"Controlar as emoções ..." Tê-las, portanto. Confronto-me, mais vezes do que gostaria, com a inabilidade de alguns maçons, homens que são, em lidar com sentimentos e emoções. Talvez se gaste tempo a mais a falar em "ferramentas" e menos a falar no que essas mesmas "ferramentas" representam nas nossas vidas e do quanto que nos impelem ao trabalho da pedra, a todos os níveis, incluindo ao emocional. De nada serve apelarmos ao crescimento quando somos governados por uma certa "pequenez" de "sentimentos". Deixo aqui, pois, o meu sentimento. Os maçons são, tembém, emoções. Mas emoções "trabalhadas", "alquimizadas". Significa isto que a "tendencial perfeição" que buscamos se manifesta também na forma como nos comportamos na vida e, sobretudo, perante os outros. A este propósito, ocorre-me a história de Alexandre. Derrotou e pôs em fuga Persas, Hircanos, Indianos e todos os demais povos que, desde o Oriente, se espalharam até ao mar oceano; quando, porém, de uma vez, ordenou a morte de um amigo e de outra perdeu um segundo amigo, Alexandre perdia o controlo sobre as suas emoções. Deitava-se às escuras, lamentando-se, num caso, do crime cometido e, no outro, prostrando-se de saudades. O vencedor de tantos reis e de tantas nações deixava-se vencer pela ira ou pela amargura! E como não seria assim, se ele próprio julgava preferível conquistar o universo a dominar as suas paixões? [Alexander Persas quidem et Hyrcanos et Indos et quidquid gentium usque in oceanum extendit oriens vastabat fugabatque, sed ipse modo occiso amico, modo amisso, iacebat in tenebris, alias scelus, alias desiderium suum maerens, victor tot regum atque populorum irae tristitiaeque succumbens; id enim egerat ut omnia potius haberet in potestate quam adfectus.] (Séneca, Cartas a Lucílio XIX.113.29, Gulbenkian, Lisboa: 2009.) Ocorre-me sobre isto a citação biblica: "De que aproveita ao homem ganhar o mundo todo e deitar a perder a sua alma?" [Mc 8, 36]. Símbolos não alquimizados interiormente são ocos e vazios. Os maçons são "pedras vivas". Naturalmente, sentem como homens que são. A sua mestria, porém, suscita-lhes o tal "controlo". O seu comportamento de homens absolutamente íntegros ("justos e de bons costumes") não lhes permite vulgares posturas na sua vida civil, sob pena de deixar aos que os rodeiam, família, amigos, conhecidos e outros, uma imagem de falibilidade que a todos fragiliza. O que está em causa é uma postura de vida, ante a vida. Se se deixa acometer pela vulgaridade perde tudo a que se comprometeu quando abraçou a Causa Maior da sua Vida [a Maçonaria] e, nessa sua perda individual, perde a própria Maçonaria por não ter conseguido aquela façanha maior a que se propõe: a de mudar o Homem/Iniciado, para melhor. Alquimizar os símbolos conferindo-lhe vida própria, sentindo-os no coração e aceitando-os na alma é o desafio a que nos propusemos quando nos entregámos a esta Causa. Se é dificil suplantar emoções? Claro que é. Por isso é Obra digna de um Maçon. De nada valerá apregoar ferramentas quando não as apreendemos e quando as mesmas não produzem em nós o efeito transformador desejável. Homens Justos e Perfeitos! AM