Ana Drago afirma claramente o que todos sabemos. "Nestes três anos, o PS foi titubeante e fraco." E questiona as políticas do PS. Para além de admitir ter “alguma dificuldade em perceber o que vai ser” o partido rosa.
A afirmação patética de Seguro de que, voluntariamente, se teria anulado em abono de uma falsa podridão que acompanha toda a sua liderança frouxa no PS, é bem demonstrativa da sua incapacidade para gerar outra coisa que não se limite a jogos de bastidores e intrigas de faca e alguidar. Foi assim que chegou ao poder e é assim que insiste em lá se aguentar. Rodeado de um conjunto de inaptos estrategicamente colocados para acenarem as cabeças na hora e no sentido certos, Seguro espelha aquela esquerda arrogante, debilitada, desgarrada da realidade, feita de acomodados e avençados.dependentes. Não há no grupo segurista quem lhe reveja qualquer qualidade de liderança. Seguro é o "coitado", o "coitadinho", burro que carrega trouxa pesada demais feita das pedras que ele próprio escolheu e que, fora da faca, do alguidar e da alcova, não tem nada para dar ao partido nem ao País. Tudo o que havia de mau no Rato, como há nos demais antros de poder, Seguro aproveitou, maximizou, deu carta branca. As sanguessugas que lhe cobriam a pele e chuparam o sangue são já, na sua grande maioria, os mais fieis e visiveis apoiantes de Costa. O Titanic do Rato afunda mas afunda com (a falta de) norte que foi a opção do comandante incapaz que, dado como temporário, dado como o homem do "desenrasca" até Costa se decidir, fez mais estragos no partido do que todos os lideres juntos desde a sua criação. Ao invés de ser o Criador, ele anunciou-se como o anjo da morte, segregando, ostracizando, semeando ódios, recolhendo troféus [e são tantas as cabeças de socialistas de alma que lhe enfeitam o mandato!], cabia-lhe, profetizaram muitos, o papel de lebre a "segurar" as pontas até Costa se decidir. Mas os custos internos foram elevados demais. Seguro tem o toque de midas ao contrário, transformando almas patéticas em bestas e ideias absurdas em bostas. Se era esse o papel que lhe estava pré-destinado? Admite-se que sim. Seguro espelha tudo o que de pior o PS tem e o resultado só podia ser este: um partido que se quer ver livre da lebre que lhe deu tanto jeito para encenar três anos de inércia. Seguro reza o credo e muito terá de pedir perdão, pelas acções e pelas omissões. Mas para que o Titanic do Rato não afunde ainda mais resta-lhe sair airosamente: desarmado, desestruturado, desolado. O PS demorará a curar-se das feridas. Seguro colocou socialistas contra socialistas. Dividiu o partido. Cindiu caciques. Se serviu para alguma coisa? Para "aguentar" o barco quando havia que queimar alguém até o timoneiro esperado se assumir! Resta-lhe sair. Não tem já condições para sair em ombros! Uma larga maioria do partido só quer vê-lo pelas costas. Seguro é a prova viva de um partido que não cumpriu o seu papel de oposição. Fez oposição, sim. Dentro do partido. Que saia. E estou convencida que ou a matilha lhe dá cobertura para se atrever pelo portão da frente ou sairá desajeitado, com aquele ar desajeitado (que ou uma boa medicação disfarçou na aparição deste último fim de semana ou a tal dupla personalidade revelou a tempo) ou lhe resta a porta dos fundos. Inevitável é que saia. A sua presença nos corredores é tão triste quanto isto! Seguro é, hoje, um sem abrigo, no Rato, capeado por uma corja de aburguesados a quem distribuiu burgos mais ou menos recompensadores e que, até ao último tilintar de moedas, se manterá ao seu lado. Redistribuidos os burgos, nada mais resta que um período de três anos na história de um partido que se orgulhava de ser a rosa e que hoje, a ser ainda algo comparativamente floral, não é mais nada que um cacto. Acreditando que há cactos que dão flor. Mas serão já outras rosas. É hora da poda. Que só assim novas rosas salvarão o morto roseiral. O que sucede ao anjo da morte? Como se acomodará o seu exército e se realojará no novo mapa de Costa? Distribuem-se-lhe cargos e favores? Compra-se a sua reunificação? E os socialistas de alma e coração que foram expulsos por ousarem a lucidez e contrariar os impulsos suicidas de Seguro? Continuam à margem de um partido que sempre tiveram como o seu? Quantos partidos socialistas restam neste PS desmembrado? Muitos? Nenhum? Todo o caminho da esquerda alternativa passa pelo futuro PS que venha a sair destas lutas intestinais. O PS não tem condições para ser, no momento, uma alternativa credível à governação, mas continua a exigir-se-lhe que seja o que não foi até agora: uma útil, séria, competente oposição. Somos todos observadores. AM