segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Faleceu Ramos Rosa.

Faleceu hoje Ramos Rosa. 88 anos. aqui deixo um dos seus mais bonitos poemas. "Amo o teu túmido candor de astro a tua pura integridade delicada a tua permanente adolescência de segredo a tua fragilidade acesa sempre altiva Por ti eu sou a leve segurança de um peito que pulsa e canta a sua chama que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro ou à chuva das tuas pétalas de prata Se guardo algum tesouro não o prendo porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto que dure e flua nas tuas veias lentas e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva para que sintas a verde frescura de um pomar de brancas cortesias porque é por ti que vivo é por ti que nasço porque amo o ouro vivo do teu rosto." (António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto')

Na senda da alquimia interior ....

A alquimia é a ciência das transmutações.
Pernety definiu-a como a arte de trabalhar com a natureza sobre os corpos, com os olhos postos no aperfeiçoamento.
Ao longo dos tempos, os pesquisadores desenvolveram os seus estudos sobre dois pontos principais: A transmutação dos metais e a fabricação de um elixir de longa vida, que seria uma fonte de juventude e, ao mesmo tempo, uma medicina universal.
No seu estudo sobre a Grande Obra, Grillot de Givry descreve assim este ensino: “é uma alquimia transcendental, é a alquimia de si mesmo”.
Sendo a personalidade do homem infinitamente perfectível, a sua evolução não tem outro fim, senão o de processar a aproximação da Divindade, a de procurar a centelha divina perdida em cada homem. É necessário que aquele que anseia alcançar a realização de uma obra transcendente, se torne outro homem, que estude em si mesmo, as suas possibilidades, os defeitos da sua harmonia, de forma a que, ao destruí-los, os aproxime da harmonia soberana à qual se adapta. 
É quando este acordo se realiza de um modo absoluto, integral e completo que o homem terá acabado a sua evolução.
Para purificar o vil metal é preciso que acenda o atanor dos alquimistas, que submeta a matéria ao Fogo do Espírito, de forma a que esta se purifique, continuamente, pela lenta combustão das suas impurezas e das suas escórias.
A obra alquímica é sempre  progressiva, paulatina, lenta, e há-de ter lugar no laboratório interno da nossa personalidade, adentrando o nosso coração.
“Tu possuis – diz Grillot de Givry, dirigindo-se ao discípulo – tu possuis um tesouro imenso de forças ocultas que ignoras, forças consideráveis e invencíveis, depositadas em ti e que ultrapassam todas as forças corporais; aprende a servir-te, a fazê-las obedecer a tua vontade, a tornar-te absolutamente senhor”.
O ser purificado mais não procura que as forças vivas.
“Aprende, ao contrário, que tal poder não te será conferido senão por uma laboriosa e lenta cultura das forças psíquicas, subsistindo em ti em estado latente”.
“É preciso abstrair-te em uma vida superior, exaltando poderosamente a tua vontade. Eleva em torno de ti mesmo, como uma muralha que retém e emana de ti para as coisas sensíveis, encerra-te na cidadela hermética, de onde sairás, um dia, invulnerável”. 
E é este o verdadeiro ensinamento iniciático, o que se oculta nos receituários alquímicos, a procura secular e ancestral. 
Como se transmite? Primeiro, pelo desenvolvimento, em si, de todas as energias superiores, de modo a que estas substituam, pouco a pouco, os maus instintos, destruídos pela força de um combate interno e sem tréguas. Depois de assimiladas as forças superiores, o adepto poderá, por fim, irradiá-las para aqueles que pedem o seu auxílio, o socorro das maleitas do corpo e da alma.
E para nada mais serve o bem superior que, por fim, ante tamanha hérculea demanda, nos foi concedido.

sábado, 21 de setembro de 2013

Alquimia Transcendental - O Caminho do Iniciado


Segundo Bacon, Enxofre e Mercúrio são as primeiras e primordiais Naturezas da matéria. A terceira parte é o Sal, que deriva ou é formado das outras duas. Observa-se a simbologia do Triângulo nesse pensamento que não é original em Bacon. Todos os Alquimistas de todas as épocas referem-se à tríade Enxofre, Mercúrio e Sal como partícipes fundamentais da Obra. A própria Grande Obra (Operativa), em última instância, pretende provocar a interacção do Enxofre (fogo) com o Mercúrio (água), e a Transmutação Alquímica, a juízo dos Iniciados (Alquimistas), baseia-se nesta premissa. A contraparte da Alquimia Operativa é Alquimia Interior (Transcendental), que visa a purgação interna e simbólica dos metais inferiores, transmutando-os em puro ouro. Nesse processo Morre o homem e Nasce o Homem. Ao Iniciado interessa, exclusivamente, a realização da Alquimia Transcendental.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DAT ROSA MEL APIBUS - ou como a abelha e a colmeia laboram - uma perspectiva mística breve


“DAT ROSA MEL APIBUS” (A ROSA dá o Mel às Abelhas) proclama a divisa da Irmandade Rosa-Cruz. Uma rosa com sete pétalas, simbolizando, para além da sacralidade do número sete,  as doutrinas secretas e teosóficas de HP Blavatsky. A Rosa domina a cruz de espinhos, em alegoria clara ao signo de Vénus, revelando o triunfo do círculo solar sobre a cruz da matéria. O lema que espelha a forma como nos compete oferecer o conhecimento espiritual e o consolo às almas, dos quais as abelhas são um símbolo venerável.
"A cruz está ferida profusamente rodeada e rosas Quem colocou rosas na cruz? ... E a partir do meio brota uma vida santa dos raios tríplices de um único ponto." - Goethe, Die Geheimnisse (1784-1786)
Eis como, na alquimia, a rosa branca e vermelho são símbolos que ilustram o lunar e o solar, a partir do qual jorra o "precioso sangue cor de rosa" dos fluxos de Cristo-Lapis. E o Shehina, o brilho da sabedoria celestial na terra, retratado na imagem da rosa, e "a recolha de mel" representam a herança dos conhecimentos teosóficos. Eis, igualmente, a evocação da parábola do Cântico dos Cânticos: "Eu sou a rosa de Sharon e o lírio do campo". 
Só a Rosa já é, por si, um símbolo  complexo e ambivalente: a perfeição celestial e a paixão terrena, o tempo do infinito e a eternidade, a vida e a morte, a fertilidade e a virgindade. Podemos ver nela o lótus do Oriente. No simbolismo do coração, a rosa, colocada no centro da cruz, é o ponto de unidade, pelo que, a rosa branca e a rosa vermelha representam a união do fogo e da água, dos opostos, tal como é o quaternário dos elementos. Para os Rosacruzes, a Rosa-cruz é a Rosa Mística, sendo a rosa a luz divina do universo e a cruz uma alusão ao mundo temporal de dor e sacrifício. A rosa faz-se crescer na árvore da vida, em constante regeneração e ressurreição.  Remetendo-nos para a lenda do Graal, as invocações feitas ao coração divino de Jesus,  exaltado como "o templo em que habita a vida do mundo", também surgem representadas por uma rosa, ela mesma a fornalha do amor divino "sempre brilhando no fogo do Espírito Santo". 
A pureza procurada no Graal são as virtudes da vida que procuramos alcançar, entre labirintos e a "Palavra Perdida". 
Herberto Helder (Última Ciência, 1988) fala da sua arte de roseira: " Pratiquei a minha arte de roseira: a fria inclinação das rosas contra os dedos iluminava em baixo as palavras. Abri-as até dentro onde era negro o coração nas cápsulas. Das rosas fundas, da fundura nas palavras. Transfigurei-as. .... Uma frase, uma ferida, uma vida selada."
Ao comentar Provérbios 6:8 – Vá observar a abelha e aprenda como ela é “laboriosa”,” São Clemente de Alexandria acrescenta: “Pois a abelha se serve das flores de um prado inteiro, para com elas fabricar um só mel". "Imitai a prudência das abelhas“, recomenda Teolepto de Filadélfia, citando-as como exemplo na vida espiritual das comunidades monásticas. Um sacramentário gelasiano (do papa Gelásio I, 410-496) faz alusão às extraordinárias qualidades das abelhas que extraem o pólen das flores roçando-as apenas, sem lhes tirar o viço. Elas não dão à luz; mas graças ao trabalho dos seus “lábios” tornam-se mães; assim também o Cristo emana da boca do Pai e da Mãe Divinos. A ela se referem os autores da Idade Média, destacando Bernard de Clairvaux, em que a abelha simboliza o Espírito Santo. E assim chegamos a este símbolo maçónico antigo, raramente usado hoje, mas muito popular no século XIX, o da abelha e da colméia. 
O labirinto da rosa é como a teia da aranha que pode fazer com que a abelha se enrede nos perigos, como nós nos podemos perder ante as dificuldades e os desnortes da vida. E porque procuram as abelhas o Centro? Pelo mesmo motivo que um religioso procura Deus, porque Ele é o Centro e a Circunferência, o Um e o Todo. 
Aqui temos essencialmente o conceito de trabalho, em que a abelha simboliza a indústria e o trabalho, usando a colmeia, como uma estrutura construída (usando a Geometria Sagrada) com lógica e harmonia - um milagre de engenharia natural – da qual retira o bem mais precioso: o alimento espiritual do mel. Assim como a abelha é uma construtora, o maçom labora, por si, mas também contínua e organizadamente. 
Este símbolo maçónico aparece em antigos estandartes e aventais, e no grau de Mestre Maçom dos rituais mais antigos da Nossa Ordem, desde, pelo menos, o início do século XVIII [o catecismo maçónico irlandês datado de 1724 refere-se-lhe: “Uma abelha tem sido, em todas as épocas e nações, o grande hieróglifo da Maçonaria, pois supera todas as outras criaturas vivas na capacidade de criação e de aumentar a sua habitação. Construir parece ser da própria essência ou natureza da abelha”. A renovação dos rituais, a partir de 1813, ignora este símbolo, remetendo-o para o uso em Lojas de Pesquisa, com exceção da Maçonaria Americana, que manteve a sua importância no Ritual. As revisões dos ritos, quando feitas por quem não assimilou todo o seu significante, resulta no "símbolo perdido". Mas a actualidade dos tempos apela, insistentemente, à nossa qualidade de Obreiros na construção de colmeias de que jorre o alimento espiritual de que carecemos. Num tempo em que valores e princípios foram relegados para o esquecimento, lembremo-nos que, também nós, no nosso seio, nos tornámos preguiçosos no labor, e perdemos essa capacidade e necessidade de nos organizarmos para ser produtores vivos da Palavra e da Acção. Talvez tenha sido o apagamento da figura da Abelha-Rainha e o afastamento das mulheres no labor conjunto da Ordem que conviu a quem reviu os ritos. Porém, hoje, a Colmeia só jorrará mel se o trabalho for uno e concertado. Pensemos nisto.  
Dat Rosa Mel Apibus: "A rosa dá o mel das abelhas" depois de gravura de Johann Thedore Debry (m. 1598)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

"Já alguém se lembrou de perguntar aos mais de 900 mil desempregados no país do que lhes valeu a Constituição até hoje?" - Questões colocadas ao Pedro!

"Já alguém se lembrou de perguntar aos mais de 900 mil desempregados no país do que lhes valeu a Constituição até hoje?" 
"Pedro, por falar nesta tua frase, gostava de te deixar algumas questões:
Alguém se lembrou de perguntar a opinião de milhões de portugueses acerca da formação de centenas de especialistas não existentes para aeródromos ausentes, por conta dos amigos?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de eleitores o que achavam da carta de demissão de Victor Gaspar? 
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de eleitores o que pensavam da demissão irrevogavelmente gelatinosa de Paulo Portas? 
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses o que consideravam da trapalhada pestilenta dos esquemas SWAP dos amigos do Governo e de alguns governantes envolvidos? 
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses o que fariam com Maria Luis Albuquerque depois desta mentir descaradamente?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses se pretendiam pagar o resultado da imensa roubalheira do trupe laranja do BPN sem qualquer direito a uma transcrição amiga duma escuta ou relato de conversa suculenta entre politicos ainda no activo?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses se pretendiam salvar o BANIF disfarçando o frete aos teus amigos para o povo não se assustar com um possível BPN "parte 2"?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses qual a sua opinião sobre a privatização da TAP, da RTP, da EDP, dos CTT ou das Águas de Portugal?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses se queriam comprar tanques avariados ou submarinos com brinde e bónus?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de jovens ou seniores se queriam mesmo emigrar?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de jovens licenciados se se sentiam enganados pelo Estado que os estimulou a fazer formação e depois exterminou deliberadamente o mercado de trabalho que os deveria acolher?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de reformados que pagaram todas as obrigações fiscais durante a sua carreira contribuitiva se queriam ser "amputados" na prestação prometida pela Estado?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de pensionistas se ficavam ofendidos caso o Estado fosse mesmo uma "pessoa mentirosa" e "de má-fé"?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de cidadãos se ficavam chocados caso alterassem as regras para pedido de reforma antecipada e anunciassem isso depois de fecharem os balcões onde se poderiam dirigir para a solicitar?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de eleitores que votaram ao longo dos anos num tal de Partido Social Democrata se não achavam que essa designação era publicidade colossalmente enganosa?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de contribuintes se concordavam em tapar o colossal buraco das burlas e fraudes nas contas laranjas do Governo Regional da Madeira?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de contribuintes se queriam sofrer um dos maiores aumentos de carga fiscal do planeta?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de utilizadores do SNS se o queriam extinguir ou reduzir a um sistema de fraca qualidade e mais caro para o utilizador que os serviços privados geridos pelos amigos do teu Governo?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses qual a sua opinião sobre o retalhamento do território nacional a régua e esquadro de acordo com uma carta de interesses de amigos, mecenas ou patronos do teu Governo?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses o que pensavam da venda do BPN em condições absurdamente lesivas para o Estado, a preço de saldo?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de residentes em território nacional se os tribunais das suas regiões ou localidades podiam encerrar sem alternativa próxima?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses se subscreviam ataques ou intimidações a juizes do Tribunal Constitucional?
Alguém se lembrou de perguntar a dezenas de milhares de professores e ao Mário Nogueira se concordam com o destino que lhes impuseste?
Alguém se lembrou de perguntar a milhões de portugueses se querem aguentar durante mais tempo a tua receita funesta de ruína para o presente e destruição para o futuro?!!?" (blog Câmara dos Comuns)