A alquimia é a ciência das transmutações.
Pernety definiu-a como a arte de trabalhar com a natureza sobre os corpos, com os olhos postos no aperfeiçoamento.
Ao longo dos tempos, os pesquisadores desenvolveram os seus estudos sobre dois pontos principais: A transmutação dos metais e a fabricação de um elixir de longa vida, que seria uma fonte de juventude e, ao mesmo tempo, uma medicina universal.
No seu estudo sobre a Grande Obra, Grillot de Givry descreve assim este ensino: “é uma alquimia transcendental, é a alquimia de si mesmo”.
Sendo a personalidade do homem infinitamente perfectível, a sua evolução não tem outro fim, senão o de processar a aproximação da Divindade, a de procurar a centelha divina perdida em cada homem. É necessário que aquele que anseia alcançar a realização de uma obra transcendente, se torne outro homem, que estude em si mesmo, as suas possibilidades, os defeitos da sua harmonia, de forma a que, ao destruí-los, os aproxime da harmonia soberana à qual se adapta.
É quando este acordo se realiza de um modo absoluto, integral e completo que o homem terá acabado a sua evolução.
Para purificar o vil metal é preciso que acenda o atanor dos alquimistas, que submeta a matéria ao Fogo do Espírito, de forma a que esta se purifique, continuamente, pela lenta combustão das suas impurezas e das suas escórias.
A obra alquímica é sempre progressiva, paulatina, lenta, e há-de ter lugar no laboratório interno da nossa personalidade, adentrando o nosso coração.
“Tu possuis – diz Grillot de Givry, dirigindo-se ao discípulo – tu possuis um tesouro imenso de forças ocultas que ignoras, forças consideráveis e invencíveis, depositadas em ti e que ultrapassam todas as forças corporais; aprende a servir-te, a fazê-las obedecer a tua vontade, a tornar-te absolutamente senhor”.
O ser purificado mais não procura que as forças vivas.
“Aprende, ao contrário, que tal poder não te será conferido senão por uma laboriosa e lenta cultura das forças psíquicas, subsistindo em ti em estado latente”.
“É preciso abstrair-te em uma vida superior, exaltando poderosamente a tua vontade. Eleva em torno de ti mesmo, como uma muralha que retém e emana de ti para as coisas sensíveis, encerra-te na cidadela hermética, de onde sairás, um dia, invulnerável”.
E é este o verdadeiro ensinamento iniciático, o que se oculta nos receituários alquímicos, a procura secular e ancestral.
Como se transmite? Primeiro, pelo desenvolvimento, em si, de todas as energias superiores, de modo a que estas substituam, pouco a pouco, os maus instintos, destruídos pela força de um combate interno e sem tréguas. Depois de assimiladas as forças superiores, o adepto poderá, por fim, irradiá-las para aqueles que pedem o seu auxílio, o socorro das maleitas do corpo e da alma.
E para nada mais serve o bem superior que, por fim, ante tamanha hérculea demanda, nos foi concedido.