quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A casa de banho do Manuel

A política tem o malfadado condão de reduzir a mais séria das conversas ao nível rasca da galhofa. Não que o façam deliberadamente os seus protagonistas, mas porque as artimanhas e expedientes a que alguns deles recorrem, não viriam à memória do comum dos mortais.
É o que acontece com "a casa de banho" de Dias Loureiro!
Tirando o peculiar e curioso pormenor de que, ao que se sabe, a descoberta da portinha da dita (qual Abre-te Sésamo, ficando na boa-fé de cada um julgar Ali-Bábá e o resto da rapaziada - 40 ladrões, ao que sabe!) se dever a um zeloso agente (um dos investigadores do caso BPN) cumpridor pontual das suas necessidades fisiológicas (que será louvado por ... competência? ou punido por ... excesso de zelo? - o tempo o dirá). Ou seja, descobriu-se por mera ... necessidade.!
De volta ao WC, imagine-se o nosso agente sentadinho do alto da sua retrete a olhar à volta, procurando uma revistita que o descontraísse, e vai daí dá com os olhos na maldita porta (coscovilhice pura!), pensa: esconder-se-á ali uma camâra video, erguer-se-á ali uma mini-biblioteca, guardará ali o proprietário os seus brinquedos sexuais, e, sem demais, toca a bisbilhotar propriedade alheia ... alerta senhores muitissimo bem pagos advogados do Manuel: esta busca é legal!? (de notar que a "portinha" equivale a um cofre e para efectuar uma busca a este tipo de lugares, os senhores investigadores teriam de estar munidos do respectivo mandato judicial autónomo!) - apelo para que "trabalhem" esta hipótese, não perdoem tal invasão de propriedade - trata-se de um direito constitucional, no âmbito dos direitos, liberdades e garantias, minha Nossa Senhora! - aonda vai isto parar? A um diário da ex, calculem! Haja contenção e limites nisto das procuras! Peça-se a anulação da busca! já! Ou prepare-se uma linha de defesa do género: o dossier era o resumo do monopólio versão familiar que, no período de noivado, ocupou as longas noites dos noivos e agora se destinava, consumado o casamento e ocupando estes aquelas com outros jogos, a uso higiénico. Quero acreditar nesta versão, é bonita, faz-me lembrar os filmes indianos do pós-25, em que os actores enamorados só ... cantavam. e eu achava que namorar era mesmo assim .... Mas, apesar das suas humildes raízes, nem mesmo em Aguiar da Beira se limpa o traseiro a informações "relevantes".
Manuel, és uma personagem de Hitchcock. Esqueceste-te do "Vertigo", da famosa frase “You shouldn’t keep souvenirs of a killing. You shouldn’t have been that sentimental.“. Meu caro, como foi que não se lembrou de acabar com tal vestígio?
Entradas secretas? Num WC, convenhamos! nem os bunkers de Hitler se muniram de tão impensável esconderijo! Diria eu que se fez assessorar de engenheiros muito competentes na arrumação logística da sua casinha! Mas devia ter-se prevenido e mandado tapar a dita, ou será que a lua-de-mel em Miami o deixou financeiramente de rastos (mas já o estava antes, não estava? então não é verdade que o senhor não tem nada em seu nome?, indago-me sobre quem terá sido a pessoa amiga que lhe financiou a viagemzinha, deixe-me adivinhar ... a sua ex ou os seus filhos!? isto há famílias unidas que dá gosto ver, sim senhor!)!
Ora, diz o Manuel, minimizando a descoberta dos papéis, que esta era apenas “uma parte esconsa do escritório”, - e nós acrescentamos: diga-nos então onde são as partes nobres do mesmo e imagino que por lá se descobrirá a identidade dos restantes 40 ladrões! Onde são elas Ali-Bábá?
Meu caro, nem casa do Damásio (a mais cara do país: €15M), ou a Quinta da Gramela (a 2ªa mais cara: €14M), possuem uma "porta-forte" semelhante! Está de parabéns. Querendo vender, esta "portinha" pode valer-lhe umas boas mais valias!
Voltando a engenheiros e a WC, quem não recorda a discussão Carmona/Carrilho sobre uma outra casa de banho, esta sita no Ministério da Cultura? Discutiam o Prof. Engº e o Filósofo a veracidade do custo - na altura muito falado - da própria.
Mal sabia o Engº que outro WC - este - se viria a tornar famoso - não pelo luxo dos materiais, mas pelas matérias de luxo! Documentos escondidinhos conexados com os negócios do BPN em Porto Rico e Marrocos (terá sido coincidência a lua-de-mel em Miami, oxalá que sim, Manuel, que era tão pouco romântico gastar tempo precioso a visitar locais de culto ou velhos amigos). Santo Deus, juramos que não! (Um Conselheiro de Estado jamais se lembraria de tal!) e ali se achou também (felizmente! que era tido por perdido pelo autor e tamanha era a sua dor que desatou em pranto quando o soube recuperado!) um livrinho com um "apanhado" da sua actividade empresarial). Bem dito São Judas! Padroeiro dos perdidos e achados!
Afinal ao Manuel, que não estava nos seus "Dias", mais vale fustigar-se com ramos de "Loureiro"!
É que falhou-lhe à memória o lema que dizia seu (Age quod agis ("faz bem o que fizeres"), pequenina frase escrita ditada num papel que seu tio-avô padre, lá em Aguiar da Beira, e, segundo ele, "uma das pessoas que mais o influenciou na vida", de que terá copiado o estilo "um pregador exímio", mas esquecido o bom recado!.
Muito mal pensado! Muito mal feito! Absolutamente condenável vindo da parte de um político experiente como o Manuel!
Em época tão crítica para o mercado da construção, assistiremos a uma chuva de pedidos de redecorações, recuperações, alterações nos WC? Que bom! Deu azo, afinal, o Manuel à recuperação da economia no sector. Mesmo na maior das desgraças gente positiva, como nós, consegue perceber alguma graça, em conclusão.