Efeméride esta tristonha!
Passados dois anos depois da tomada do poder, via urnas, tudo democraticamente
legitimado, feito O Salvador, Passos Coelho chegou. O protesto, que a memória
vai falhando a muitos, foi a austeridade excessiva do PEC IV.
Portugueses e Governo, na
histórica demanda do sonho: Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente, noivados e
casados, e com o divórcio à espreita, é tempo de avaliação.
Passos
Coelho, um pouco como um santo casamenteiro, prometeu tudo a todos e falhou em
tudo, com todos.
Para
os primeiros três meses do ano: revisão em baixa em 0,1 pontos. O PIB caiu 4%,
em termos homólogos, ao que dizem por causa da redução da procura interna. A Comissão
Europeia esperava uma queda da economia de apenas 0,1% no primeiro trimestre de
2013, face ao último trimestre de 2012, e de 3,7% face ao período homólogo.
Agravamento da taxa de
desemprego, apontada para cerca de 13% acabou em quase 19%.
250 000 novos emigrantes,
entre juniores e seniores altamente qualificados.
Portugal fechou o ano de
2010 com um crescimento económico de 1,9% do Produto Interno Bruto, apontando-se
os gastos excessivos da parte do setor público como a causa principal. Em 2012
a recessão atingiu os 3,2%. Em 2013, a recessão vai manter-se e deverá atingir
pelo menos 2,3%.
Em 2010, apontava-se para
uma taxa de desemprego nos 10,8%, em média anual, e 11,1% no último trimestre
do ano. Entre os jovens (dos 15 aos 24 anos) a taxa de desemprego era já de
22,4%. A taxa de desemprego em média
anual ficou nos 15,7% em 2012, chegando, no quarto trimestre, a novos máximos históricos chegando aos 16,9%,
ficando-se o desemprego jovem pelos 37,7%. A previsão feita no início do
programa apontava para uma taxa de desemprego na ordem dos 13%, já vai nos 18,5%
de taxa média anual e num pico de quase 19%, este ano, em termos trimestrais.
No primeiro trimestre deste ano, deu-se um agravamento da taxa trimestral para
os 17,7%, enquanto o desemprego jovem subiu para os 42,1%. Ou seja, cerca de
300 000 desempregados.
Em 2010, o défice
orçamental terminou o ano nos 8,8% do PIB. Em 2012, o resultado confirmado pelo
Eurostat na primeira notificação do ano enviada a Bruxelas ao abrigo do
Procedimento dos Défices Excessivos foi de 6,4%. Para 2013 a meta acordada com a 'troika' foi de
5,5%, mas aguarda-se já que a meta resvale para 6,4% do PIB.
Em 2010, o rácio de dívida
pública, de acordo com os critérios de Maastricht, fechou o ano nos 93,5%. Em 2012, a dívida pública atingiu os 123,7%
do PIB, mais 30,2 pontos percentuais do PIB em apenas dois anos! Para 2013, o Governo começou por apontar para
um valor da dívida pública na ordem dos 122,4%, mas a OCDE aponta já para mais
de 127%.
Em 2010 o défice externo
atingiu os 8,4% do PIB. Em 2012, o saldo externo fechou o ano com um saldo
positivo da soma da balança corrente e de capital de 1.313 milhões de euros.
Desde que Portugal fez o
pedido de ajuda à 'troika' de credores externos, o financiamento da banca à
economia entrou em contracção, com uma queda de mais 20 mil milhões de euros
nos empréstimos às empresas e famílias para 237.682 milhões de euros entre
abril de 2011 e Março de 2013. Os empréstimos às empresas caíram de 11.825
milhões de euros para 105.236 milhões de euros. E o crédito aos particulares
reduziu-se em 9.547 milhões de euros nestes quase dois anos, tendo-se fixado em
Março nos 132.446 milhões de euros.
Passos
Coelho prometeu tudo a todos e falhou em tudo, com todos.
Se
há alternativa?! Nas urnas, talvez. Mas será uma alternativa credível? Quem
acredita nos novos casamentos à direita e à esquerda? Está certa a insatisfação
de ambos os eleitorados?
O Governo
fez saber que um chumbo do Tribunal Constitucional ao Orçamento do Estado para
2013, tornaria o País ingovernável. Ou já seria ingovernável antes dele! Já Júlio César dizia que “nos confins da
Ibéria vive um povo que nem se governava nem deixava governar” e nada sabia
sobre as querelas entre um e outro. E, longe (ou não) vai o tempo em que Eça
dizia “Ordinariamente, todos os ministros são inteligentes, escrevem
bem, discursam com cortesia, e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são
excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade,
nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista.
É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos.
Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País
governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e
corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a
sua independência?"
E aqui estamos nós, no ano
da Graça de Nosso Senhor de 2013, constatando a razão destes homens, e a
insensatez de um Povo.
Falta cumprir Portugal!