
Todos nascemos de um pai e de uma mãe. É um facto inegável, de maior ou menor sorte, imposto pela natureza e que, num mundo ideal corresponderia a duas pessoas fabulosas, e o conceito de adopção nunca seria considerado porque a mãe e o pai, apenas o pai ou apenas a mãe, seriam capazes, em condições e coração, de criar os filhos que punham no mundo. Criar um filho é diferente de fazer um filho." (Dinheiro Vivo)