quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Velhos, Jovens e Novos Políticos - Precisam-se!

O problema da política, sabemo-lo, é estar cheia de políticos!
Desde a criação da Democracia, na Grécia Antiga, ser político não é profissão, é um serviço público. Ora, a próxima competição eleitoral vai constituir uma espécie de “laboratório político”. O politólogo Carlos Jalali no livro "Partidos e Democracia em Portugal – 1974/2005" discorda do politólogo Pedro Magalhães que diz que os portugueses são democratas, descontentes e desafectos.
Porquê?
Os pensamentos extrapolados por ambos não chegam para afastar a ideia de que há três tipos de políticos: Os eminentes políticos; Os eminentes técnicos; E os traíras (sinónimo de Judas).
São os últimos que detém o maior poder. Explico porquê. Os primeiros, traiem acordos, porque se julgam eminentes políticos; os segundos, traem a razão, porque pensam que a "preparação" e a experiência" lhes chega para resolver os problemas dos seus liderados; Sobram os traíras, que se mantém no equilíbrio precário acordo/conveniência. Traiem para não serem devorados pelos dois primeiros, nem engolido pelo político nem escorraçado pelo técnico.
Compreende-se porque Mega Ferreira disse: "Se queres ser político faz-te de morto".
Alguns dos jornais internacionais afirmam ironicamente que as "Qualidades essenciais para presidir à Comissão Europeia estarão asseguradas", porque Durão Barroso continua a ser o político mais irrelevante e inofensivo da Europa.
Consta que existe uma condição para ser político. E que é inerente aos que têm a capacidade de defender qualquer ideia, tal como o seu contrário com a mesma convicção.
Há vidas atrás, acalentei a ideia, e, na altura era quase um sonho, de "seguir" a política. Trabalhei com um homem maravilhoso, Luis Madureira, primeiro como sua assessora, enquanto Secretário de Estado da Administração Interna, e depois como sua adjunta, enquanto Secretário-Geral da Assembleia da República. Digo-o sem bajular, porque infelizmente, Deus chamou-o para si, e digo-o com a certeza possível porque era um homem que acreditava na sua existência e dignificava a espécie humana. Tinha, pois, o espírito de missão, do serviço público.
Trabalhei em várias instituições e jamais, a não ser muito recentemente, voltei a ver a mostra (genuína, claro!) de um homem como este! Vi homens-ratos, homens-toupeiras, homens-sabugos, homens-rãs! Mas não voltei a ver, senão há pouco, um homem com o carácter de missionário. E tive pena! Os poucos homens que vi que, pelo menos, pareciam sérios, eram ingénuos, diletantes, posicionavam-se como semi-deuses nas suas organizações, nada sabendo, nada governando, deixaram-se "governamentalizar"! São sérios, mas ineficientes, porque os homens-sabugos lhes sonegam o poder e lhes esvaziam as funções! Depois, para me maravilhar, conheci homens que revelavam o "golpe de asa" que, quando acresce ao tal espírito de missão, transforma alguém num animal político. Infelizmente, aquele homem com quem trabalhei, confesso e reconheço, não o tinha. Limitava-se a ser obediente, ordeiro, um homem do sistema, para o sistema, pelo sistema. Mas competente, na medida em que o deixavam ser!
Tenho pena que a política, ou melhor, a elite política estrangule quem tem rasgo, golpe de asa, mas compreendo que o faça. É pura sobrevivência! Que pena!! Que grandes políticos teriam estes homens conseguido ser! E, contudo, nunca o quiseram ser, ou nunca deixaram que o fizessem, afastam-nos do Poder Maior, obrigam-nos a ficar por posições intermediárias e menores, mantêm-nas em resguardo, acobertam-nos à sombra. Dão-lhes guarida na patamar da insignificância! Continuo a ter pena! Há gente com uma capacidade interiorizada de estar na política e há outros que acumulam com uma capacidade exterior de estar nela! Existem homens que seguiria até ao fim do mundo! Pena é que se tenham deixado perder pela forçada "deslocação" pela dita elite política, que tanto luta para manter o status quo da mediocridade, que se alimenta das manobras populistas, e, convenientemente servis, oportunistas dos seus pares! Preservam-se!
Uma ou outra esperança, ao fundo do túnel, mantém-me viva a ideia de que tudo é possível, de que a Democracia tem de ser possível, e de que outros novos grandes homens se hão-de revelar. Porventura, precisam de espaço, de alguém que lhes dê a mão, de uma equipa em que confiem a sua alma, e em que os ventos rumem a seu favor. Tenho esta como uma missão, talvez até uma aventura: saibamo-los descobrir, criar, potenciar, agigantar, criar trampolins de motivação, lançá-los na nossa salvação, envolvê-los na nossa demanda! Sejam esses novos homens velhos por revelar, jovens a incentivar, crianças por nascer! Porque urge a Esperança! Porque o País precisa desesperadamente deles!