domingo, 9 de outubro de 2011

"Quando a certeza nunca é total"! - referência à Justiça italiana

Estava a ler um artigo "Quando a certeza nunca é total" no THE GUARDIAN, LONDRES, sobre o caso de Amanda Knox e Raffaele Sollecito (gue ganharam o recurso no processo em que foram condenados pelo homicídio de Meredith Kercher, em 2007). Aponta um problema à justiça italiana "as certezas nunca serem totais e conclusivas. O que geralmente acontece é que fica sempre a porta toda aberta para que o caso seja levado à instância seguinte, primeiro, em recurso e, depois, em anulação, para o Supremo. Na ideia do público, neste momento, o resultado é muito simplesmente qualquer um." Ora, isto lembrou-me qualquer coisa! E depois de afirmar peremptoriamente que "Não há um único crime conhecido dos anos do pós-guerra que tenha convencido o país de que se tinha feito justiça: o homicídio do poeta e realizador de cinema, Pier Paolo Pasolini [1975], o acidente de Ustica [1980, 81 mortos], a explosão na estação de comboios de Bolonha [1980, 85 mostros], a explosão na Piazza Fontana [1969, 17 mortos], os crimes do Monstro de Florença [1968-1985, 16 mortos], o homicídio de Luigi Calabresi [1972], o "caso Cogne" [a morte de uma criança de 3 anos em casa, em 2002]… " Tobias Jones (o autor do artigo) conclui: "nenhum destes casos foi satisfatoriamente e convincentemente resolvido. Em vez disso, o país divide-se entre innocentisti e colpevolisti (os que acreditam na inocência, ou na culpa do acusado) e os debates incendiados sucedem-se durante décadas." "há razões mais prosaicas para que a justiça italiana dê a ideia de que nunca resolve nada. É uma questão de meritocracia: numa terra onde as nomeações resultam invariavelmente do nepotismo e não da competência, é inevitável que uma investigação tenha falhas e que um bom advogado seja capaz de as encontrar. Um julgamento justo quase nunca é possível porque não existe um júri (pelo menos no sentido em que o entendemos) e não existe qualquer sentido de segredo de justiça: as partes mais suculentas chegam sempre à imprensa muito antes do julgamento. A judiciária, ninguém duvida disso, carece desesperadamente de uma reforma." E, tirando a parte final da conclusão, especialmente dedicada a Silvio Berlusconi "A questão é que o homem mais desesperado com essa reforma – o primeiro ministro – coincidentemente, é também o homem mais desesperado para a evitar.", isto também me faz lembrar de alguma coisa!