sábado, 18 de setembro de 2010

NOVOS E VELHOS POLITICOS: OUTRAS (OU AS MESMAS) MANEIRAS DE FAZER POLÍTICA?

Não sou apologista de se nomearem septuagenários políticos para cargos públicos. Se já exerceram funções públicas, já auferiram as respectivas remunerações, e, por causa delas, não raras vezes, acumulam uma meia dúzia de pensões. Ora, para que servirá, num mundo feito de vertiginosas mudanças, confiar nos seus velhos saberes que nada têm a ver com estas?
Desde que pedi a exoneração do Tribunal de Contas, que me dedico à auditoria de contratos públicos, à fiscalização de obras públicas e à consultoria. Tenho, pois, o privilégio de, no caso das autarquias, assessorar presidentes da velha guarda e da mais recente flor. E, talvez, porque, finalmente, me posso dar ao luxo de escolher aqueles com quem trabalho e que considero escrupulosos zeladores do interesse público, queira fazer alguns comentários.
Primeiro, que tanto os que são dinossauros como os da nova leva depositam em homens da sua confiança o conhecimento do que é novo – como o Código dos Contratos Públicos – e fazem questão de cumprir. E falo dos que conheço, claro!
A esperança de vida alterou-se e hoje uma carreira nova pode começar aos cinquenta sem que nos acusem de “velhos do Restelo”. E, de facto, os políticos de nova geração, incluem, referindo-nos aos estrangeiros - Barack Obama, David Cameron, Hubertus Heil, Fredrik Reinfeldt e até Putin, todos na beira dos trinta e tais quarentas e tais.
Sabendo que a mesma água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte, e mantendo-see a ponte, têm de mudar as águas. Sem dúvida que urge uma nova geração de políticos, que sinta a política de forma diferente, e que a exerça de outra forma.
Urge a tolerância com outras opiniões, com outras candidaturas, numa ambiência de normalidade. Sem crispação, sem picardias, sem ajuste de contas, sem anormal instabilidade.
Em política deve-se apoiar-se aqueles cujas ideias comungam com as nossas e não atacar-se os outros apenas porque delas divergem.
O fracasso mais representativo apontado aos partidos é esquecerem os interesses locais, regionais, nacionais, e lembrarem-se apenas da meia dúzia de interesses (alguns próprios) que os seus militantes ou representantes protagoniza.
As redes sociais, como o facebook, demonstram bem isso. Vejo gente dizer mal dos outros sem apresentar uma alternativa ou ideia própria que seja. E isso só mostra que muitos fazem parte de uma espécie de clube de poetas mortos.
Aos políticos da nova geração exige-se que sejam mais globais, que tenham causas e velem e lutem por ideais. Foi o lema da “esperança do futuro” de Obama. Mais tecnocratas, sem dúvida, dai o slogan “I can”. Porventura, também estes viverão numa margem maior de risco. Mais à vontade com as tecnologias, mais internacionais, e com outras (mais) preocupações: alterações climáticas; imigração e as disparidades de identidade cultural.
Concluindo: precisam-se de novos políticos, sensibilizados para novas exigências sociais, e para as quais muitos políticos da velha guarda não têm sequer a capacidade de percepção adequada. Mas é um facto que vemos novos políticos com velhos vícios e alguns que até superam os velhos professores na má gestão da coisa pública: o que nos leva a uma outra conclusão: de que novos políticos precisamos e que velhos políticos dispensamos?
E o problema põe-se à esquerda e à direita!