sexta-feira, 7 de junho de 2013

o mistério de maria madalena


Maria Magdalena – O mistério de Maria Madalena, a Sophia Gnóstica. Maria Madalena chamava-se, em hebraico, «Mariamne». No início do Cristianismo, quando se falava de «Maria», era de «Maria Magdalena», e não de «Maria mãe de Jesus», que se falava. Muitas correntes do pensamento cristão, (nomeadamente os gnósticos), defendiam que havia um papel de líder espiritual na herança religiosa que Jesus deixara no mundo e que este pertencia a Maria Magdalena e não a Pedro. 

Vários são os exemplos históricos do reconhecimento deste apóstolo de Jesus. 
Hipólito, Bispo de Roma ( 170-235 d.C), afirmou que «Maria Madalena é o apostolo dos apóstolos». Santo Agostinho, afirmou que «os apóstolos receberam das mulheres o anúncio do evangelho». Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena «(…) Ela foi anuncia-lo aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorosos. Quando ouviram que ele estava vivo, (…) não quiseram acreditar.» (Marcos 16,9-11)
Muito se tem debatido sobre se Maria Madalena seria a companheira, ou melhor, discute-se que espécie de companheira, de Jesus. Está escrito no Evangelho de João: «Maria virou-se e viu Jesus de pé (…) então Jesus disse: «Maria». Ela virou-se e exclamou em hebraico:«Rabuni!» (…) Jesus disse: «Não me segures, porque ainda não voltei para o meu pai. Mas vai e dizer aos meus irmãos (….) Então, Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos:«Eu vi o Senhor». E contou o que Jesus tinha dito. (João 20,14-18) 
Jesus diz a Maria: «Não me segures», que em hebraico significa «não me toques», ou «Não me abraces». De que forma abraçaria Maria a Jesus? Maria «abraça», (ou tenta abraçar) Jesus; alguns historiadores defendem, que nos tempos de Jesus, na sociedade e cultura hebraicas do tempo de então, uma mulher apenas tocaria, ou abraçaria, o seu próprio marido, pois nunca lhe seria permitido tocar noutro homem senão o seu companheiro.
As mais recentes descobertas de textos apócrifos ocorridas no Mar Morto, em Qumran e Nag Hamadi, deram a conhecer, com muito acerto histórico, quase todas as correntes de pensamento gnóstico dos primeiros séculos do cristianismo. Nesses textos, é-nos revelado uma Maria Madalena companheira de Jesus. Jesus e Maria eram tratados como um casal, o par que incorporou a essência do masculino e do feminino, um dueto celestial que incorpora o próprio conceito da criação. Jesus foi visto como um ser humano dentro do qual habitava um espírito celestial superior, (o de Cristo), e Maria Madalena foi tida também como um ser humano no qual habitava um outro ser celestial, a Sophia, ou a sabedoria. No texto Pitis Sophia, Jesus assim disse sobre Maria Madalena: «Maria, tu procuras a verdade (…) e, com o teu zelo, levas luz a tudo.» V, 10-13. Isto mostra como Maria é um espírito sedento de sabedoria, e que procurando a sabedoria, encontraria a salvação e a luz. O ideal dos cristãos gnósticos na sua mais fundamental essência. Nestes textos, Maria queixa-se frequentemente de Pedro, dizendo a Jesus que Pedro detesta a «raça feminina», o que nos leva a questionar porque foram as mulheres silenciadas pelo movimento apostólico de Pedro. Nas crenças gnósticas, Maria Madalena não foi apenas uma mulher: ela foi a companheira de Jesus, a encarnação de uma essência espiritual, ( tal como Jesus), e ela foi a mulher que teve acesso directo, (através de Jesus), à sabedoria, (a gnose), e que, por isso, evoluiu de forma mais privilegiada para a iluminação. 
Qual será o segredo de Maria Madalena? Aquele que a historia atirou para o esquecimento, mas que os manuscritos gnósticos agora descobertos vieram trazer novamente à luz do dia?!

Iniciação e alquimia

"Tome um crisol de ourives, passe-lhe gordura na parte interna e deite-lhe o nosso remédio, segundo a proporção requerida, tudo a fogo lento; e quando o mercúrio começar a fumegar, jogue o remédio encerrado em cera virgem ou em papel, pegue um carvão grande, aceso, especialmente preparado para este fim, e ponha-o no fundo do cadinho, deixando cozer em fogo violento; e quando tudo estiver liquefeito jogue em um tubo engordurado. Eis que assim terás Ouro e Prata finíssimos, segundo o fermento que tiveres empregado." (Tratado de Santo Tomaz de Aquino sobre a Arte da Alquimia, dedicado a frei Reginaldo (atribuído)).
A Tábua de Esmeralda conteria, segundo a tradição lendária, em Alexandria, em poucas frases criptografadas, incompreensíveis para os não-iniciados, os principais preceitos alquímicos, tendo-se tornado o compêndio da sabedoria hermética: "É verdadeiro, completo, claro e certo. O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é igual ao que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa. Ao mesmo tempo, as coisas foram e vieram do Um, desse modo as coisas nasceram dessa coisa única por adopção. O Sol é o pai, a Lua a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua ama; o Telesma do mundo está aqui. Seu poder não tem limites na Terra. Separarás a Terra do Fogo, o sutil do espesso, docemente, com grande indústria. Sobe da Terra para o céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores. Deste modo obterás a glória do mundo e as trevas se afastarão. É a força de toda força, pois vencerá a coisa sutil e penetrará na coisa espessa. Assim o mundo foi criado. Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas. Por esta razão fui chamado de Hermes Trimegisto, pois possuo as três partes da filosofia universal. O que eu disse da Obra Solar é completo."
No século XIV, devastada pela peste, por revoltas, invasões, guerras e distúrbios de diferentes naturezas, a Europa em crise, revalorizando o mundo antigo e suas tradições, deixou-se invadir por uma onda crescente de estudos alquímicos. Contra essa onda posicionou-se firmemente a Igreja Católica, reagindo não apenas à alquimia como um campo fértil para todo tipo de charlatanismo e impostura, alvo de oportunistas estimulados pela ambição, mas, sobretudo, ao grande interesse manifestado pelos segmentos mais esclarecidos, inclusive do próprio clero, o que provocava a sua inquietação. Dominicanos e franciscanos publicaram vários decretos, entre 1273 e 1323, proibindo estudos e práticas alquímicas, confirmados em 1317 por uma nova interdição lançada pelo Papa João XXII. 
Este clima de proibição e de perseguição, somado à crença de que ensinamentos elevados e conhecimentos mágicos, caso fossem divulgados, se vulgarizariam e, assim, perderiam toda a sua força, intensificou a instituição do segredo, mantido sob forte juramento: "Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pelas trevas. Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água. Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do Tártaro. Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anubis, pelo rugido do dragão Kerkoruburus e pelo latido do Cão de três tetas, Cérbero, guardião do Inferno. Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas."
Na alquimia, o fogo tortura a matéria, e desse sofrimento, que chega à morte, o metal sai regenerado. Simbolicamente, o mesmo ocorre na morte iniciática, da qual se ressuscita para um estado de conhecimento/sabedoria. O mito retoma, portanto, a associação alquímica entre ritual e sacrifício cruento, assumindo a premissa de que não há criação sem sacrifício prévio, presente na maior parte das religiões. Podemos constatar, em diferentes culturas, os «sacrifícios de criação», assentes na crença de que a transferência de uma vida é necessária para a criação de algo novo. Tal como o êxito da obra metalúrgica exige a fusão/morte do metal, o sacrifício de uma vida humana é necessário para a transmutação espiritual. A morte iniciática conduz no caso à iluminação, à integração plena do ser ao Cosmos. E, com a Iniciação, ainda tudo começa ....

quarta-feira, 5 de junho de 2013

DOIS ANOS DE desAPONTAMENTO

Efeméride esta tristonha! Passados dois anos depois da tomada do poder, via urnas, tudo democraticamente legitimado, feito O Salvador, Passos Coelho chegou. O protesto, que a memória vai falhando a muitos, foi a austeridade excessiva do PEC IV.
Portugueses e Governo, na histórica demanda do sonho: Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente, noivados e casados, e com o divórcio à espreita, é tempo de avaliação.
Passos Coelho, um pouco como um santo casamenteiro, prometeu tudo a todos e falhou em tudo, com todos.
Para os primeiros três meses do ano: revisão em baixa em 0,1 pontos. O PIB caiu 4%, em termos homólogos, ao que dizem por causa da redução da procura interna. A Comissão Europeia esperava uma queda da economia de apenas 0,1% no primeiro trimestre de 2013, face ao último trimestre de 2012, e de 3,7% face ao período homólogo.
Agravamento da taxa de desemprego, apontada para cerca de 13% acabou em quase 19%.
250 000 novos emigrantes, entre juniores e seniores altamente qualificados.
Portugal fechou o ano de 2010 com um crescimento económico de 1,9% do Produto Interno Bruto, apontando-se os gastos excessivos da parte do setor público como a causa principal. Em 2012 a recessão atingiu os 3,2%. Em 2013, a recessão vai manter-se e deverá atingir pelo menos 2,3%.
Em 2010, apontava-se para uma taxa de desemprego nos 10,8%, em média anual, e 11,1% no último trimestre do ano. Entre os jovens (dos 15 aos 24 anos) a taxa de desemprego era já de 22,4%.  A taxa de desemprego em média anual ficou nos 15,7% em 2012, chegando, no quarto trimestre, a  novos máximos históricos chegando aos 16,9%, ficando-se o desemprego jovem pelos 37,7%. A previsão feita no início do programa apontava para uma taxa de desemprego na ordem dos 13%, já vai nos 18,5% de taxa média anual e num pico de quase 19%, este ano, em termos trimestrais. No primeiro trimestre deste ano, deu-se um agravamento da taxa trimestral para os 17,7%, enquanto o desemprego jovem subiu para os 42,1%. Ou seja, cerca de 300 000 desempregados.
Em 2010, o défice orçamental terminou o ano nos 8,8% do PIB. Em 2012, o resultado confirmado pelo Eurostat na primeira notificação do ano enviada a Bruxelas ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos foi de 6,4%.  Para 2013 a meta acordada com a 'troika' foi de 5,5%, mas aguarda-se já que a meta resvale para 6,4% do PIB.
Em 2010, o rácio de dívida pública, de acordo com os critérios de Maastricht, fechou o ano nos 93,5%.  Em 2012, a dívida pública atingiu os 123,7% do PIB, mais 30,2 pontos percentuais do PIB em apenas dois anos!  Para 2013, o Governo começou por apontar para um valor da dívida pública na ordem dos 122,4%, mas a OCDE aponta já para mais de 127%.
Em 2010 o défice externo atingiu os 8,4% do PIB. Em 2012, o saldo externo fechou o ano com um saldo positivo da soma da balança corrente e de capital de 1.313 milhões de euros.
Desde que Portugal fez o pedido de ajuda à 'troika' de credores externos, o financiamento da banca à economia entrou em contracção, com uma queda de mais 20 mil milhões de euros nos empréstimos às empresas e famílias para 237.682 milhões de euros entre abril de 2011 e Março de 2013. Os empréstimos às empresas caíram de 11.825 milhões de euros para 105.236 milhões de euros. E o crédito aos particulares reduziu-se em 9.547 milhões de euros nestes quase dois anos, tendo-se fixado em Março nos 132.446 milhões de euros.
Passos Coelho prometeu tudo a todos e falhou em tudo, com todos.
Se há alternativa?! Nas urnas, talvez. Mas será uma alternativa credível? Quem acredita nos novos casamentos à direita e à esquerda? Está certa a insatisfação de ambos os eleitorados?
O Governo fez saber que um chumbo do Tribunal Constitucional ao Orçamento do Estado para 2013, tornaria o País ingovernável. Ou já seria ingovernável antes dele! Já Júlio César dizia que “nos confins da Ibéria vive um povo que nem se governava nem deixava governar” e nada sabia sobre as querelas entre um e outro. E, longe (ou não) vai o tempo em que Eça dizia “Ordinariamente, todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia, e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"
E aqui estamos nós, no ano da Graça de Nosso Senhor de 2013, constatando a razão destes homens, e a insensatez de um Povo.

Falta cumprir Portugal!