A trajectória de uma carreira está ligada ao talento individual, ao voluntarismo, às ambições – a que chamo “trabalho direccionado” - à aptidão, ao carisma, à capacidade de liderança e de influência das pessoas.
Mas os projectos e os percursos das mulheres na carreira, sobretudo na política, obedecem a um enquadramento mais constrangedor e ferido, quando mal gerido, de um sentimento de culpa. Menos boas como mulheres, menos diligentes como mãos, medíocres amantes, tudo por causa suposta da carreira. E, muitas vezes, nem por isso tão boas quanto poderiam ser, na carreira, porque têm de ser, simultaneamente todas as outras coisas.
Existem factores explicativos. A cultura. Menores oportunidades de participação cívica. A falta de motivação para enfrentarem o domínio tradicionalmente masculino. A não consciencialização por parte do eleitorado da importância da igualdade de género, que tendencialmente “prefere” candidatos masculinos. E os “mecanismos de construção e de selecção das carreiras dentro dos partidos políticos” que inibem a entrada das mulheres na política.
Pois se pensam que este é um meu muro de lamentações, enganam-se. Nunca me senti preterida por ser mulher. Nem favorecida. Fui tratada em função do desempenho e do empenho. Se isso teve custos pessoais? Evidente. Como os têm para os homens. Só que enquanto, por regra, nós ficamos com o agregado familiar acrescido, eles, também por regra, ficam subtraídos à presença dos filhos. Para uns será uma bênção, para outros uma profunda pena.
Não sou um exemplo, mas sou uma prova. A de que ser mulher não pode ser mais um pretexto para não alcançar o sonho.
Aos quatro anos, perguntou uma vizinha à minha filha mais velha - A tua mãe não te dá irmãos? É mazinha, não é? Ela respondeu - Não, mas não é como tu: tem uma carreira! Anos mais tarde, aos dezoito anos, tornou-se encarregada de educação da irmã mais nova – na ausência do pai - e ambas explicavam: a minha mãe tem uma carreira!
Quando o sonho de um é partilhado pelo núcleo familiar e se conta com uma estrutura de apoio, nada impede uma mulher, como nada impede um homem, de atingir os seus objectivos profissionais.
Às vezes, sinto que fiquei aquém do que gostaria, como mãe, e ambas me dizem que fui a melhor mãe do mundo. Curiosamente, uma tem já uma carreira e a outra vai a caminho.
Nunca interferi nas suas opções e sabem que tanto admiro as mulheres que se dedicam à carreira de ser mães como as que escolhem qualquer outra carreira profissionalizante.
O que importa é que sejam felizes! Mas fico feliz que entendam que a minha carreira integra o meu conceito de felicidade! E, afinal, quando pensei que a carreira podia perturbar a minha relação com elas, foi a carreira que, também, fez parte do exemplo materno de mulher e cidadã.
A concluir, educar implica coração mas exige igualmente razão. O que eu chamo de “amar com objectividade”.
Mas os projectos e os percursos das mulheres na carreira, sobretudo na política, obedecem a um enquadramento mais constrangedor e ferido, quando mal gerido, de um sentimento de culpa. Menos boas como mulheres, menos diligentes como mãos, medíocres amantes, tudo por causa suposta da carreira. E, muitas vezes, nem por isso tão boas quanto poderiam ser, na carreira, porque têm de ser, simultaneamente todas as outras coisas.
Existem factores explicativos. A cultura. Menores oportunidades de participação cívica. A falta de motivação para enfrentarem o domínio tradicionalmente masculino. A não consciencialização por parte do eleitorado da importância da igualdade de género, que tendencialmente “prefere” candidatos masculinos. E os “mecanismos de construção e de selecção das carreiras dentro dos partidos políticos” que inibem a entrada das mulheres na política.
Pois se pensam que este é um meu muro de lamentações, enganam-se. Nunca me senti preterida por ser mulher. Nem favorecida. Fui tratada em função do desempenho e do empenho. Se isso teve custos pessoais? Evidente. Como os têm para os homens. Só que enquanto, por regra, nós ficamos com o agregado familiar acrescido, eles, também por regra, ficam subtraídos à presença dos filhos. Para uns será uma bênção, para outros uma profunda pena.
Não sou um exemplo, mas sou uma prova. A de que ser mulher não pode ser mais um pretexto para não alcançar o sonho.
Aos quatro anos, perguntou uma vizinha à minha filha mais velha - A tua mãe não te dá irmãos? É mazinha, não é? Ela respondeu - Não, mas não é como tu: tem uma carreira! Anos mais tarde, aos dezoito anos, tornou-se encarregada de educação da irmã mais nova – na ausência do pai - e ambas explicavam: a minha mãe tem uma carreira!
Quando o sonho de um é partilhado pelo núcleo familiar e se conta com uma estrutura de apoio, nada impede uma mulher, como nada impede um homem, de atingir os seus objectivos profissionais.
Às vezes, sinto que fiquei aquém do que gostaria, como mãe, e ambas me dizem que fui a melhor mãe do mundo. Curiosamente, uma tem já uma carreira e a outra vai a caminho.
Nunca interferi nas suas opções e sabem que tanto admiro as mulheres que se dedicam à carreira de ser mães como as que escolhem qualquer outra carreira profissionalizante.
O que importa é que sejam felizes! Mas fico feliz que entendam que a minha carreira integra o meu conceito de felicidade! E, afinal, quando pensei que a carreira podia perturbar a minha relação com elas, foi a carreira que, também, fez parte do exemplo materno de mulher e cidadã.
A concluir, educar implica coração mas exige igualmente razão. O que eu chamo de “amar com objectividade”.