O que ficámos a saber sobre Cavaco Silva e o que temos de questionar sobre os “outros”, após o discurso de ontem (da recandidatura) de Cavaco Silva.
Que é casado e tem família. Os outros são solteiros, viúvos ou divorciados? E se fossem, isso importava-nos?!
Que não vai usar outdoors e vai gastar metade das verbas legais permitidas. Os outros também já anunciaram contenção!
Que “conhece os problemas” do País. Todos nós também!
Que “conhece interlocutores nacionais e internacionais” o que beneficia a “imagem e credibilidade do País”. Depende dos interlocutores e da imagem!
Que é O chefe superior das forças armadas capaz de governar as zonas actuais de conflito em 3 continentes Presidente. Os outros iriam “desgoverná-las”?
Que vai “assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas”, ser “um arbitro independente” e que oferece “responsabilidade” e “credibilidade” em caso de crise grave. A julgar pelo que fez até agora: por acção ou por omissão?
Que tem bom senso, realismo, ponderação, discrição e reserva, que faz uma leitura séria e responsável dos seus poderes e que tem uma conduta exemplar, de rigor e transparência. E os outros, não, a contrario sensu?!
Que analisa e fiscaliza os diplomas legislativos e acompanha actuação do executivo, e que possui sentido de dedicação ao trabalho. Já que tudo isto faz parte das competências do Presidente, porque não hão-de os outros fazer o mesmo?
Que exerce uma magistratura activa que favorece o emprego e coesão social, promove a união de esforços para a economia, contribui para a eficiência e credibilidade na justiça, incrementa a qualidade do ensino, cuidará para que sejam ministrados cuidados de saúde de qualidade, velará da projecção da língua portuguesa. O que fica de fora para fazer o Governo?
Que continuará a falar verdade. Os outros mentem?
Que “os portugueses sabem distinguir os que falam verdade dos que semeiam ilusões e utopias”. Referir-se-á a Saramago?
Que vai apoiar as instituições de solidariedade social. Doando um dízimo do seu vencimento? Porque poderes para isso não constam da sua “carta” (constitucional).
Que agirá em nome dos jovens e idosos, dos que não têm emprego e dos que moram na interioridade. Desde que estes lhe passem procuração!
Que é um presidente próximo das populações. Refere-se à população do Palácio de Belém?
Que visitou 200 concelhos e alguns mais do que uma vez. Também qualquer representante de produtos de revenda!
Que transmitirá aos portugueses ânimo e vontade de vencer. E o que andou a fazer até agora? Que veia será esta de transmissão?
Que tem um laço com as comunidades portuguesas no estrangeiro. Nalguns casos tem até um nó!
Que conhece os problemas que se colocam. Todos conhecemos.
Que tem elevado grau de ética. E os outros não? Acaso estamos perante vigaristas?
“Como se encontraria o país sem a observação atenta que fiz?” – vai lá saber-se! Sabemos como ele se encontra, apesar dela! “Que teria acontecido ao país sem os meus avisos?” – é uma incógnita já que se desconhecem os seus avisos, respectivo teor e momento em que foram proferidos.
Que a sua candidatura é pessoal e independente das forças partidárias. Então, para quê tanta reunião nas copulas do PSD e do PP?
Que o seu partido é Portugal. Há candidatos estrangeiros? Que será candidato de todos os portugueses. Os outros também!
Que é um referencial de equilíbrio e estabilidade. E que o é privilegiadamente por inacção! Que age com honestidade, rectidão, seriedade e respeito pela palavra dada. Conhecem-se atitudes contrárias nos outros candidatos?!
Que, a partir de ontem é candidato sem deixar de ser Presidente. Não se duvida! E vai lembra-nos disso todos os dias!
Parece que Cavaco “sente” que tem um dever para com os portugueses, “esse dever chama-se futuro”. Evidente, no passado e no presente já demonstrou como exerce (ou não) esse dever! Falta “cumprir-se” o futuro e é este que está agora à sua frente.
Pois….